POLEPOSITION

Boas expectativas para a Ferrari

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 22-01-2022 21:30 | 756
Evolução da Ferrari começou pela significativa melhora nos pit stops
Evolução da Ferrari começou pela significativa melhora nos pit stops Foto: Motorsport Images

Muito se falou de Mercedes e Red Bull no ano passado, e pouco sobre a Ferrari que ofuscada pela eletrizante disputa entre Max Verstappen e Lewis Hamilton, venceu uma acirrada disputa pelo terceiro lugar no Mundial de Construtores contra a McLaren.

O saldo foi altamente positivo para quem vinha da pior temporada dos últimos 40 anos com o péssimo desempenho de 2020. A Ferrari foi pega fora do regulamento em 2019 e as conseqüências refletiram no medíocre campeonato do ano seguinte quando terminou em 6º lugar com apenas 131 pontos.

De 2020 para 2021 a Ferrari somou 192,5 pontos a mais. Fechou a temporada com 323,5 pontos, melhorou a média de pontos por corrida de 7,7 para 14,7 de um ano para o outro. Houve apenas um abandono no ano passado contra seis em 2020. A dupla de pilotos trabalhou em harmonia. Foram cinco pódios, 4 de Sainz e um de Leclerc, que por outro lado conquistou as duas pole positions da equipe no campeonato. Faltou uma vitória para que a evolução fosse coroada com êxito; aliás, pelo segundo ano consecutivo a Ferrari ficou sem vencer uma corrida, algo que não acontecia desde as temporadas de 1992/93. Mas é um bom presságio para o campeonato desse ano que começa no dia 20 de março, no Bahrein. 

O objetivo de terminar em 3º e reduzir a distância para as duas primeiras colocadas foi alcançado. De fato, a Ferrari diminuiu a vantagem da Mercedes em classificações de 1,34s em 2020 para 0,64s no ano passado.

A evolução começou pelos pit stops. Em 2020 apenas 48% das trocas de pneus da Ferrari foram feitas abaixo da casa dos 3 segundos. No ano passado a equipe conquistou também a terceira colocação no campeonato de pit stops, levado muito a sério por todos os mecânicos da F1, com 73% das operações realizadas na casa dos 2 segundos. O tempo médio dos pit stops da Ferrari baixou de 2,72s para 2,55s.

“Fizemos um grande programa para tentar reverter as coisas tanto no carro quanto nos treinamentos e metodologia que estamos usando”, disse o diretor esportivo, Laurent Mikies. Curiosamente, a arrancada da Ferrari em busca do 3º lugar entre os construtores aconteceu quando o departamento técnico da equipe já havia abandonado o desenvolvimento do modelo SF21 de Charles Leclerc, e Carlos Sainz Jr, para se concentrar no revolucionário projeto do carro de 2022 que passa por uma das maiores transformações desde 1983.

A aposta da Ferrari para voltar a lutar por vitórias e títulos, ou na pior das hipóteses poder lutar em igualdade de condições contra Mercedes e Red Bull, está no novo regulamento em que todos os projetistas tiveram que partir de uma página em branco de computador para desenhar os novos carros deste ano, em que não há um só parafuso dos modelos usados na temporada passada que possa ser reaproveitado, tamanha mudança que foi imposta pela Federação Internacional de Automobilismo visando diminuir o grau de dificuldade de se ultrapassar na F1. Um dos grandes problemas enfrentados pelos pilotos há anos é a turbulência proveniente do ‘ar sujo’ do carro da frente, que dificultava a aproximação de quem vem atrás para tentar ultrapassar.

E a história mostra que sempre que houve uma mudança radical de regulamento, a relação de forças na maioria das vezes mudou de mãos. Foi na mudança de regulamento de 2014 que a Mercedes passou a dominar a F1 e ainda que pese a derrota de Lewis Hamilton para Max Verstappen da Red Bull, o time alemão conquistou o 8º título consecutivo de construtores, um recorde.

Apesar de o corpo técnico da Ferrari não dispor de nenhum projetista renomado como Mercedes e Red Bull possuem, as chances agora são iguais para todos. E não se pode negar que uma Ferrari forte aumenta muito os interesses pela F1 no mundo todo.