ELA por ELA

Estela Vergani

Por: Reynaldo Formaggio | Categoria: Entretenimento | 04-12-2022 07:08 | 4534
Estela Grande Vergani
Estela Grande Vergani Foto: Acervo Pessoal

Aos 24 anos Estela Grande Vergani traz em seu DNA o amor e a aptidão para as artes culinárias. Empreendedora, a jovem chef já teve seu próprio negócio, acumulou experiência coordenando com muito sucesso a equipe de um café e agora atua como personal chef, elaborando cardápios e produtos especiais como massas, carnes, doces, panetones, entre outras delícias. Caçula de quatro irmãos, Estela é filha do saudoso Célio Vergani e de Marilisa Grande Vergani e é recém-casada com o hipnoterapeuta Rodrigo Ribeiro. Nesta saborosa entrevista (com o perdão do trocadilho), Estela generosamente compartilha suas memórias, experiências e planos futuros.

Estela, qual a memória mais antiga você guarda em relação a algum aroma ou prato especial?
Tenho memórias olfativas que realmente marcaram minha infância e são inesquecíveis. Os dias em que nossa vizinha Dona Terezinha acendia a churrasqueira, o aroma era diferente e marcante, nos deixava doidos para que o papai fizesse pra nós. Quando chegava na casa da vó Lucy e ela fazia pão na chapa com margarina. Quando meu pai nos levava bolinho de carne e batata recheada, mesmo que fosse para dividirmos, pois haviam poucas unidades, eram os melhores e nunca vou me esquecer! Me lembro também das primeiras vezes que cozinhei, fazia carne moída e misturava com arroz, subia em um banquinho para alcançar o fogão e depois dividia com a minha irmã Aída.

E como decidiu transformar a gastronomia em profissão?
Fui criada em um meio muito rico gastronomicamente. Minhas avós são excelentes cozinheiras e sempre tiveram vínculo com a cozinha. Minha mãe cozinhava desde muito nova e tão bem quanto elas. Não haveria alguma forma de escapar desse destino, se não fosse pela profissão seria por uma paixão intensa. Cozinhar me relaxa e me inspira. Minha avó Neusa sempre disse a todos que eu tinha mãos hábeis e que sempre colocava muito carinho em tudo o que fazia. Isso é uma qualidade que consigo enxergar em mim mesma. Não encontrei uma forma melhor de transmitir esse carinho para as outras pessoas, por isso decidi cursar Gastronomia e trabalhar com algo que conforta, acalenta, aproxima e nos dá prazer.

Convivendo desde pequena com grandes e diferentes referências gastronômicas, o que traz para sua atuação profissional de cada uma dessas influências?
Desde pequena tenho contato dentro de casa com uma culinária de alto padrão, tanto em qualidade quanto em tradição. Minhas avós são descendentes de italianos e espanhóis, cozinhas riquíssimas em relação às bases da gastronomia e que influenciaram o mundo todo.  Levo comigo o uso de temperos verdadeiros (não industrializados), ingredientes frescos e as melhores marcas, pois isso tudo faz muita diferença no resultado final. Aprendi muita coisa nova na faculdade, mas nada como a massa fresca da minha avó Lucy, ou a feijoada da minha avó Neusa, o feijão tropeiro da minha mãe, as roscas da tia Regina, pães de queijo da tia Telinha, bolachinhas de nata da tia Lurdinha e o porco a paraguaia que meu pai fazia. Essas receitas tradicionais são minhas preferidas, como a linguiça da bisa Elisa, que por grande felicidade consegui aprender e tenho o prazer de continuar produzindo, sem deixá-la ser esquecida. 

