OPINIÃO

Enquanto Arábia Saudita projeta cidade futurista, por aqui faltam serviços públicos básicos!

Por: . | Categoria: Do leitor | 23-09-2023 00:11 | 299
Foto: Arquivo

Fábio Caldeira Doutor em Direito pela UFMG e professor da Academia da PMMG

De início pode ser intrigante entender por que o Brasil, não obstante suas infindáveis riquezas naturais, satisfatório clima, adequada condição geográfica e ausência de sérios conflitos étnicos e religiosos, desponta ano pós ano com vergonhoso título de um dos países mais desiguais do planeta e baixa qualidade de vida de boa parte da população.

Um país com altíssima carga tributária e péssimos serviços públicos. Com um estado inchado, corporativo, lento e desconectado com os anseios da população. Parte de uma elite política e econômica que desconhecem e ignoram um verdadeiro sentimento de nação. Constatações que perpassam décadas e permanecem independente da coloração ideológica do governo de plantão.

Por aqui as coisas, quando avançam, se dão de forma lenta, seja por incompetência, falta de vontade política, ausência de planejamento, leis arcaicas que atrasam os empreendimentos, falta de segurança jurídica e corrupção.

O país carece de saneamento digno e universal, saúde pública de qualidade, educação efetiva, boas condições de moradia, mobilidade adequada. Basta ver o caos atual da capital mineira e da região metropolitana e outros muitos exemplos país afora.

O clima político atual de polarização, intolerância e maniqueísmo impede debates profícuos em prol de efetivas soluções aos problemas que não são poucos. Estamos comprometendo sobremaneira esta e as próximas gerações!

Enquanto isso a Arábia Saudita projeta uma megacidade futurista que será construída no deserto. Nominada Neom, se estenderá por 170 quilômetros. Almeja-se uma cidade sem carros, com táxis voadores, robôs domésticos e considerada um centro de biotecnologia e de tecnologia digital. Segundo seus planejadores, “os moradores terão acesso a todas as suas necessidades diárias em cinco minutos a pé, além de outras facilidades como pistas de esqui ao ar livre e um trem de alta velocidade com uma viagem de 20 minutos de ponta a ponta da cidade”.

De acordo com um vídeo promocional do empreendimento, o local será totalmente alimentado por energia renovável e contará com "um microclima ameno durante todo ano, com ventilação natural".

Neom está bem posicionada para se beneficiar da energia solar e eólica e a cidade deve abrigar a maior usina de hidrogênio verde do mundo, diz Torbjorn Soltvedt, da consultoria Verisk Maplecroft.

O custo da "primeira fase", que vai até 2030, é estimado em US$ 319 bilhões. Além dos subsídios do governo, espera-se que o financiamento venha do setor privado.

Segundo o portal Business Insider, a cidade é descrita como o “projeto de turismo mais ambicioso do mundo”. Importante dispor que a Arábia Saudita tem feito questão de destacar o ponto da sustentabilidade, uma vez que busca se afastar dos combustíveis fósseis como parte da meta Vision 2030.

A primeira parte da cidade a ser concluída será Sindalah, uma ilha que incluirá marinas e hotéis de luxo. Ela estará aberta aos visitantes a partir de 2024.

Desafio em tanto sua consecução! Enquanto isso, por aqui batemos cabeça em debates ideológicos míopes e doentios acerca das soluções da nossa precária infraestrutura, como se desenvolvimento econômico-social e meio ambiente fossem antagônicos e sem aderência e alinhamento.

Pobre Brasil!
(Fonte: Hoje em Dia 22/09/2023)