Fernanda Leite de Azevedo é uma jovem estudante que, perseguindo um sonho, batalhou por buscar sua formação em outro país. Cursando Engenharia Química na prestigiada Sorbonne Université – Universidade de Paris, uma das mais tradicionais escolas do mundo, a futura engenheira possui sólidas raízes fincadas em São Sebastião do Paraíso. Filha de Jota Júnior José de Azevedo e Adriana Paula Leite, é pelo lado materno que Paraíso entra em sua árvore genealógica, sendo neta de Sebastião Leite e Francisca Leite (Nite). Aos 19 anos, Fernanda compartilha o início de sua formação profissional, suas primeiras impressões sobre “A Cidade Luz” e os planos para o futuro.
Fernanda, como foi sua infância? O que sonhava ser quando crescesse?
Nasci em Araxá e sou a caçula de três irmãos; Gabriel, Mariana e depois eu. Minha infância foi incrível! Acredito que, até agora, tenha sido uma das melhores fases da minha vida. Eu tinha muita energia para brincar e estava sempre alegre. Quando criança sonhava em ser muitas coisas, de cantora até cientista, mas uma coisa que respondia quando me faziam essa pergunta e em que acredito até hoje é que “quando eu crescer, quero ser feliz”, porque independentemente da profissão, o objetivo é a felicidade.
E como foi seu tempo escola? Algum professor em especial a marcou?
Os anos em que passei na escola foram muito especiais, principalmente quando mudei para o Colégio Santa Marcelina, onde me formei. Lá, tive a chance de aprender conteúdos e lições de vida com professores excepcionais, como o Átila e o Ed, ambos professores de Matemática e Clóvis e Manoel, que ensinavam a Química. Além deles, diversos outros professores marcaram minha jornada, tanto acadêmica quanto pessoal, me incentivando a acreditar em mim mesma e a buscar conhecimento.
Como se deu a escolha para cursar Engenharia Química?
Acredito que não tenha sido uma escolha, mas algo que veio naturalmente. Desde sempre gostei de Química, Física e Matemática, então já tinha uma diretriz da minha área de atuação. Em 2021, no terceiro ano do Ensino Médio, fiz uma orientação profissional mediada por uma psicóloga, que confirmou o meu interesse pela área. Então fiz um estudo das profissões possíveis e escolhi a Engenharia Química, que tem variados segmentos de atuação, incluindo a sustentabilidade, que é onde pretendo me especializar.
Você tem alguma inspiração na área em que pretende atuar?
A minha maior inspiração e motivação sempre foi e sempre será a minha família. Além deles, dentro da área da Química, a minha referência é a cientista Marie Curie, a primeira mulher a ganhar dois prêmios Nobel em áreas diferentes (Física e Química), além de ter sido, em 1906, a primeira professora mulher a dar aulas na Sorbonne Université, onde eu estudo atualmente.
Como tem sido essa experiência em terras francesas?
Minha família, principalmente a minha mãe, o meu avô e a minha tia Cláudia, sempre me mostraram diferentes culturas e isso me despertou o interesse em aprender novas línguas. Assim, no final de 2020, comecei a aprender o francês, idioma já falado pela minha mãe desde sua adolescência e aprendido durante sua formação em São Sebastião do Paraíso. Em seguida, surgiu a ideia de estudar no exterior e comecei a pesquisar sobre as universidades na Europa, e a que mais me chamou a atenção foi a França. A experiência tem sido ao mesmo tempo muito desafiadora e positiva, tendo em vista a necessidade de adaptação à língua, à cultura, ao clima e aos costumes. Apesar disso, a qualidade das faculdades e das aulas, os níveis de formação, a valorização e o apoio ao estudante no país, as oportunidades e experiências superam as dificuldades.
Que diferenças já notou em relação à Educação no Brasil e na França?
Uma grande diferença que notei são os estilos de aula e a abordagem de ensino. A minha linha de formação associa a química, a matemática, a física e a geografia. Isso acontece, porque temos dois tipos de aula; aquelas ministradas em francês, em grandes anfiteatros, que comportam cerca de 200 alunos e as aulas práticas, que ocorrem em pequenos grupos de 15 alunos, onde aplicamos nossos conhecimentos, através de exercícios e experiências. Além disso, faltas e atrasos não são tolerados, o que torna o ensino mais exigente e o aluno mais engajado.
Como foi o processo até ser aceita pela Sorbonne e que dica poderia compartilhar com quem tem o mesmo sonho?
Para estudar na França, acontece um processo mediado pela Campus France, instituição que liga os alunos estrangeiros às universidades francesas. Assim, eu pude escolher três faculdades para enviar a minha candidatura. Tive que apresentar um dossiê, contendo alguns documentos, como certificado de proficiência, currículo, carta de motivação e uma aprovação em alguma instituição de ensino superior brasileira. Além disso, passei por uma entrevista em francês e pelo Consulado da França, para obter o visto estudante. No início de 2022, fui aceita pelas três universidades. Para quem tem o mesmo sonho, uma dica é, primeiramente, acreditar em si mesmo e pensar em todas as oportunidades e experiências incríveis que estudar na França podem lhe trazer. Outra dica importante é estudar muito o idioma e torná-lo parte do seu dia a dia, com vídeos, músicas, podcast’s e leituras.
Pretende retornar ao Brasil após concluir seu curso ou tem intenção de continuar fora?
Ainda não tenho uma resposta concreta para essa pergunta, mas gostaria de, primeiramente, ter uma experiência profissional na Europa e depois, se possível, retornar para o Brasil e aplicar meus saberes no meu país de origem.
Como acha que sua futura profissão pode contribuir com o planeta?
Penso que a Engenharia Química pode contribuir com o planeta em diversos âmbitos, tal como já provado pela cientista Marie Curie ao estudar sobre a radiação, que possibilitou avanços na área da saúde e da tecnologia. Acho também, que uma grande contribuição ocorre na área de preservação do meio ambiente, ao pensar em processos produtivos menos poluentes e ao desenvolver materiais mais sustentáveis, por exemplo.
Tem conhecido muitos lugares? O que gosta de fazer nas horas de folga?
Paris é um lugar que tem muitas atividades culturais, artísticas e de lazer. A cidade tem uma rica arquitetura histórica, com muitos museus, monumentos, esculturas e parques muito bem preservados e planejados, o que torna os passeios ainda mais interessantes. Nas horas de folga procuro caminhar e explorar a cidade, buscando novas experiências e também conhecer novas pessoas.
Embora não seja nascida em Paraíso você tem raízes familiares aqui, certo? O que sente ao ouvir o nome de nossa cidade?
Ao ouvir o nome de “São Sebastião do Paraíso”, me vêm memórias afetivas e um enorme carinho. É nessa cidade onde eu e minha irmã passamos as nossas férias, onde fica o sítio do meu avô, onde se passaram as incríveis histórias de infância e de adolescência da minha mãe e da minha tia, onde eu encontro os melhores casadinhos e broinhas de fubá, além de ser também onde o meu irmão mais velho nasceu. É a minha cidade do coração!
Fernanda, qual seu maior sonho?
Atualmente, meu maior sonho é me formar e tornar-me uma referência na área da Engenharia Química. Outros sonhos são compartilhar experiências e lugares com a companhia da minha família e conhecer países como Andorra, Grécia, África do Sul e Japão.