ELA por ELA

Simone Souza

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 27-11-2022 10:09 | 1276
Foto: Acervo Pessoal

Aos 39 anos a paraisense Simone de Souza é uma mulher incansável. Sua trajetória profissional começou na Enfermagem e, após uma guinada, atualmente seus cuidados com o próximo acontecem de modo diferente. Hoje profissional de Educação Física, Simone atua na prevenção física e mental em um espaço criado exclusivamente para mulheres. Na porta de entrada do Donabela Espaço Funcional lê-se os seguintes dizeres: "Bem-vinda! Respire fundo, sorria, agradeça, receba boas energias deste lugar. Deixe suas preocupações lá fora, você está em casa". Com uma equipe multidisciplinar composta por psicóloga, fisioterapeuta, nutricionista e esteticista, Simone propõe em seu espaço muito mais que atividade física. A mudança vem de dentro pra fora. Com muita energia e disponibilidade Simone, generosamente, compartilha um pouco sobre suas experiências e anseios.

Simone, você foi uma criança ativa? Sempre gostou de praticar esportes?
Sempre fui arteira! Muitos cortes, cicatrizes, tive fraturas também (risos). Tive uma infância muito ativa, morei na roça, sempre gostei do contato com a natureza. Gostava mais de brincadeiras lúdicas, nunca fui muito de praticar esportes com bola, tinha medo. E ginástica, dança, sempre gostei muito!

Você teve outra formação até decidir seguir na área da Educação Física. Como foi essa mudança?
Primeiro fiz um curso técnico em Turismo e Hospedagem. Trabalhei um tempinho em Termópolis nessa área. Depois fiz o técnico em Enfermagem. Sempre gostei de cuidar! Em 14 anos atuando nessa área, tive a sorte de conhecer pessoas fantásticas. Falo que é minha profissão do coração. Tanto em postinhos, visitando pacientes em domicílio, criei muitos vínculos. Aí surgiu a oportunidade de fazer uma faculdade. Quem cuida do paciente, técnicos como eu, não são muito bem remunerados. Por gostar de cuidar decidi cursar Educação Física nas Faculdades Claretianas de Batatais, assim continuei cuidando dos outros, mas focando na saúde e não na doença.

Como surgiu o Donabela Espaço Funcional? O que o espaço oferece?
Trabalhei em Itaú de Minas em um espaço que aliava Educação Física e reiki. E também em outro estúdio aqui na cidade. Quando fui dispensada, já tinha construído meu nome e fui incentivada a montar meu próprio espaço. Comecei há cerca de três anos na sala da minha casa. Eram 13 alunas. Hoje temos no Espaço Dona-bela 140 alunas assíduas, algumas desde o começo! O nome do espaço é o sobrenome da minha avó paterna, do qual muito me orgulho! O diferencial do espaço é que ele é exclusivo para mulheres. Além de trabalhar a mulher integralmente. A aluna chega em um espaço amplo, pensado em cada detalhe, com cozinha, loja, jardim de inverno, salas de atendimento, inclusive estúdio de pilates. Aqui ela passa pela psicóloga, nutricionista... Temos também fisioterapeuta, esteticista, uma equipe multidisciplinar capacitada para otimizar o tempo da aluna e prepará-la para o melhor rendimento possível. Avaliamos todo o contexto da aluna, limitações, patologias. Também a incentivamos com um programa de estrelas a cada etapa vencida e os resultados são excelentes!

Interessante a diversidade de possibilidades que o espaço oferece, não apenas para o corpo, mas também para a mente. “Mens sana in corpore sano”?
Sim, acredito muito nisso! Seja emagrecimento, ganho de massa, melhor qualidade de vida... As profissionais estão empenhadas em trazer o melhor para a mulher. Temos uma equipe muito boa: a esteticista Nayara Rissi, a nutricionista Kimberly de Souza, a fisioterapeuta Edvânia Nogueira e a psicóloga Rayra Caroline. Falo que ninguém devia ficar sem tratamento psicológico. Temos que estar com a mente sã para o corpo responder bem.

