ELA por ELA

Inês Corrêa

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 20-11-2022 11:30 | 3847
Inês Aparecida Pereira Corrêa
Inês Aparecida Pereira Corrêa Foto: Acervo Pessoal

Inês Aparecida Pereira Corrêa é natural da vizinha cidade de Jacuí. Sua jornada é permeada por diversas experiências adquiridas pelos lugares pelos quais passou. De vendedora a gestora em recursos humanos. De instrutora de autoescola (com direito a ensinar a conduzir carretas!) a artesã. Estudiosa, espiritualizada e muito consciente em relação a seu lugar no planeta, Inês faz um balanço de seus 57 anos sem abrir mão de grandes sonhos que certamente realizará.

Inês, como foram seus primeiros anos?
Sou filha de Francisco Pereira e Francelina Cândida Pereira. Sou a terceira de seis irmãos. Nasci na zona rural de Jacuí, no Sítio Ponte Alta. Ainda muito pequena nos mudamos para a cidade de Limeira. Quando eu estava com cinco anos retornamos a Jacuí e moramos na Fazenda Areias. E quando estava com sete anos nos mudamos para São Sebastião do Paraíso.

Qual a recordação mais marcante você guarda do seu tempo de escola?
Sempre fui muito estudiosa e sou até hoje. Do primeiro ao quarto ano estudei na Escola Estadual Comendadora Ana Cândida de Figueiredo. A professora Regina marcou bastante. A forma como ela ensinava e tratava os alunos era muito especial, era mais mãe que professora!

Sempre teve aptidão para trabalhos manuais? Exerceu outras atividades?
Isso começou no ginásio, na Escola Estadual Clóvis Salgado. A professora de Educação Artística, Edyna Maldi, nos ensinou muito! Ali aprendi a gostar de artes. Fazia tudo com muito esmero e percebi que gostava bastante de artesanato. Me casei aos 18 anos e me mudei para São Paulo. Lá trabalhei por seis anos e meio em uma metalúrgica, a Brosol. Comecei na produção e tive quatro promoções. Já era técnica em Contabilidade e depois me graduei em Gestão em RH. No controle de qualidade era muito atenta aos detalhes. Fiquei viúva ainda nova e fazia trabalhos em tricô, crochê e customização de sandálias para complementar a renda. E colocava os filhos para ajudar! De São Paulo nos mudamos para Franca e depois retornei a Paraíso. Aqui estava sem trabalho e sem saber o que fazer. Foi quando estava com minha irmã Maria Eunice no Supermercado Reis, que é do seu esposo. Um bombeiro, o Rivelino, morava na vizinhança e me indagando sobre o que eu iria fazer, me falou sobre o trabalho que seu cunhado atuava: instrutor de autoescola. Mal dirigia em São Paulo, tirei minha habilitação aos 32 anos e nem sabia fazer baliza direito. Pois resolvi encarar, fiz o primeiro curso e cheguei à categoria E. Ensinava a conduzir carretas! Mas meu preferido era o ônibus. Foram mais seis anos e meio nesse segmento. Também já trabalhei em lojas e desempenhei diversas outras atividades, não tenho problema com o trabalho. E futuramente quero ter a experiência de ensinar, dar aulas das técnicas que aprendi, tenho certeza que será muito bom!

O que é macramê? E como você começou nele?
O macramê é uma técnica que imaginavam ser milenar. Mas depois descobriram que é muito mais antiga. Os homens dos tempos das cavernas já a utilizavam. Trançavam fibras com as mãos e teciam redes para pendurar alimentos e os proteger dos animais. Depois ela foi se transformando em arte. Fiquei conhecendo o macramê através da minha filha, que adquiriu um suporte para vaso de plantas feito em macramê. Gostei e fui me informar melhor. Entrei na internet, pesquisei e comecei a trabalhar. Não tive dificuldades. Tem o macramê redondo e o quadrado. Faço os dois.

Quais as possibilidades que o macramê oferece? E como foi seu início já profissionalmente no artesanato?
O macramê oferece uma diversidade imensa: bijuterias, vestuário, decoração... O que a imaginação mandar! A primeira oportunidade que tive de mostrar meu trabalho foi através de um amigo, o Ricky. Ele me apresentou ao Caio, do Instituto Inclua. O espaço estava promovendo o Bazart, uma exposição do trabalho de diversos artesãos. Foi muito bom! Depois também tive a oportunidade de colocar meu trabalho em lugares muito bacanas! Por exemplo na loja de moda praia e fitness Vichara, da Tatiana. As cortinas dos provadores foram feitas por mim. Também na Eskina do Café, da Alcione, que se utiliza das minhas peças para decoração e também para venda.

No que você se inspira para criar suas peças?
No começo eu fazia um esboço da peça que pretendia confeccionar, mas hoje é muito mais intuitivo. Claro que se algum cliente vier com alguma ideia, um modelo, a gente se inspira, mas sempre sai com o toque e o estilo do artista. O cliente sempre terá uma peça única!

O que é necessário para criar uma peça diferenciada?
Exatamente isso que falei: seguir sua intuição! Cada artista tem a sua e eu me expresso muito através do macramê. Sou um pouco tímida, mas através das minhas peças me expresso da melhor forma e sempre coloco algo de bom para o cliente. Até palestrar eu consigo pelo que a arte me ajudou a desenvolver!

Onde encontrar seu trabalho? Já participou de feiras de artesanato?
Tenho uma parceria muito bacana com a Lívia e a Hellen, do Espaço Una, uma loja próxima à Praça de Santa Rita que recebe trabalhos de diversos artesãos, além de também ser brechó, indo de encontro a esse processo de dar atenção ao que consumimos. E também podem me encontrar através do meu Whatsapp: 35 99926-6413.

O que você gosta de fazer nas horas livres?
Gosto muito de dançar! Também leio muito e aprecio um bom filme. E a arte sempre presente. Já trabalhei também com decoupage, bijuterias, bordados e atualmente também desenvolvo um trabalho com as minhas mandalas! É muito bom, além de desenvolver o trabalho para o cliente, tem a questão da energia que é muito voltada para quem está desenvolvendo as mandalas. Também tenho mestrado em Reiki, cursos de cromoterapia e estou estudando sobre os cristais.

Você transparece ser muito espiritualizada. No que acha que pode colaborar com o planeta?
Hoje estou “nadando contra a maré”. Sou vegetariana caminhando para me tornar vegana. Não tinha essa consciência, nunca matei para comer, mas pagava para que o fizessem. É uma barreira muito grande! Nossa parte é fazer o que gostamos. Podemos tudo, temos que lutar para conquistar, mas com muita consciência. Todos somos capazes, mas temos sempre que perguntar o que desejamos para nossa vida. Fácil não é, mas espero um dia alcançar um objetivo que é ver um planeta melhor. Cuidar do nosso planeta. De que adianta buscarmos outros planetas se fomos destinados a esse? Temos um planeta maravilhoso e devemos lutar por ele!

Inês, você tem algum grande sonho a realizar?
A gente sempre tem sonhos. Quero ficar o mais próximo possível dos meus filhos, Vanessa e William e minhas netas, Bianca e Beatriz. Meu grande sonho, como mãe a e avó, é vê-los felizes e realizados, fazendo o que gostam. E claro, ter meu trabalho reconhecido, pois gosto demais do que faço! Me sentir ainda mais realizada através da minha arte será muito bom!