POLEPOSITION

Equipe inglesa com cores do Brasil em Mônaco

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 25-05-2024 04:00 | 2044
Os boxes da McLaren em Mônaco com as cores do Brasil e do capacete de Senna
Os boxes da McLaren em Mônaco com as cores do Brasil e do capacete de Senna Foto: Albert Fabrega

A McLaren presta homenagens a Ayrton Senna com as cores do Brasil em Mônaco que mesmo 30 anos após sua morte, continua sendo o maior vencedor nas ruas do Principado, cinco delas pela McLaren que é disparada a equipe de maior sucesso naquele circuito.

Foram 6 vitórias de Senna em Mônaco (1987/89/90/91/92/93). Que poderia ser sete se em 1984 o diretor de prova não tivesse encerrado a prova antes da metade quando Senna, a bordo da modesta Toleman, estava prestes a ultrapassar Alain Prost debaixo de forte chuva. Que poderia ser oito se em 1988, seu primeiro ano de McLaren, Senna não tivesse perdido a concentração por estar tão sozinho, quase um minuto à frente do companheiro de equipe, Alain Prost, e batido na entrada do túnel, um acidente bobo que o levaria a grande momento de reflexão que mudaria para sempre sua identidade própria como piloto. Mas antes daquela batida Senna fez uma das pole positions mais espetaculares de sua carreira e tida por muitos como uma das maiores da F1, quando foi extremamente veloz no estreito circuito de 3.328 metros (atualmente o traçado está 9 metros mais extenso). Naqueles tempos havia o chamado warm-up, que os mais velhos vão se lembrar do treino de aquecimento que era realizado aos domingos, 4h antes da largada. Senna disse na época ter tido uma experiência única em vê-lo fora do próprio corpo. “O carro estava com problemas. Expliquei isso a Deus. Ele sabe de tudo o que passa em nosso coração. Mas é preciso se entregar em oração. No warm-up tive uma sensação e uma visão. Consegui me enxergar fora do carro. Em volta da máquina e do meu corpo existia uma linha branca, uma espécie de onda que me dava força e proteção”, disse.

A F1 prestou homenagens a Ayrton Senna no último final de semana em Ímola, liderado por Sebastian Vettel que também guiou o último carro do brasileiro na McLaren, o MP4/8 de 1993. A equipe optou pelas cores não só da bandeira do Brasil como do próprio capacete de Senna, o amarelo, verde e azul que decora também o macacão dos pilotos Lando Norris, Oscar Piastri e de todos os mecânicos e integrantes da equipe.

Depois de vencer em Miami, e de Lando Norris terminar o GP da Emilia Romagna embutido na caixa de câmbio da Red Bull de Verstappen separados por 0s725 milésimos, a McLaren vislumbra a possibilidade de triunfar novamente em Mônaco onde já venceu 15 vezes, mas que não repete a façanha desde 2008 com Hamilton.

Mônaco tem todo um charme que se confunde com a própria história da F1. No passado dizia-se que a F1 não sobreviveria sem a Ferrari e o GP de Mônaco. Essa velha máxima caiu por terra faz tempo, ao menos no que diz respeito a esse Grande Prêmio que não é visto com bons olhos pela própria Liberty Media, dona da F1. Tanto que várias regalias que a corrida tinha dos tempos do ex-chefão da categoria, Bernie Ecclestone, foram tiradas, entre elas a isenção das taxas cobradas do organizador da corrida, além da geração exclusiva de imagens da corrida que desde o ano passado passou a ser da própria F1TV.

A verdade é que o estreito traçado com 7 metros de largura das ruas de Monte Carlo já não comporta os carros atuais, muito maiores e largos se comparados aos modelos de 30 anos atrás. Eu fiquei surpreso ao ver as imagens da apresentação de Vettel em Ímola com a McLaren de 93, tão compacto diante desta geração de carros. Se naquela época era difícil de ultrapassar – quem não se lembra do clássico duelo de 92 entre Senna e Mansell com muito mais carro, mas sem conseguir encontrar espaço para superar o brasileiro –, o que dizer da procissão que nos aguarda amanhã com quase duas horas de duração se a prova transcorrer sem nenhuma intervenção de Safety Car, já que não há previsão de chuva? O circuito, pode-se dizer seguramente, está hoje muito mais adequado aos carros da Fórmula E que correram lá no começo do mês do que aos da própria F1.

Este será o 70º GP de Mônaco, que está no calendário da F1 desde 1950, mas que na verdade já sediava corridas na década de 20 quando as provas eram chamadas de Grand Prix. Somente deixou de ser realizado de 1951 a 1954. Amanhã serão 78 voltas e se prevalecer o sentimento dos fãs de Ayrton Senna, a McLaren terá certamente alguns milhões a mais de torcedores empurrando Norris e Piastri para cima de Max Verstappen.

FOTO COM A LEGENDA: (crédito: Albert Fabrega)

Os boxes da McLaren em Mônaco com as cores do Brasil e do capacete de Senna