Após fraude no INSS, Lupi pede demissão do Ministério da Previdência
Atual secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz assume cargo

Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil
O ministro
da Previdência, Carlos Lupi, acertou sua saída do cargo, nesta sexta-feira (2),
após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do
Planalto, em Brasília.
Em seu
lugar, o Palácio do Planalto anunciou ex-deputado federal Wolney Queiroz, atual
secretário-executivo da pasta. O agora ex-ministro, que é presidente nacional
do PDT, anunciou a saída do governo em uma postagem nas redes sociais.
"Tomo
esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas
investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS. Faço
questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por
todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo
Lula. Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os
responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para
prejudicar o povo trabalhador", escreveu Lupi.
Segundo o
Planalto, a exoneração de Lupi e a nomeação de Wolney serão publicadas ainda
nesta sexta em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). A troca no
comando do Ministério da Previdência ocorre uma semana após a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da
União (CGU) deflagrarem uma operação conjunta que apura um suposto esquema
de descontos não autorizados de mensalidades associativas em benefícios do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
"Continuarei
acompanhando de perto e colaborando com o governo para que, ao final, todo e
qualquer recurso que tenha sido desviado do caminho de nossos beneficiários
seja devolvido integralmente. Deixo meu agradecimento aos mais de 20 mil
servidores do INSS e do Ministério da Previdência Social, profissionais que
aprendi a admirar ainda mais nestes pouco mais de dois anos à frente da Pasta.
Homens e mulheres que sustentam, com dedicação, o maior programa social das
Américas", prosseguiu Carlos Lupi.
Deputados de
oposição protocolaram, na última quarta-feira (30), um requerimento de criação
da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os sindicatos envolvidos na fraude do INSS. Pressionado pela oposição,
Lupi chegou a prestar depoimento durante sessão da Comissão de Previdência,
Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, também da Câmara dos
Deputados, realizada na terça-feira (29), mas sua permanência à frente da pasta
acabou ficando insustentável.
A PF
informou ter reunido indícios da existência de irregularidades em parte dos
cerca de R$ 6,3 bilhões que a cobrança das mensalidades associativas movimentou
apenas entre 2019 e 2024. Nos dias seguintes, a CGU e o próprio INSS tornaram
públicos os resultados de auditorias realizadas desde 2023, que também apontavam inconsistências e problemas relacionados ao
tema.
Para reaver
o dinheiro retroativo aos anos anteriores, a Advocacia-Geral da União (AGU)
montou um grupo para buscar a reparação dos prejuízos. Esse grupo se
reuniu na tarde desta sexta, na sede da AGU, envolvendo o próprio
advogado-geral da União, Jorge Messias; o presidente da Dataprev, Rodrigo
Assumpção e o novo presidente do INSS, nomeado há dois dias.
Na última
quinta-feira (30), em pronunciamento nacional por ocasião do Dia do
Trabalhador, Lula prometeu que os prejudicados serão ressarcidos.