OPINIÃO

No Brasil mexem ainda mais no meu queijo!

Por: Redação | Categoria: Do leitor | 28-10-2023 14:00 | 315
Foto: Arquivo

Fábio Caldeira

Doutor em Direito pela UFMG e professor da Academia da PMMG

Sempre atual, o clássico “Quem Mexeu no Meu Queijo?” do psicólogo Spencer Johnson. Escrito em 1998, o livro conta uma história sobre quatro personagens, dois ratos e dois duendes, que vivem em um labirinto, numa eterna busca por um queijo.

O queijo cai muito bem para nós mineiros, deveras apreciadores da iguaria e produtores de renomados tipos reconhecidos mundo afora.

Mas no caso, o queijo é uma metáfora daquilo que se deseja na vida, tanto no campo profissional como na vida em geral, podendo ser um bom emprego, uma boa casa, um relacionamento amoroso, paz espiritual e saúde. E o labirinto é o local onde procurar o queijo.

A história é sobre dois ratinhos (Sniff e Scurry) e dois duendes (Hem e Haw) que atravessam um labirinto procurando queijo. Quando eles descobrem um suprimento abundante, passam a retornar ao local dia após dia, apreciando o seu queijo. Todos pensam ser o queijo ali depositado eterno. Então, um dia, o queijo desaparece.

Os ratinhos Sniff e Scurry ficam de início bem intrigados, mas não desanimam e começam a procurar por queijo em outros lugares do labirinto. No devido tempo, seus esforços são recompensados quando eles localizam um queijo em maior quantidade e de melhor qualidade do que o anterior. 

Já Hem e Haw, entretanto, inicialmente se recusam a aceitar que o seu queijo de costume sumirá para sempre. Eles voltam ao mesmo lugar dia após dia, apenas para constatar a falta total de queijo. Murmurações aumentam, sem no primeiro momento demonstrarem nem pensar em qualquer ação efetiva para encontrar um novo queijo.

Por fim, Hem, levado pela raiva, decide procurar queijo em outro lugar do labirinto. Entretanto, seu companheiro, Haw é cabeça dura. Ele se recusa a reconhecer que o queijo não vai mais ser encontrado no lugar de costume. Acomodado e acostumado em sua total zona de conforto, pergunta repetidamente “Quem mexeu no meu queijo? ” Apenas reclama, sem qualquer manifestação de reagir ao novo momento.

Em seu novo desafio, Hem sentiu-se de início perdido. A perseverança não o deixava desanimar nem desistir. No caminho fez algumas reflexões do aprendizado que estava tendo, escrevendo-as na parede. “Cheire o queijo com frequência para saber quando está ficando velho”. “Quando você vence o medo sente-se livre”. “Quando mudamos aquilo em que acreditamos, mudamos o que fazemos”. 

E assim encontrou um local que tinha queijo, com mais qualidade e quantidade muito maior daquela de início.

A simplicidade da história proporciona gigantescas reflexões acerca da vida de cada um de nós. Principalmente em um mundo bem dinâmico, com mudanças repentinas e de consequências bem amplas.

Vide o mundo cada vez mais globalizado e conectado, a evolução tecnológica das últimas décadas, passando pela trágica pandemia da covid, guerras mundo afora, intolerância que se aprofunda nas nações, polarizações. 

E a situação se mostra mais desafiadora em países como o Brasil, em seus aspectos culturais que favorecem o famoso “jeitinho”, a impunidade, corrupção, interesses pessoais que sobrepõem ao coletivo, baixíssimo sentimento de pertencimento e o famoso e nefasto aos “amigos tudo, aos inimigos o rigor da lei”. 

Não há outro caminho senão sairmos da zona de conforto, com resiliência e foco nas mudanças inevitáveis do nosso dia a dia.

Podemos transigir em tudo, menos em princípios e valores!

Que assim seja!
(Fonte: Hoje em Dia 27/10/2023)