POLEPOSITION

Diretor de prova pisou feio na bola

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 19-12-2021 17:36 | 900
Michael Masi não estava preparado para cargo tão importante e de responsabilidade na F1
Michael Masi não estava preparado para cargo tão importante e de responsabilidade na F1 Foto: F1

Max Verstappen é o novo campeão Mundial da F1. Um título merecido, da mesma forma que seria merecido para Lewis Hamilton caso tivesse conquistado o octacampeonato. Ambos tornaram este um dos melhores campeonatos de todos os tempos.

Mas hoje não vou escrever sobre Verstappen ou Hamilton. Houve um terceiro nome que sem nenhuma pretensão, interferiu no resultado do campeonato por absoluta insegurança e falta de experiência. Falo de Michael Masi, diretor de prova da F1.

Esse australiano de 42 anos que há dois não vai ao seu país ver a família por falta de condições em ter que cumprir os protocolos sanitários da covid-19 com a agenda apertada do calendário de 22 corridas em meio à pandemia, deu inúmeros sinais de fragilidade em gerir um dos cargos mais importantes na F1, senão o mais, dado tamanho da responsabilidade como o de diretor de corridas.

Masi assumiu o cargo antes da hora, é verdade. Ele vinha sendo preparado para substituir o então delegado técnico da FIA e diretor de prova, Charlie Whiting, que morreu subitamente às vésperas da abertura da temporada de 2019 quando já estava em Melbourne para o GP da Austrália. Era uma pessoa respeitada por todos os pilotos, muito seguro de suas decisões. Um profissional experiente e conhecedor das regras da F1 e que faz muita falta, principalmente num campeonato como o deste ano.

Michael Masi se perdeu no turbilhão de acontecimentos. Faltou pulso para tomar decisões sem pender para nenhum dos lados quando pressionado. Uma semana antes, em Jeddah, ele escancarou suas fragilidades com decisões estranhas. Negociou a devolução de posição de Verstappen, deu bandeira vermelha logo no começo da corrida para que a barreira de pneus fosse consertada após a batida de Mick Schumacher quando o ideal era manter o Safety Car na pista. Tal atitude quase arruinou com a corrida de Hamilton que havia acabado de trocar os pneus, e beneficiado Verstappen que arriscou ficar na pista, e com a paralisação pode colocar pneus novos e se manter na liderança. A sequência das manobras de Verstappen X Hamilton culminaram com várias outras decisões equivocadas. Mas, domingo passado, em Abu Dhabi, Masi pisou feio na bola.

Logo na primeira volta entendeu que Hamilton não precisava devolver a posição para Verstappen ao contornar a curva 7 fora do traçado e voltar em primeiro. Mas há seis voltas do final da corrida, quando Nicholas Latifi bateu com a Williams no muro, um acidente que mudaria os rumos da corrida e do campeonato, Masi deu tiro para todos os lados. Primeiro avisou que os retardatários não seriam remanejados para o fim do pelotão como manda o regulamento. Depois voltou atrás e liberou apenas os cinco que estavam entre Hamilton e Verstappen a irem para o fim da fila. E autorizou a relargada sem que todos os retardatários (novamente como manda a regra) recuperassem a volta de atraso.

A alegação era de que não havia tempo hábil para que os oito retardatários fossem para o fim da fila. E tal atitude não só prejudicou a Mercedes, como interferiu no resultado da corrida e consequentemente na decisão do campeonato.

Naquele momento, para evitar maiores problemas, o correto seria Masi paralisar a corrida com bandeira vermelha como ele já havia feito no Azerbaijão, quando Verstappen bateu a cinco voltas da bandeirada.

Ações do diretor de prova a parte, 2021 foi um dos anos mais fantásticos da história da F1, e um campeonato tão empolgante não poderia terminar sem a última pitada de emoção, com a disputa entre Verstappen e Hamilton que se estendeu até a última volta da última corrida. Mas Michael Masi poderia ter dormido tranquilo e sem o barulho na cabeça se tivesse tido uma postura igual à que certamente Charlie Whiting teria tomado.