Reitor da UFLA destaca potencial do campus de Paraíso e projeta crescimento com foco em inovação tecnológica

Foto: Nelson Duarte/Jornal Sudoeste

Em entrevista ao Jornal do Sudoeste, o reitor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), professor José Roberto Soares Scolforo, traçou um panorama otimista e ao mesmo tempo crítico sobre o desenvolvimento do campus de São Sebastião do Paraíso. O dirigente abordou desde a concepção dos cursos até as perspectivas de crescimento, destacando a importância do apoio institucional e da integração com a comunidade local.

O reitor explicou que o campus segue o modelo de formação em etapas. Os alunos iniciam com um Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, curso de três anos com forte base em conteúdos práticos e aplicados, como desenvolvimento de software, sistemas elétricos e produção industrial. Ao término dessa fase, os estudantes obtêm um diploma e podem seguir diretamente para uma das três engenharias disponíveis: Engenharia de Software, Engenharia Elétrica ou Engenharia de Produção, sem a necessidade de nova prova.

Segundo Scolforo, a proposta do curso inicial é oferecer uma formação sólida que permita ao estudante ingressar no mercado de trabalho ou continuar os estudos. “É um bacharelado concreto, com disciplinas muito focadas em ciência e tecnologia. A pessoa sai com diploma e tem a opção de continuar e se especializar em engenharia”, explicou.

Apesar do potencial do modelo, o reitor reconheceu falhas na comunicação institucional que, segundo ele, comprometeram a adesão inicial. “As pessoas não conheciam o bacharelado interdisciplinar. Muitos perderam a chance de estudar aqui porque não viam explicitamente o nome ‘engenharia’ no curso.

Vamos corrigir isso, colocando a informação de forma mais clara na nomenclatura oficial”, garantiu.

O cenário, no entanto, já mostra sinais de mudança. No primeiro semestre de 2025, pela primeira vez desde sua inauguração, o campus preencheu todas as vagas disponíveis nas três engenharias, totalizando 90 alunos. “Isso é um marco. Começamos a colher os frutos desse esforço”, celebrou o reitor.

Scolforo também projetou novos passos para o campus: retomada das obras da biblioteca e do prédio das engenharias, com investimentos de R$ 3 milhões e R$ 17 milhões, respectivamente, e previsão de conclusão em dois anos. Além disso, está em estudo a criação de cursos noturnos voltados à Geração Z, com foco em áreas como Inteligência Artificial e Desenvolvimento de Jogos Digitais.

Contudo, o reitor foi enfático ao afirmar que o crescimento do campus depende de acolhimento e envolvimento das lideranças e da população local. “Um campus nasce pequeno, como um bebê. Precisa ser acolhido, bem cuidado, receber carinho e apoio para crescer com saúde. Faltou isso em Paraíso”, lamentou, mencionando que a universidade, por sua vez, também falhou em não se aproximar da cidade no pós-pandemia.

Com 35 docentes já atuando na unidade e previsão de novos concursos para docentes e técnicos ainda neste ano, a expectativa é consolidar uma estrutura que estimule inovação e empreendedorismo. “Já temos parcerias com empresas locais, projetos em andamento e cerca de R$ 2,1 milhões captados em interações com a indústria. Mas queremos mais”, reforçou o reitor.

Além da formação acadêmica, Scolforo defende que o campus se torne um espaço de convivência comunitária. Ele propôs que, uma vez urbanizado, o local seja aberto à população para atividades de lazer, como caminhadas, passeios de bicicleta e piqueniques, desde que respeitadas regras de convivência.

“Queremos que a população se sinta parte do campus, que traga suas crianças, que veja aqui um espaço de cultura, conhecimento e qualidade de vida”, afirmou. “O que move uma cidade é o conhecimento, e este campus tem potencial de colocar São Sebastião do Paraíso no mapa da inovação tecnológica do Brasil”.

Por fim, o reitor deixou uma mensagem de otimismo: “Não sabemos fazer milagres, isso é para Deus. Nós sabemos trabalhar. E é isso que vamos continuar fazendo aqui”.

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