PARALISAÇÃO

Caminhoneiros continuam paralisados em grande número em Paraíso

Por: João Oliveira | Categoria: Transporte | 29-05-2018 19:05 | 8802
Manifestantes se concentram em maior número nas proximidades do trevo de acesso à MG 050, e imediações do Aeroporto Joaquim Montans Júnior, na BR 491
Manifestantes se concentram em maior número nas proximidades do trevo de acesso à MG 050, e imediações do Aeroporto Joaquim Montans Júnior, na BR 491 Foto: Nelson P. Duarte/Jornal do Sudoeste

No final da tarde desta terça-feira (29/5) alguns caminhoneiros que desde segunda-feira (21/5) estavam parados em locais onde se concentram manifestantes em protesto em São Sebastião do Paraíso, deixaram o local. “Poucos foram embora, iremos continuar a paralisação, muitas pessoas estão aderindo, nada mudou”, disse Marcio Pimenta, presidente da Atropar (Associação de Transporte Rodoviário de São Sebastião do Paraíso).
Os manifestantes se concentram em maior número nas proximidades do trevo de acesso à MG 050, e imediações do Aeroporto Joaquim Montans Júnior, na BR 491.
O presidente da República, Michel Temer, anunciou na noite de domingo (27/5), nova proposta aos caminhoneiros na tentativa de pôr fim à greve da categoria que se arrasta há 10 dias pelo país. Além da redução de R$0,46 no litro do diesel na refinaria, durante 60 dias, com reajuste a cada 30 dias a partir deste tempo, anunciou também três medidas provisórias  entre elas à isenção de pagamento de pedágio para eixos suspensos de caminhões vazios, determinação que 30% dos fretes da Conab sejam feitos por caminhoneiros autônomos e, por fim, estabelecimento de tabela mínima dos fretes.
Apesar das novas propostas, as mobilizações continuam e a categoria acredita que governo tem condições de fazer proposta melhor. De acordo com o presidente da Associação de Assistência dos Proprietários de Veículos Automores de São Sebastião do Paraíso (Aproves), Joaquim Assis Moraes a luta continua. Nesta tarde, membros das associações se reuniram e decidiram liberar os motoristas que não são do município e queiram ir embora, porém, não garantiram a passagem deles em demais bloqueios e outros ponto de rodovias do estado.
“Acreditamos que o governo pode fazer proposta melhor, se essa redução anunciada fosse na bomba (nos postos de combustíveis), pensaríamos em encerrar o movimento, mas sabemos que a redução é na refinaria e o que chega para nós é algo em torno de R$0,20. As demais demandas, como a isenção no pagamento de pedágio sob o eixo erguido, houve essa promessa anteriormente, mas precisamos disto documentado”, destaca.
Segundo Assis, em outras mobilizações, também foram feitas promessas no mesmo sentido, mas nada aconteceu. “Quando tudo estiver sacramentado, vamos trabalhar em cima de um incentivo maior no preço do diesel e, se isso acontecer, estaremos dispostos a negociar, mesmo porque a sociedade, assim como nós, já está cansada. Nós estamos com muita vontade de voltar para casa, de trabalhar e ver nossas famílias, mas ficar parado por todo esse tempo e voltar sem que seja feita uma proposta que realmente seja compensadora, não resolve nada, não compensa. Estamos dispostos a continuar paralisados”, acrescenta.
Para o presidente da Aproves, a mobilização surpreendeu o governo e, principalmente, a todos os profissionais da categoria porque até então, segundo conta, a classe não fazia ideia da dimensão da indignação do caminhoneiro. “É um reflexo da nossa inviabilidade em poder trabalhar. O presidente chegou a anunciar uso das forças de segurança federal, mas isto não surtiu efeito e ele voltou atrás. Graças a Deus, a sociedade de São Sebastião do Paraíso nos apoiou e tem apoiado com inúmeras doações e está sobrando mantimentos, mas se a greve se encerrar hoje, tudo isso será revertido para as instituições assistenciais do município”, completa. 
Para o presidente da Associação dos Amigos Caminhoneiros Paraisense, Edson Ferreira da Silva, o Edinho, a categoria se uniu imbuída para melhoria da classe, mas destaca que não é somente os caminhoneiros que aderiram a luta para baixar os custos, mas também produtores rurais e a sociedade como um todo. “Nós caminhoneiros não estamos tendo condições de repassar os custos para transportar as mercadorias, isso em Minas e no Brasil como todo e lá na parte final, também não estamos conseguindo comprar a própria mercadoria que transportamos, o custo é altíssimo”, avalia.
Conforme Edinho passou da hora do governo retirar esses impostos do caminhoneiro o que representaria uma redução em torno de 30%. “Alguém tem que arcar com isso para que possamos rodar e não sacrificar a população. A nossa ideia é lutar por isso, a nossa movimentação é pacífica e ordeira. Os caminhoneiros que estão aqui hoje estão alimentados, tem banho e todo o apoio. Estamos em um momento em que todo mundo quer ir embora, mas não estamos prendendo ninguém, fica aquele que realmente quer ficar e até quando eles puderem”, explica.
Edinho acrescenta ainda que mesmo tendo anunciando nova proposta, nada mudou para a categoria. “Foram publicadas medidas para beneficiar a categoria, mas não estão sendo cumpridas. Justifica cobrar eixo levantado? Eu vejo que o Brasil precisava sofrer um choque deste para entender que a mudança é para todos, não apenas para o caminhoneiro. A população toda quer isto, é uma mudança para melhor. É preciso terminar com essa roubalheira, como nossos governantes têm feito, e isso está provado, a situação seria muito melhor”, completa.
O presidente da Atropar, Marcio Pimenta, diz que a liberação para que os caminhoneiros que quiserem ir embora não deve enfraquecer o movimento. “Foram poucos que foram embora, mas iremos continuar a paralisação, muitas pessoas estão aderindo, nada mudou. A proposta do Governo não está funcionando. Iremos esperar para ver o que irá acontecer e continuaremos firmes aqui”, completa.