Reitor da UFLA destaca potencial do campus de Paraíso e projeta crescimento com foco em inovação tecnológica

Em entrevista ao Jornal do Sudoeste, o reitor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), professor José Roberto Soares Scolforo, traçou um panorama otimista e ao mesmo tempo crítico sobre o desenvolvimento do campus de São Sebastião do Paraíso. O dirigente abordou desde a concepção dos cursos até as perspectivas de crescimento, destacando a importância do apoio institucional e da integração com a comunidade local.
O reitor
explicou que o campus segue o modelo de formação em etapas. Os alunos iniciam
com um Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, curso de três anos
com forte base em conteúdos práticos e aplicados, como desenvolvimento de
software, sistemas elétricos e produção industrial. Ao término dessa fase, os
estudantes obtêm um diploma e podem seguir diretamente para uma das três
engenharias disponíveis: Engenharia de Software, Engenharia Elétrica ou
Engenharia de Produção, sem a necessidade de nova prova.
Segundo
Scolforo, a proposta do curso inicial é oferecer uma formação sólida que
permita ao estudante ingressar no mercado de trabalho ou continuar os estudos.
“É um bacharelado concreto, com disciplinas muito focadas em ciência e
tecnologia. A pessoa sai com diploma e tem a opção de continuar e se
especializar em engenharia”, explicou.
Apesar do
potencial do modelo, o reitor reconheceu falhas na comunicação institucional
que, segundo ele, comprometeram a adesão inicial. “As pessoas não conheciam o
bacharelado interdisciplinar. Muitos perderam a chance de estudar aqui porque
não viam explicitamente o nome ‘engenharia’ no curso.
Vamos
corrigir isso, colocando a informação de forma mais clara na nomenclatura
oficial”, garantiu.
O cenário,
no entanto, já mostra sinais de mudança. No primeiro semestre de 2025, pela
primeira vez desde sua inauguração, o campus preencheu todas as vagas
disponíveis nas três engenharias, totalizando 90 alunos. “Isso é um marco.
Começamos a colher os frutos desse esforço”, celebrou o reitor.
Scolforo
também projetou novos passos para o campus: retomada das obras da biblioteca e
do prédio das engenharias, com investimentos de R$ 3 milhões e R$ 17 milhões,
respectivamente, e previsão de conclusão em dois anos. Além disso, está em
estudo a criação de cursos noturnos voltados à Geração Z, com foco em áreas
como Inteligência Artificial e Desenvolvimento de Jogos Digitais.
Contudo, o
reitor foi enfático ao afirmar que o crescimento do campus depende de acolhimento
e envolvimento das lideranças e da população local. “Um campus nasce pequeno,
como um bebê. Precisa ser acolhido, bem cuidado, receber carinho e apoio para
crescer com saúde. Faltou isso em Paraíso”, lamentou, mencionando que a
universidade, por sua vez, também falhou em não se aproximar da cidade no
pós-pandemia.
Com 35
docentes já atuando na unidade e previsão de novos concursos para docentes e
técnicos ainda neste ano, a expectativa é consolidar uma estrutura que estimule
inovação e empreendedorismo. “Já temos parcerias com empresas locais, projetos
em andamento e cerca de R$ 2,1 milhões captados em interações com a indústria.
Mas queremos mais”, reforçou o reitor.
Além da
formação acadêmica, Scolforo defende que o campus se torne um espaço de convivência
comunitária. Ele propôs que, uma vez urbanizado, o local seja aberto à
população para atividades de lazer, como caminhadas, passeios de bicicleta e
piqueniques, desde que respeitadas regras de convivência.
“Queremos
que a população se sinta parte do campus, que traga suas crianças, que veja
aqui um espaço de cultura, conhecimento e qualidade de vida”, afirmou. “O que
move uma cidade é o conhecimento, e este campus tem potencial de colocar São
Sebastião do Paraíso no mapa da inovação tecnológica do Brasil”.
Por fim, o
reitor deixou uma mensagem de otimismo: “Não sabemos fazer milagres,
isso é para Deus. Nós sabemos trabalhar. E é isso que vamos continuar fazendo
aqui”.
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