Atualmente quais trabalhos você especificamente desenvolve?
Aqui no espaço conduzo o treinamento funcional. É um treino coletivo em forma de circuito, com horário fixo para a pessoa se programar e eu conseguir dar uma qualidade de atendimento para as alunas. Também faço o hiit, que é o treinamento intervalado de alta intensidade, onde a parte aeróbica intensifica o processo de emagrecimento. Sou muito ativa! Ligada no 220! (risos) Acordo às cinco da manhã e tem dias que vou até dez, onze horas da noite! Faço terapia, barra de access, também sou aluna três vezes por semana do mesmo treinamento funcional que aplico, desta vez com a Edvânia. Com ela também faço pilates, para fortalecimento específico, pois tenho geneticamente riscos ósseos e de lesões. E fora do espaço faço aulas de pole dance com a Bruna Medeiros, que é maravilhosa! Nos sentimos empoderadas e com autoestima elevada. Yoga no Espaço Surya, muito bom também! E aos sábados e domingos costumo pedalar, ciclismo de estrada. Vou a várias cachoeiras me reenergizar. Amo a natureza! E ainda saio pra dançar à noite! (risos)

Você deve participar de muitas histórias transformadoras e de superação. Poderia compartilhar alguma que a marcou de modo especial?
Tenho aluna que ouviu de seu médico que ela não tinha jeito, que sua condição física seria para o resto da vida. E hoje se exercita normalmente. É muito gratificante! Costumo dizer que nós profissionais da área não temos noção do quanto somos referência. Como disse acordo às cinco da manhã, vou até às dez, onze horas e não é cansativo. Tenho um modo de vida saudável, alimentação correta, sou livre, não dependo de ninguém, curto muito a vida. E isso inspira. Saber que uma aluna saiu da depressão por se sentir especial e acolhida não tem preço!

A dança também é uma de suas paixões, certo? O que ela te traz? 
A vida! A dança mostra que a gente está vivo e é capaz. Frequento com a minha mãe os bailes da melhor idade e adoro! E tudo começou com uma história interessante. Levei minha mãe a uma balada que frequentava. Daí ela me questionou se aquilo era diversão e me convidou a ir a um baile com ela. Como ela tinha ido comigo, topei. E me apaixonei! Vamos nos bailes aqui em Paraíso na Liga e também na região, Monte Santo, Franca. Vemos pessoas operadas, em tratamento e estão lá dançando com o melhor sorriso. Tem muita discriminação com a melhor idade, mas falo que se a pessoa se der a oportunidade de conhecer esses eventos, nunca mais para de ir!

Sendo tão ativa, que dica você poderia compartilhar com alguém que esteja sedentário e tenha vontade de mudar?
Falo pra todo mundo procurar fazer o que gosta. Não se sentir obrigado a nada, mas procurar o que te dê prazer. Temos uma infinidade de possibilidades! Tente se encontrar. É normal não se adaptar a certas atividades. Basta dar o primeiro passo nessa busca, o resto flui, fica leve.

No que você acredita?
Acredito que na nossa vida nunca é sorte, é sempre Deus. Acredito em fechamento de ciclos. Um fecha, outro abre. O que me falam que é para abrir caminhos e sobre potencializar a força que temos, eu faço e acredito. Viver o que tem pra viver, saber quando um ciclo se encerrou e buscar forças para começar novos ciclos. Nos resta saber discerni-los e aceitá-los. Acredito muito na espiritualidade. Tenho muita fé!

O que poucas pessoas sabem sobre a Simone e você gostaria de compartilhar? 
Muitos acham que eu sou brava. Mas quando me dão a oportunidade de me conhecer melhor, veem que não sou bem assim. Sou só teimosa! (risos) Tenho um vínculo muito grande com meu pai Carlos Henrique, minha mãe Luciana e minha irmã Suellen. E tenho uma mãe de coração que a enfermagem me deu de presente. A Nana Paschoini cuidava de uma prima e eu dava assistência como enfermeira. Hoje moro com ela! Estou solteira por opção.  Sou bissexual e passei pela experiência de me casar três vezes. Esses relacionamentos me trouxeram muita experiência e maturidade. Estou bem assim e vivo intensamente! No período em que atuei na Enfermagem carreguei muitas histórias, de restrições, limitações, então gosto muito de passear, viajar, curtir... E em relação ao trabalho, amo o que faço, então não é trabalho, é realização. Gosto de cuidar e ser essa referência na vida das pessoas.

Simone, qual seu grande sonho?
Um sonho que realizei era um espaço e a equipe multidisciplinar. Outro é quando tiver estabilizada financeiramente voltar a atuar na Enfermagem, mas como voluntária. Pode ser na ACCa ou em domicílio, ajudando uma mãe em um banho, um curativo, em algum procedimento para aliviá-la. Para finalizar gostaria de deixar uma mensagem. Permita-se viver! Vença os medos, receios, se joga na vida! Trago em meu corpo 17 tatuagens referentes aos processos que passei em minha vida. Três dessas frases são: “Isso também passa”, serve para os bons e os maus momentos. “Nunca se esqueça de quem você é”, não se anule e seja você e “Liberdade é pouco, o que eu quero ainda não tem nome”!