POLEPOSITION

A Vez das moedas virtuais

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 27-02-2022 08:33 | 878
A Red Bull fechou o maior acordo já feito no esporte mundial com empresas de criptomoedas
A Red Bull fechou o maior acordo já feito no esporte mundial com empresas de criptomoedas Foto: F1

De tempos em tempos muda o segmento de novos patrocinadores na F1. No passado a indústria tabagista teve grande importância no crescimento, evolução e desenvolvimento tecnológico graças aos bilhões de dólares que por décadas despejou a rodo na categoria. Com a proibição da propaganda de cigarros, vieram outras plataformas de investimentos como as instituições financeiras, informática e tecnologia, e agora chegou a vez das criptomoedas.

A Red Bull fechou um acordo de US$50 milhões por ano com a Bybit, com sede em Cingapura até o final de 2024. É o maior acordo já feito até agora com empresas do ramo de moedas virtuais no esporte internacional. Em novembro do ano passado a empresa fundada em 2018 tornou-se a principal patrocinadora da seleção argentina de futebol. Trata-se de uma empresa que opera no ramo de fornecer aos seus investidores o direito de comprar ou vender criptomoedas a um determinado preço em data futura.

Com o fim da parceria com a Honda, a Red Bull terá agora que pagar pelos motores da fornecedora japonesa que desistiu de deixar a F1 e continuará apenas como fornecedora de motores para a equipe austríaca e a co-irmã, Alpha Tauri. E para cobrir os gastos que eram bancados pelos japoneses, o time comandado por Christian Horner e Helmut Marko teve que sair em busca novos patrocinadores e já havia fechado acordo de US$100 milhões por ano com a Oracle, gigante do ramo de tecnologia, e agora com a Bybit. A Red Bull tem planos de construir seu próprio motor a partir de 2026 quando uma nova regra de motores entrará em vigor na F1. Uma nova divisão denominada ‘Red Bull Powertrains’ está sendo montada e foi um dos motivos que levou a equipe a lutar no ano passado para que o desenvolvimento dos atuais motores fossem congelados até o final de 2025 para que a Red Bull pudesse se concentrar na fabricação e desenvolvimento de seu próprio produto.

O acordo da Red Bull, embora o maior de todos, não é o primeiro na F1 com empresas de criptomoedas. A própria equipe austríaca já havia fechado um acordo com a FuturoCoin em 2019. Foi o primeiro patrocínio do segmento na categoria. Depois vieram outros. Em maio do ano passado a Alpha Tauri fez um acordo de patrocínio com a Fantom; em setembro a Mercedes assinou com a FXT, a McLaren com a Bitci.com, a Alpine com a Binance, a Ferrari com a Velas Network, com sede na Suíça.

Acostumadas a trabalhar com orçamentos de cerca de US$400 milhões por ano, Red Bull, Mercedes e Ferrari são as equipes que mais têm sentido o impacto do teto orçamentário de US$145 milhões no ano passado e que caiu para US$140 milhões esse ano, e será reduzido para US$135 milhões nos próximos anos. A medida é uma tentativa da F1 em reduzir a distância que existe entre as equipes com maior poder aquisitivo das do meio e do fundo do pelotão. E os novos patrocínios da Red Bull lhe assegura, livre, uma quantia anual maior que o atual teto orçamentário com o qual teve que desenvolver o carro do ano passado além de projetar, construir e desenvolver ao mesmo tempo o novo modelo RB18 que será conduzido pelo campeão Max Verstappen e o mexicano Sergio Pérez.

As equipes não são o único alvo das empresas de criptomoedas para usar a F1 como plataforma de marketing. O GP de Miami, novidade desse ano que estreia em maio no calendário da categoria, será patrocinado pela Crypto.com que também estampa sua marca nos carros da Aston Martin. 

E por falar em patrocínio, quem parece estar em maus lençóis é a Haas, que ontem, no último dia da primeira sessão de testes de pré-temporada, em Barcelona, retirou de seu carro as cores e o slogan da Uralkali, empresa russa do ramo de fertilizantes do pai de seu piloto, Nikita Mazepin, por conta dos ataques da Rússia contra a Ucrânia.