Competente, batalhadora, comunicativa, extrovertida, são muitas as qualidades que podem definir Maria Donizete Salles Soares da Silva, ou simplesmente Dani. Caçula dos cinco filhos dos saudosos Gumercindo Leocádio Salles e Durvalina de Amorim Salles, Dani cresceu ao lado dos irmãos no Morro do Níquel, lugar de grandes recordações. Foi lá que surgiu a Dani manicure, escolha profissional movida pela vocação. Mulher guerreira, ao lado do esposo Jeová, Dani conquistou muito além de uma família. Mãe de Talita e avó de Ana Elisa, ela constrói sua história com paciência, bom humor e trabalho, muito trabalho. Aos 60 anos bem vividos Dani compartilha sua trajetória de superação, luta e gratidão.
Dani, como foi crescer no Morro do Níquel?
Nasci em Itaú de Minas e aos dois anos de idade fui com minha família para o Morro do Níquel, onde meu pai trabalhava. Era uma vila bem familiar, a gente tinha muita amizade, o pessoal era muito unido, então foi uma infância bem legal! O que marcou foi que, aos cinco anos, após sair de um banho quente e contrariando o pedido da minha mãe, saí na chuva e tive uma paralisia que me deixou dois anos sem andar! Com muito tratamento e força de vontade voltei a andar, mas esta passagem foi muito marcante.
E como foi a mudança para São Sebastião do Paraíso?
Com 22 para 23 anos me casei com o Jeová e me mudei para Paraíso. Isso há 38 anos! Contando o tempo de namoro já são 43 anos juntos. Claro que, como todo casal, temos nossas brigui-nhas, mas ele é um companheiro maravilhoso! Depois meus pais também se mudaram para cá.
Desde muito jovem vo-cê começou a trabalhar como manicure, certo? Como foi o início?
Ainda no Morro do Níquel tinha uma manicure que ia fazer as unhas da minha mãe e eu dizia que também queria fazer. Mas minha mãe achava que eu era muito nova, tinha por volta dos 13 anos... Daí pedi um kit de manicure para meu pai e ele me deu! Comecei fazendo a unha das amigas, para aprender. Profissionalmente comecei aos 16 e cobrava dois reais, um real do pé e outro da mão! (risos) Nessa época não tinha manicure no Morro e fazia a unha de quase todas as mulheres de lá. Mesmo quando me mudei para Paraíso, continuei indo lá durante um ano, para atender as clientes. Até hoje faço a unha de uma delas, a Teresa do Orlando, que depois também mudou para Paraíso e se tornou minha comadre. Além dela, as mais antigas, clientes de mais de 30 anos, são a Rose Bulgari e a Gracia Barbosa. São amigas na verdade!
Além da profissão de manicure você já exerceu outras atividades?
Só manicure, a vida toda, com muito orgulho! Ajudei meu marido a construir nossa casa, criar nossa filha, tudo fruto desse trabalho!
Você é muito comunicativa e extrovertida. Acha que isso ajuda na sua atuação profissional?
Ajuda muito! A gente conversa bastante, se distrai... Sou manicure, psicóloga, terapeuta. (risos) Tudo que ouço eu guardo segredo. Eu escuto e elas confiam.
Você atuou durante muitos anos em um salão de beleza e atualmente atende em domicílio. Como você é recebida na casa das pessoas? As clientes costumam desabafar com você?
Sim, quando me mudei para Paraíso estava sem trabalhar e ouvi um anúncio no rádio que o Salão Realce estava precisando de manicure. Fui até lá, fiz um teste e já comecei a trabalhar. Foram 28 anos ao lado da Dione e da Imaculada! Me sinto muito bem na casa de cada cliente que vou. Me servem lanche, um café, uma fruta. A gente conversa, elas desabafam, ouço tudo com muita paciência, trocamos ideias e morre ali mesmo. Também já ajudei a arrumar cozinha, fiz mamadeira, às vezes lavo a louça do café para não estragarem a unha e eu precisar refazer... (risos)
Se pudesse escolher outra profissão, o que gostaria de exercer?
Acho que seria psicóloga mesmo! Só falta o diploma! (risos) Já me disseram que sou boa conselheira. Então, acho que daria certo.
Nos conte sobre a família que constituiu. O que eles representam pra você?
Como disse são 38 anos de casamento com o Jeová. Temos uma filha maravilhosa, a Talita e que, junto ao genro Rogério, que também é maravilhoso, nos deram nossa maior paixão, a netinha Ana Elisa. Eles moraram conosco por dois anos e nunca tivemos uma briga. Tenho uma sobrinha que também é como uma filha mais velha, a Annick. Me dou muito bem com todos os sobrinhos, são muito especiais pra mim!
Muita luta e também muitas conquistas nesta trajetória, certo? Se sente uma mulher realizada?
Sim, muito bem realizada! Familiar e profissionalmente. Todos estão bem e encaminhados e isto é uma grande realização.
Se você se visse frente a frente com Deus, o que gostaria de ouvir Dele?
Gostaria de ouvir Dele que tudo vai ficar bem. Pediria uma benção pra minha família, amigos e clientes. Ele que me ajudou a chegar aonde cheguei. Deus é tudo!
Dani, qual seu maior sonho?
Olha, materialmente acho que já conquistei tudo que queria. Temos nossa casa própria, conquistada com muito trabalho. Não preciso de muito... Agora, espiritualmente, peço que todos os meus se sintam realizados também, que conquistem seus sonhos.
Gostaria de deixar uma mensagem?
Sim, quero agradecer muito, em especial minhas clientes, sem exceção. Somos amigas acima de tudo e que possamos continuar assim até quando for possível. Gosto muito da minha profissão e pretendo continuar por muito tempo ainda. Acho que até os 80 eu consigo! (risos)