ELA por ELA

Luciana Silva

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 18-09-2022 07:35 | 4444
Luciana Silva
Luciana Silva Foto: Acervo pessoal

A arte do trabalho manual, ou artesanato, é uma das paixões de nossa entrevistada. Talentosa, comunicativa, espiritualizada e muito determinada, Luciana Silva é uma multiartista. Artista plástica e também artesã, Luciana domina como poucos a técnica do biscuit. A sensibilidade para as artes está presente em sua vida desde tenra idade e, hoje, Luciana procura se aperfeiçoar não apenas em seus dons artísticos, mas principalmente na busca de sua evolução espiritual nestes 57 anos de caminhada terrena.

Luciana, nos conte sobre suas origens. Sempre gostou de arte?
Sou paraisense, com muito orgulho! Sou a segunda dos sete filhos de Lázaro Antônio da Silva e Maria Aparecida Silva, ambos já falecidos. Meu pai trabalhava no matadouro e aprendeu a manipular o couro como ninguém! Pelo toque sabia o som que a peça de couro daria nas caixas de congo e fez muitos destes instrumentos. Minha mãe cuidava de casa e também fazia roupinhas de bebê para ajudar a renda. Sim, sempre gostei de arte! Na escola já gostava de desenhar e a professora dizia para minha mãe investir em mim, mas não tive oportunidade à época. Depois, já casada, comecei pintando panos de prato e não parei mais.

Por falar em professora, como foi seu tempo de escola?
Estudei na Escola Noraldino Lima e minha primeira professora foi a Maria das Graças Machado. E depois no Clóvis Salgado, minha professora de artes foi a Arlete Aloise e vendo minha aptidão me colocava para ajudá-la. Tirava excelentes notas, mas tive que sair pois me casei muito cedo e fui mãe muito nova.

E como o biscuit entrou na sua vida?
Então, casada e pintando panos de prato assisti ao programa Note & Anote com a Ana Maria Braga, à época na Record, e ensinaram a preparar a massa do biscuit. Achei aquilo mágico! Depois vi outras profissionais, fui me aperfeiçoando e não parei mais. Minhas filhas divulgavam e eu trabalhava em casa, pegava encomendas, até surgir a oportunidade de participar da feira dos artesãos que acontecia na Praça da Estação.

Há quanto tempo tem seu próprio ateliê e o que ele oferece aos clientes?
Trabalho com biscuit há mais de 30 anos. Anteriormente fazia bolos sob encomenda e tive oportunidade de trabalhar em grande supermercado com confeitaria, que também é uma arte. Tinha meu ateliê, mas a crise do governo e também a pandemia de covid-19 mataram os artesãos. Tive que voltar a trabalhar fora e logo surgiu a oportunidade na ACCa. Mas continuo conciliando o biscuit e faço os mais variados trabalhos.

Nos conte sobre este trabalho que você desenvolve na ACCa – Associação de Combate ao Câncer. Quais suas funções lá e como é trabalhar com este público?
É maravilhoso! E sofrido também, porque é doloroso vivenciar perdas. A equipe é maravilhosa! Psicóloga, assistente social, enfermeira, voluntários... Todos dão o sangue! Temos eventos, bingos e a sociedade ajuda muito. Eu auxilio no que for preciso, vendas, cozinha e no dia a dia sou responsável pelo bazar. Tem os que vão para comprar, rir, conversar... Oro todos os dias quando chego lá para iluminar a equipe.

O artesanato é um retrato da identidade de seu povo em qualquer parte do mundo. Como você o enxerga e como acha que ele é visto no Brasil?
Vou te falar pelo que eu passo. A pessoa chega na loja, vê nosso trabalho e quer pagar abaixo do nosso custo. É complicado demais. Quando é em grande quantidade ainda temos um retorno. Infelizmente é assim comigo e com todos.

Você faz parte de alguma associação de artesãos? Já participou de eventos como o Balaio Mineiro? Sente falta de mais iniciativas para o setor?

Quando comecei a participar da feira, eram seis barracas na Praça da Estação. Consegui levar os artesãos para a Praça da Matriz, onde melhorou muito. Fui uma das pioneiras do Balaio Mineiro, junto à Sirlene Arantes, Rosi Grilo... Ajudei a trazer grandes arte-sãos para nosso grupo como o Mutuca, artesão de bambu. Tivemos o apoio da Acissp na pessoa do Ailton Sillos, que foi conferir nosso trabalho a pedido dos comerciantes e viu que não éramos concorrentes, era tudo realmente artesanal. Nos capacitaram, ensinaram a colocar preço, curso de vendas... Viajamos bastante, Escarpas do Lago, Ribeirão Preto, sempre um sucesso! Éramos valorizados, ganhamos dinheiro, sinto muita falta!

Nos conte sobre a família que constituiu.
Me casei aos 16 anos e me tornei mãe muito jovem. Fiquei 26 anos casada. Tenho duas filhas maravilhosas! A Suellen tem uma academia de ginástica, é muito disciplinada e exigente com as alunas, E a Simone é enfermeira padrão em Campinas, também excelente profissional. Somos amigas, saímos pra dançar, sou da época da discoteca! (risos)

O que gosta de fazer nas horas vagas?
Amo dançar! A dança pra mim é dom, nunca tive aula. Danço todos os ritmos. Gosto de colocar um vestido bem bonito, rodado, salto alto, arrumo o cabelo, me maquio... É uma terapia, nunca vou deixar de dançar!

Você é uma mulher muito espiritualizada, certo?
Sim, frequentei diversas religiões e sempre busquei me espiritualizar. Já tive experiências marcantes, de quase morte, e mensagens de seres de luz. Chico Xavier pra mim foi o maior! Não tive a felicidade de conhecê-lo, mas espiritualmente sim! Hoje desenvolvo um trabalho de apometria e continuo a evolução.

E sobre o famoso chá da bruxa que você prepara? Qual sua indicação? Poderia compartilhar a receita?
O chá da bruxa eu aprendi com uma amiga da apometria, a Amanda. E depois fui dando meu toque pessoal. Gosto de ser útil através da espiritua-lidade. A receita é a seguinte: 1 maracujá grande com polpa e casca, meio abacaxi também com polpa e casca, 1 litro de água, cravo e canela em pau, gengibre e açúcar a gosto. Pode substituir uma das frutas por hibisco que também fica maravilhoso! Tem que ferver, ferver, ferver bastante, depois deixar amornar e ferver novamente. Cada vez sai de um jeito, mas a intenção é sempre a melhor, ajudar!

Luciana, qual seu maior sonho?
Ser uma artista de renome! Deixar marcas. Mas sei que na maioria das vezes o reconhecimento só vem quando partimos. Falo para minhas filhas, o legado ficará para elas. E sonho também em poder me dedicar só à arte, ter minha escola. Vai chegar esse dia!

Gostaria de deixar uma mensagem para nossos leitores?
Digo sempre: querer, poder e acreditar! Se não lutar pelo que acredita não chegará a lugar nenhum. Acredite no seu potencial!