"Chegará o tempo em que o homem conhecerá o íntimo de um animal e nesse dia todo crime contra um animal será um crime contra a humanidade". Estas sábias palavras atribuídas a Leonardo da Vinci soam como um mantra para Bárbara Sawaya de Carvalho. Aos 31 anos, a jovem veterinária dedica sua vida a amenizar as mazelas dos bichinhos. Especialista em fisioterapia e acupuntura animal, Bárbara vem trilhando seu caminho profissional com muito amor e dedicação. Filha de Tereza Sawaya e Luiz Fernando de Carvalho, irmã mais velha de Gabriel e esposa de Gustavo Henrique Miranda de Melo, Bárbara divide sua agenda entre algumas cidades da região e compartilha sua trajetória, gostos e planos.
Quem é a Bárbara?
Nasci em São Paulo e lá vivi até meus seis anos, quando eu, meus pais e meu irmão nos mudamos para Passos, cidade natal da minha mãe. Passos foi a cidade onde cresci ao lado dos meus primos, construí as melhores memórias e fiz amigos para a vida toda. Vivi na cidade até o início de 2010, quando me mudei para Ribeirão Preto, depois Poços de Caldas e então, São Paulo.
Como foi sua infância? Vem dessa época sua paixão pelos animais?
Tenho ótimas memórias da minha infância, principalmente depois de vir morar em Passos, onde pude crescer brincando na rua, com muita liberdade, contato com a natureza e perto dos meus primos (que são muitos, minha mãe tem oito irmãos!). Desde que me entendo por gente sou apaixonada por animais e nunca pensei em fazer outra coisa, Medicina Veterinária sempre foi minha primeira e única opção.
Alguém da sua família a influenciou a cursar Medicina Veterinária?
Meu pai sempre foi apaixonado pela natureza e pelos animais, talvez ele tenha tido uma parcela de influência nisso. Desde pequena lembro de vermos juntos programas dos canais Animal Planet e Discovery. Mas não sei exatamente em que momento me decidi pela profissão… só sei que não consigo me lembrar de um tempo em que pensei em fazer outra coisa!
Onde estudou e qual a área que mais gostava na sua graduação?
Ingressei em 2011 no curso de Medicina Veterinária da PUC em Poços de Caldas, lá fiquei por um ano, mas não me adaptei muito bem à cidade e queria algo diferente. Então em 2012 transferi meu curso para a Faculdade Anhembi Morumbi em São Paulo e lá me formei em 2016. As matérias que mais gostava sempre eram voltadas a pequenos animais (cão e gato).
Você também se especializou em fisioterapia animal. Quais as maiores demandas que você recebe em seu consultório? Os procedimentos feitos nos animais são semelhantes aos realizados em humanos?
Sim, durante a graduação fiz alguns estágios na área de fisioterapia e me apaixonei completamente. Daí comecei a fazer cursos, depois fiz minha especialização em fisioterapia e por fim, uma pós-graduação em acupuntura veterinária. As maiores demandas são em relação a doenças osteoarticulares e neurológicas, e a maioria das doenças são sim bem parecidas com as do ser humano.
Após ter vivido vários anos em São Paulo você retornou ao interior. Como foi essa adaptação? Onde clinica atualmente?
Saí de casa aos 18 anos e retornei agora, após 12 anos morando fora. A adaptação não foi tão difícil porque apesar de ser uma vida completamente diferente da de São Paulo, gosto da tranquilidade, da qualidade de vida que tem no interior… e também pude me reaproximar de grandes amizades e de parte da minha família que sempre morou aqui. Atualmente atendo em Passos, Paraíso e Pratápolis.
Existem raças mais propensas a terem problemas ósseos ou nas articulações? O que pode ajudar a amenizar essas patologias?
Em geral, qualquer raça pode ser acometida por patologias osteoarticulares ou neurológicas, principalmente quando os animais vão chegando à velhice. Mas existe sim uma predisposição racial para algumas alterações, como por exemplo displasia coxofemoral, que é muito comum em raças grandes e gigantes como o golden retriever, labrador, pastor alemão… ou luxação patelar, comumente encontradas nos pequenos como shithzu, spitz alemão, maltês... O manejo dentro de casa e o estilo de vida do animal podem ajudar no tratamento ou até mesmo diminuir os sintomas de tais alterações (peso, nível de atividade, o piso da casa…)
Que dicas você pode compartilhar com aqueles que querem proporcionar uma melhor qualidade de vida ao seu pet?
Sempre entender e tentar atender as necessidades do seu animal, cada animal é único e tem necessidades únicas também. Mas num geral, oferecer uma alimentação de qualidade (ração premium ou super premium, alimentação natural balanceada), fazer o controle correto de pulgas e carrapatos, manter a vacinação em dia e estar sempre atento a qualquer alteração que ele apresente, para que possa ser identificado o problema e tratado adequadamente.
Muitas pessoas questionam o custo de exames, procedimentos e até mesmo alimentação dos animais de estimação. O que explica estes valores muitas vezes maiores do que aqueles para os humanos?
Infelizmente a medicina veterinária ainda é uma profissão bem desvalorizada. As pessoas não levam em consideração que estudamos durante cinco anos para nos formarmos e depois fazemos inúmeros cursos para nos especializar em cada área. Esquecem que o médico veterinário também lida com vidas e que é uma profissão da área da saúde que merece prestígio como todas as outras.
Outra questão importante é em relação ao abandono de animais. No que a pessoa deve pensar antes de assumir a responsabilidade de cuidar de um animal? E a castração é realmente a melhor forma de diminuir estes abandonos?
A castração é sim uma grande aliada no controle populacional, porém acho que o que mais falta é a consci-entização. As pessoas precisam entender que ter um bichinho é uma responsabilidade muito grande, que existem gastos com veterinário, ração, banhos, e que ele pode viver por muitos anos, não é algo “passageiro”. O animal tem necessidades que precisam ser atendidas, algumas raças por exemplo precisam de banhos e tosas frequentes, passeios e brincadeiras, alimentação específica, cuidados veterinários que demandam tempo e dinheiro… então acho que antes de ter um animalzinho, todos esses pontos têm que ser pensados muito bem entre todos os membros da família.
Veterinários costumam ter diversos bichinhos. Você tem ou já teve muitos?
Já tive muitos enquanto morava com meus pais: peixe, hamster, cachorro, gato e até coelhos. Mas hoje só tenho dois cachorros: um golden e um shihtzu.
O que você gosta de fazer nas horas livres?
Sou apaixonada por viagem, principalmente se for para praia. Sou fã do mar! Mas também adoro ir pra Serra da Canastra, rancho... Amo estar com meus amigos e com a minha família.
Bárbara, qual seu maior sonho?
Acho que já realizei muitos sonhos, sou grata por isso. Mas acho que hoje meu maior sonho é poder ter meu próprio consultório de reabilitação veterinária, o que pretendo realizar em breve.