CGU revela fraudes bilionárias em descontos não autorizados a aposentados e pensionistas do INSS

Relatório sigiloso da Controladoria-Geral da União (CGU), concluído em setembro de 2024, foi tornado público e revela um esquema de descontos indevidos nos benefícios pagos pelo INSS a aposentados e pensionistas.
A apuração
ganhou novo fôlego após a deflagração da operação “Sem Desconto” da Polícia
Federal, que resultou na queda do então presidente do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto.
Segundo o
documento, quase R$ 8 bilhões foram desviados dos pagamentos de beneficiários
entre 2016 e 2024, sendo repassados a entidades privadas que alegavam oferecer
serviços como assistência jurídica, descontos em redes de farmácia, exames médicos,
serviços residenciais e auxílio funeral. No entanto, a imensa maioria dos
beneficiários sequer tinha conhecimento dessas filiações ou autorizou qualquer
débito em seus vencimentos.
O relatório
aponta fragilidades nos controles internos do INSS, o que, segundo a CGU,
facilitou a ocorrência das fraudes. A auditoria foi realizada com base em 1.273
entrevistas presenciais com aposentados e pensionistas de diversas regiões do
país. Do total, apenas 52 afirmaram estar filiados a alguma entidade e somente
31 confirmaram ter autorizado os descontos.
Os dados revelam um cenário alarmante: 95,9% dos entrevistados disseram não ter vínculo com nenhuma entidade que recebia os valores descontados, e 97,6% negaram ter autorizado os débitos. Outro dado preocupante é que 72,4% dos beneficiários relataram não conseguir acompanhar os extratos de pagamento, o que dificultava a identificação de irregularidades. Entre os que conseguiam acessar os extratos, muitos relataram obstáculos para cancelar os descontos.