Você já teve a oportunidade de ter seu próprio negócio. Como foi a experiência com a Papas Porn Food? Acha difícil empreender no nosso país?
O Papas foi meu primeiro filho, meu primeiro projeto gastronômico e um sonho que durou pouco. Porém foi uma das maiores escolas que tive na minha vida. Ele me aproximou muito do Rodrigo e me fez enxergar que estávamos juntos para tudo na vida, e também do meu irmão Ângelo, que me ajudou do início ao fim! Aprendi na prática a importância de fluxo de caixa, aprendi sobre economia e como evitar os desperdícios, foi minha primeira vez como chef de cozinha também! Amava cada detalhe do cardápio e cada cliente me valorizava muito. Aprendi também que empreender no Brasil é ter coragem e perseverança, pois a falta de incentivos e instrução pode nos deixar muito perdidos. Mas, como sempre, tive todo o apoio da minha família, em especial do meu pai que montou toda cozinha para mim, tanto na hora de abrir, quanto na decisão de fechar.

Você também teve uma atuação muito elogiada no Uai Café tendo oportunidade de criar pratos, comandar uma equipe e fidelizar clientes. Como foi essa experiência?
O que levo comigo da equipe Uai Café, principalmente, é gratidão! Minhas meninas, como costumo chamá-las, eram como minha família. Também vivi muitas coisas importantes na minha vida pessoal, enquanto estava trabalhando com eles e sempre tive todo o apoio. Me ajudaram a crescer pessoal e profissionalmente. Tive contato também com profissionais incríveis que me auxiliaram na montagem da estrutura de uma cafeteria, pois esse mundo era novo para mim, a chef  Vivi Costa, minha mãe na gastronomia, os baristas Tadeu e o Zé Renato. Aprendi a lidar com pessoas, a ser mais resiliente e não desistir frente às adversidades. Aprendi com o Chesley, o proprietário, que para fidelizarmos nossos clientes sempre devemos “afiar o martelo”, como ele diz, e ter a humildade para corrigirmos sempre que surgirem pontos negativos. Coloquei em prática conhecimentos de sanitização, estoque, compras e principalmente sobre liderança. Aprendi a liderar pelo exemplo e sempre fazer a minha parte para que pudesse ser o espelho para minha equipe. Gratidão a todos que já passaram pela nossa equipe e a todos os clientes, meu carinho é muito grande por todos vocês!

Estamos às vésperas do Natal e festas de final de ano. O que esta época representa pessoal e profissionalmente pra você?
O Natal é tudo de mais especial para mim! As festas, comemorações em família, a magia, os presentes, as decorações, o clima e as comidas. Sem dúvida as comidas! Brinco que deveríamos fazer ceias de Natal mais vezes ao ano (risos). Atualmente é uma data de muito trabalho. Desde que escolhi seguir essa carreira sempre soube que trabalharia muito, enquanto os outros estivessem comemorando, mas isso não diminui nem um pouco a satisfação que tenho de trabalhar, pelo contrário. Nessa época do ano eu literalmente “estou na minha praia”. São as comidas que mais gosto de preparar. Mesa farta, com entradas variadas, frutas, frios, massas, carnes, ensopados, guisados, assados, sobremesas ricas! Sem contar nos panetones, que são a minha maior expectativa do ano! Tudo do melhor! Atendo meus clientes com muita satisfação para que eles não tenham que se preocupar e apreciem pratos deliciosos. 

Quem lida com comida o dia todo também é bom de garfo ou não tem tanto apetite? 
Não posso responder por todos que trabalham com cozinha e acho até difícil descrever em palavras essa resposta. Minhas expressões falam mais quando estou comendo algo delicioso. Chego até a dançar! Para mim não existe prazer maior na vida do que comer algo que está com vontade, degustar algo delicioso pela primeira vez, conhecer novos sabores. A comida ativa todos os nossos sentidos: o tato quando sentimos a textura dos ingredientes, a audição quando levamos os ingredientes às panelas quentes, o olfato com os mais diversos aromas que possamos imaginar, a visão com as mais belas preparações e enfim o paladar, que nos transporta à sensações e sentimentos que mudam até o humor. Pra mim a gastronomia é algo realmente mágico!

