POLEPOSITION

Estranho, esquisito e agora chefe de equipe

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 30-01-2022 08:26 | 1153
Kimi Raikkonen disse não entender por  que se tornou tão querido pelos fãs da F1
Kimi Raikkonen disse não entender por que se tornou tão querido pelos fãs da F1 Foto: F1

Kimi Raikkonen deu adeus à F1 no final da temporada passada, em Abu Dhabi, aos 42 anos. Deixou a categoria com o recorde de participações com 350 GPs disputados desde a estreia pela Sauber em 2001. Venceu 21 corridas, fez 18 poles positions, 46 voltas mais rápidas, 103 pódios e o título de campeão de 2007.

Mas mais que os números, Kimi se tornou uma espécie de mito da F1. Um sujeito tão estranho pelas suas atitudes quanto adorado pelo público por conta delas próprias. Em entrevista ao site da revista inglesa Autosport, Kimi disse que não entende porque alcançou tanta popularidade entre os fãs da categoria e atribui ao fato de ele próprio considera-se “consistentemente estranho ou esquisito”!

O finlandês é honesto ao falar de sua personalidade, que se sente feliz por ter sido ele próprio o tempo todo, “Você até pode fazer o que as pessoas pedem, ou ser o que elas querem que você seja por um tempo, mas acho muito mais difícil ser outra pessoa”.

Raikkonen disse não se lembrar de algumas de suas passagens que viraram memes e viralizaram pela internet, como a mensagem “deixe-me em paz”, no rádio para o seu engenheiro quando caminhava para a vitória no GP de Abu Dhabi de 2012 pela Lotus.

Mas dentre tantas (e não foram poucas em 19 anos de F1), a imagem mais engraçada que guardo de Raikkonen é emblemática. Um dilúvio desabou sobre o Circuito de Kuala Lumpur e paralisou o GP da Malásia de 2009. Seria uma chuva passageira, mas a prova acabou encerrada depois de 31 das 56 voltas programadas porque não haveria luz natural para o complemento. Mas até que uma decisão oficial fosse tomada pela direção de prova, todos os pilotos permaneceram dentro de seus carros, exceto Raikkonen, flagrado nos boxes da Ferrari já à paisana, sem macacão e tomando um picolé(!) enquanto todos os colegas de profissão aguardavam dentro do cockpit de seus respectivos carros debaixo de forte chuva.

Mas teve também momento comovente como o encontro com o garotinho vestido à caráter como torcedor da Ferrari que foi às lágrimas quando o ídolo bateu e ficou fora do GP da Espanha logo na largada da edição de 2017. Alguém da Ferrari teve a genial ideia de mandar buscar aquela criança e sua mãe nas arquibancadas para um encontro com Kimi que o presenteou com um boné autografado, e do choro o garotinho foi uma alegria só desfilando pelo paddock com o presente que ganhara.

Casado, pai de duas lindas crianças, o “Homem de Gelo” não vai sair de cena, ele acaba de anunciar que será chefe de equipe de fábrica da Kawasaki Racing Team no MXGP, o mais alto nível do MotoCross mundial, sua outra paixão.

A passagem de Raikkonen pela F1 começou um tanto duvidosa quando Peter Sauber o contratou para correr em sua equipe aos 21 anos. Na época era bastante jovem, mas nada se compara, por exemplo, com os 17 anos que Max Verstappen tinha quando estreou em 2015. O problema era que Kimi tinha experiência quase zero nas categorias de base. Tudo que havia participado era de 23 corridas na F-Renault Européia e só recebeu a superlicença, uma espécie de carteira de motorista dos pilotos de F1, com um ‘asterisco’ da Federação Internacional de Automobilismo depois de muita insistência de Peter Sauber de que seu pupilo era capaz de guiar um F1.

Sauber estava certo. No ano seguinte Kimi já estava na McLaren e em 2007 sagrou-se campeão pela Ferrari.