A Arábia não tem tradição no automobilismo, mas os sauditas já tiveram algumas participações importantes na F1. Mansour Ojjeh, já falecido, era sócio da McLaren, e foi com o dinheiro árabe no final dos anos 70 que Frank Williams saiu da penumbra para fazer de sua equipe uma das mais importantes da história da categoria. O lendário fundador da equipe que leva o seu sobrenome faleceu no último domingo aos 79 anos, já bastante debilitado por consequências do acidente automobilístico que sofreu em 1986, quando voltava para Londres depois de um teste da Williams, na França.
Até onde o físico e a saúde permitiram, Frank comandou com bravura a Williams, vencedor de sete campeonatos de Pilotos e 9 de Construtores, 114 vitórias, 128 pole positions e 313 pódios. Conheceu os dois lados da moeda, saiu da lama para o topo, e entre altos e baixos escreveu uma linda história de amor pelo automobilismo. Certamente será muito homenageado neste fim de semana de Grande Prêmio, penúltima etapa do Mundial, em Jeddah. Onde?
Jeddah(!), agora é a vez da Arábia Saudita, o 34º país diferente a receber uma corrida de F1 num momento decisivo que pode até decidir o título a favor de Max Verstappen, caso some 18 pontos a mais que Lewis Hamilton.
O circuito urbano de Jeddah, montado às margens do Mar Vermelho, possui o segundo traçado mais extenso do campeonato, com 6.175 metros, apenas 829 metros mais curto que Spa-Francorchamps, na Bélgica. Embora seja bastante seletivo, com 27 curvas, 16 para a esquerda e 11 para a direita, as médias horárias são absurdas, devendo chegar a 252,8 km/h, abaixo apenas de Monza na Itália, sem áreas de escape e cercado por 3.300 placas de concreto. E as velocidades máximas devem atingir os 322 km/h, segundo dados de simulação.
Num momento em que Mercedes e Red Bull trabalham no limite extremo do que é permitido pelo regulamento em busca de milésimos de segundo, principalmente em relação às asas traseiras, importante peça para o equilíbrio e sustentação dos carros na pista, a principal torcida é para que tudo corra bem num traçado aparentemente perigoso por suas próprias características. “Não há espaço para erros”, disse Verstappen.
Depois do GP da Arábia, vai faltar apenas o GP de Abu Dhabi, já no final de semana seguinte. A vantagem técnica do momento é da Mercedes, que vem de duas vitórias consecutivas de Lewis Hamilton, que guardou o motor novo que usou somente em Interlagos para fazer as duas últimas corridas do ano. Mas Verstappen tem a seu favor 8 pontos de vantagem (351,5 a 343,5) e a chance de poder liquidar o campeonato amanhã dependendo da combinação de resultados.
Se vencer e fizer a volta mais rápida, Verstappen será campeão se Hamilton terminar em 6º. Sem a volta mais rápida, terá que torcer para o inglês terminar em 7º. Se terminar em 2º e com a melhor volta da prova, Verstappen assegura o título se Hamilton for 10º, ou não pontuar, caso o holandês não faça a volta mais rápida. Qualquer outro resultado leva a decisão para Abu Dhabi.
Das 20 provas disputadas, apenas em Mônaco foi produzido o resultado que daria o título para Verstappen, quando venceu a prova e Hamilton terminou em 7º.
A programação do GP da Arábia Saudita será noturna. A classificação de hoje começa às 20h local - 14h pelo horário de Brasília -, e amanhã a largada acontece às 20h30 de Jeddah, 14h30 pelo horário do Brasília.