Atualmente o que você oferece aos seus clientes e como encontrá-la?
Agora estou de volta ao Personal Chef, que é uma das práticas que mais me tem realizado como cozinheira, por poder atender a todos os gostos e pedidos, sem restrições e de maneira personalizada. Faço a divulgação de pratos e “eventos” semanalmente em minhas redes sociais e também recebo encomendas por elas. Para o final do ano já tenho o cardápio para ceia de Natal e Ano Novo, então para todos que quiserem aproveitar a data para relaxar e não ficar na cozinha, é só deixar esse trabalho comigo. Entrando em contato pelo Instagram @estelavergani ou Whats App (35 99224-6288). Tenho o maior prazer em atender todos com muito carinho e dedicação, sempre prezando por todos os detalhes. Gosto de conhecer meus clientes através dos pedidos que eles me fazem!

O que a família representa pra você?
Se eu não falar TUDO, estarei mentindo! Minha família é tudo que tenho de mais precioso na vida. Sempre quis saber sobre os antepassados mais distantes que minhas avós conseguissem lembrar, porque sei que tudo veio deles e sou eternamente grata, por todo esforço, todo exemplo, pela dignidade e tudo que nos foi passado! Minhas avós são pessoas maravilhosas e inigualáveis. Meus pais são meu exemplo, meu porto seguro, minha definição de amor, carinho, suporte, dedicação e incentivo. Meus irmãos são meus companheiros de vida, não tem um dia em que não discutimos por algo bobo, e ao mesmo tempo damos boas risadas juntos. Nós nos amamos mesmo! Meus tios e primos que sempre me deram tanto carinho e amor! A família do meu esposo Rodrigo, que sempre me acolheu como se eu já pertencesse a eles. Meus sogros e os avós do Rodrigo também são tudo para nós dois. Amo incondicionalmente cada um!

Como uma jovem recém-casada e que trabalha com comida, tem disposição para cozinhar para o marido? Ele também se aventura nas panelas?
O Rodrigo é a pessoa que mais quero agradar no sentido de alimentação! Sempre me preocupei em como ele se alimentava. Muito antes de estarmos casados, fazia coisas que ele gostava, tinha vontade, e já criei vários pratos para ele. Porém confesso que não me animo muito com a culinária trivial, o arroz feijão de cada dia, principalmente em uma quantidade mínima para nós dois. Então tento variar o máximo possível e fugir dos cardápios tradicionais. Estou amando criar sobremesas para ele desde que casamos também! Ele cozinha muito bem também e tem uma facilidade enorme de identificar ingredientes pelo olfato ou paladar, mas não se aventura muito, até porque na maioria das vezes estou no comando das panelas aqui em casa. 

Muitas pessoas dizem ter vontade de cozinhar, mas não sabem por onde começar. Que dica poderia compartilhar sobre os primeiros passos na cozinha? Tem vontade de se tornar professora na área?
Eu sempre brinco que quem sabe comer bem, tem facilidade para aprender a cozinhar. O caminho é começar pelo que você gosta de comer. Não tente agradar os outros de cara, faça aquilo que você gosta de comer da melhor forma possível. Alguns pratos básicos não são tão simples de fazer, como por exemplo um arroz branco soltinho. Já outros que pensamos ser muito complicados são fáceis e arrancam muitos elogios, como um espaguete à carbonara. Treine sempre seu olfato, vá à feira e conheça os ingredientes, cheire tudo que puder, experimente, tente combinar os sabores na imaginação. Amo ensinar tudo que sei, tive ótimos professores, e gostaria sim de transmitir meus conhecimentos na área. Penso em montar cursos aqui na cidade e estou me especializando para quem sabe um dia dar aulas em universidades de gastronomia. 

Estela, qual seu maior sonho?
Apesar de amar muito a minha área de atuação não tenho ambições gigantescas em relação à minha carreira. Almejo sim poder continuar vivendo do que faço, mas pretendo continuar morando em Paraíso, o que diminui minhas chances de ter por exemplo um restaurante estrelado. Fico muito satisfeita em fidelizar cada vez mais clientes e continuar transmitindo meu amor pelo que faço. Na minha vida pessoal tenho o sonho de conhecer várias culturas e ter contato com pessoas do mundo todo! Acho que atualmente o meu maior sonho é manter minha paz de espírito e estar tranquila comigo mesma, tendo minha família unida e ao meu lado.