Cristiano Peres Coelho, nascido em 1978, em São Sebastião do Paraíso, carrega na trajetória acadêmica e profissional as raízes da cidade mineira que moldaram sua paixão pela educação. Hoje, aos 45 anos, ele é reitor da Universidade Federal de Jataí (UFJ), em Goiás, posição que simboliza anos de dedicação e superação.
Formado em biologia, com mestrado e doutorado em ecologia, Cristiano lidera uma das 69 universidades federais do país, mas sua caminhada até aqui começou bem antes, nas salas de aula do Colégio Paula Frassinetti e da Escola Estadual Benedito Ferreira Calafiori (Ditão), em Paraíso. “Sou filho de educadores, e isso me direcionou muito. Meu pai, José Heriberto Coelho, foi professor de educação física, e minha mãe, Maria das Graças Peres Coelho, lecionava biologia. Tive o privilégio de ser aluno dela por dois anos”, recorda Cristiano.
Após concluir o ensino médio, iniciou a graduação em biologia na Universidade de Franca (Unifran), dividindo seu tempo entre os estudos e o trabalho. “Enquanto estudava, também trabalhava no IBGE, comandando o censo de 1996 em Paraíso. Era desafiador conciliar as responsabilidades, mas me ensinou a ser resiliente”, conta.
Cristiano seguiu a carreira acadêmica. Após concluir a graduação, fez mestrado na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e iniciou um doutorado na Unicamp, que concluiu posteriormente na UFU. Durante esse período, um estágio em Sevilha, na Espanha, foi crucial para a finalização de sua tese. “Foi um momento transformador. A experiência internacional ampliou minha visão acadêmica e reforçou minha determinação em contribuir para a ciência brasileira”, relembra.
Em 2010, ingressou como professor no campus de Jataí da Universidade Federal de Goiás, que se tornaria a Universidade Federal de Jataí em 2019, consolidando-se como uma instituição independente. “Foi um marco para a educação em Goiás, que até então tinha apenas uma universidade federal. Hoje, o estado conta com três, incluindo a UFJ, que tem crescido exponencialmente”, destaca Cristiano.
Eleito com 67% dos votos na primeira eleição direta para reitor da UFJ, Cristiano assumiu o cargo há dez meses, com mandato até 2028. A universidade, que tem apenas cinco anos de autonomia, já oferece 25 cursos de graduação e 15 programas de mestrado e doutorado. “Nosso foco é expandir ainda mais. O crescimento estrutural e acadêmico é essencial para atender às demandas da região”, afirma.
Além de sua formação científica, o cargo de reitor exigiu que ele se tornasse articulador político. “Estamos constantemente em Brasília, buscando recursos e apoio para a instituição. É um trabalho desafiador, mas gratificante, pois sabemos o impacto que a universidade tem na vida das pessoas”, explica.
Apesar das exigências administrativas, Cristiano mantém sua atuação como pesquisador. Especialista em Ecologia Vegetal, ele lidera estudos sobre o cerrado brasileiro e foi coautor de uma descoberta que se tornou capa de uma revista científica alemã: uma planta de seis centímetros que não realiza fotossíntese, encontrada exclusivamente em Jataí. “Conciliar a reitoria com a pesquisa é desafiador, mas necessário para continuar contribuindo para a ciência”, ressalta.
Cristiano reconhece a importância de sua origem em Paraíso na formação de sua carreira. “Deixar minha cidade natal foi difícil, mas ela continua presente em tudo que faço. Ser reitor de uma universidade federal é motivo de orgulho e um reconhecimento do valor da educação como instrumento de transformação”.
Com a interiorização do ensino superior e o fortalecimento da UFJ, Cristiano acredita que a universidade está preparada para novos desafios. “Nosso objetivo é consolidar a UFJ como referência na educação superior e na pesquisa científica. Essa missão exige esforço contínuo, mas estamos determinados a cumpri-la”, finaliza.