COLHEITA

Safra de café na região deve bater recorde em 2018

Expectativa para Paraíso é colheita em torno de 300 mil sacas
Por: João Oliveira | Categoria: Acidente | 17-07-2018 16:07 | 5707
Prevê-se ainda uma colheita nacional de  58,7 até 60,5 milhões de sacas no ciclo
Prevê-se ainda uma colheita nacional de 58,7 até 60,5 milhões de sacas no ciclo Foto: Reprodução

A colheita de café segue em ritmo acelerado em toda região e deve bater recorde este ano, segundo aponta o especialista de mercado, Gilson Souza, da Safras & Negócios.  Até o momento foram comercializados 30% da produção arábica contra 25% em 2017 para o mesmo período. Conforme o especialista, o atraso na colheita tirou um pouco da fluidez dos negócios, evitando um desempenho comercial ainda melhor. Em Paraíso, colheita já atinge 40% dos mais de 12 mil hectares do produto plantado no município. 
“A colheita da atual safra (2018/19) atingia 45% do total até 15 de julho, abaixo dos 50% de há ano e da média de cinco anos atrás. A produção em nossa região, que representa aproximadamente 23 municípios, neste ano terá uma colheita de 3 a 3,4 milhões de sacas, acredita-se que seja recorde. Prevê-se ainda uma colheita nacional de  58,7 até 60,5 milhões de sacas no ciclo”, destaca Souza.
Em São Sebastião do Paraíso, de acordo com o engenheiro agrônomo da Emater no município, João Bosco Minto, a expectativa de produção é estimada em cerca de 336 mil saca colhidas. Ele acredita que se os municípios mantiverem este ritmo de produção, é possível que se atinja a projeção de 3 milhões de sacas na somatória dos 23 municípios. 
“Em Paraíso, a colheita já atingiu 40% da produção. Temos observado uma qualidade excelente do grão chegando aos armazéns em relação à última safra. Isso está acontecendo porque o clima contribuiu bastante e, na última safra a chuva prejudicou bastante a colheita e a produção”, completa o engenheiro agrônomo.



 



PREÇO
Conforme Gilson, a sustentação das cotações em reais, dentro de um cenário de entrada de safra recorde, acabou estimulando os negócios e garantindo a liquidez do mercado. O especialista cita análise do pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Celson Luíz Vegra, que afirma que a desvalorização do real, em maio de 2018, acentuou o movimento dos investidores nos contratos futuros negociados na Bolsa. “Ainda que o país conte com expressiva reserva, a desconfiança por parte do mercado, fatalmente trará consequências nefastas para a economia já em situação de beirada de abismo”, diz Vegra.
Segundo o especialista, as cotações do mercado futuro de café arábica registradas na Bolsa de Nova York contabilizadas em junho de 2018 refletem medianamente a intensidade do movimento de desvalorização cambial brasileiro. “Entre a primeira e a terceira semanas do mês, as médias das cotações futuras exibiam baixa consistente. Na posição de dezembro deste ano, por exemplo, declinaram de US$ 129,61/lbp para US$ 123,33/lbp, ou seja, declínio de 4,84% no período, percentual esse que, porém, foi parcialmente devolvido com alta sustentada nas duas semanas seguintes do mês”, explica.
De acordo com Gilson Souza, os cafeicultores receberam, na média do mês de junho, entre R$ 448 e R$ 455,00 saca, pelo tipo 6, bebida dura. Comparando-se este preço com a média da cotação futura em segunda posição (quinta semana de setembro) de US$ 120,14/lbp, após efetuar as devidas conversões e ajustes, obtêm-se uma vantagem de 5% frente à venda no mercado físico, o que, em tempos de declínio da Selic e baixo retorno para as aplicações financeiras, pode ser um atrativo relevante para aumentar o número de operações contratadas.
“A sinalização de que o mercado não deve encontrar constrangimentos no fluxo de suprimento é atestada pela prevalência da posição vendida entre os fundos e grandes investidores. Em junho o inverno no Hemisfério Sul, caso sem rigor do inverno se mantenha nos mesmos moldes dos anos anteriores, uma reação para as cotações somente deve ser esperada a partir de outubro, quando começam a se formar as expectativas para a próxima safra”, ressalta.



 



QUALIDADE DA BEBIDA
A colheita da última safra teve a qualidade dos grãos prejudicada devido ao não favorecimento do clima que ocasionou o surgimento de broca, além de quebra da colheita em pelo menos 30%. Porém, para este ano, o especialista aponta que colheita de arábica tem tido bom desenvolvimento, como pode ser observado no quadro de comparativo de safras.



 



Exportação
Em relação à exportação, Gilson ressalta que o País exportou 30,3 milhões de sacas de café no encerramento da Safra 2017/2018 (julho de 2017 a junho de 2018). “Entre as variedades embarcadas no período, o café arábica representou 86,4% das exportações (26.158.980 sacas); o solúvel, 11,4% (3.444.560 sacas); e o robusta, 2,2% (670.840 sacas). “Vale destacar que a última variedade (robusta) apresentou crescimento de 140,9% no Ano Safra 2017/2018 em relação ao Ano Safra 2016/17, quando foram exportadas 278.425 sacas”.
Ainda, segundo aponta, esse resultado representa uma redução de 8,4% em relação a Ano Safra anterior (2016/17), gerando receita cambial de US$ 4,9 bilhões, com decréscimo de 14,3% em relação ao período anterior. Conforme destaca o especialista, os dados são do relatório divulgado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).



 



OFERTA E DEMANDA MUNDIAL
A Organização Internacional do Café (OIC) cortou sua previsão para a produção global de café em 2017/18 para 158,56 milhões de sacas de 60 quilos, pouco abaixo da previsão anterior, de 159,66 milhões. A produção de café robusta deve ser de 61,40 milhões de sacas, caindo em comparação à previsão anterior, de 62,24 milhões, enquanto a de café arábica foi revisada para 97,16 milhões, ante 97,43 milhões.
“A OIC previu um déficit global de 1,36 milhão de sacas, ante um de 254 mil sacas estimado há um mês, mantendo o consumo 2017/18 a 159,92 milhões. O órgão também aumentou sua previsão para a safra global de café 2016/17 para 159,05 milhões de sacas, de 157,69 milhões, deixando o mercado com um excesso de oferta na temporada. Anteriormente, a OIC havia visto um pequeno déficit”, completa.