Janaína Godói marca e faz história: Nun’Álvares conquista primeiro título português de futsal feminino
Paraisense faz gol decisivo na vitória por 8 a 0 sobre o Santa Luzia e garante ao Nun’Álvares o primeiro título da elite do futsal feminino português

Em noite
de quadra lotada e ingressos esgotados em Fafe, a ala paraisense Janaína Godói,
23 anos, selou com um gol a vitória por 8 a 0 sobre o Santa Luzia e entregou ao
Nun’Álvares o primeiro troféu do Campeonato Nacional de Futsal Feminino de
Portugal. “Eu tinha acabado de entrar no jogo, no meu segundo toque na bola fiz
o terceiro gol, foi uma sensação única, a quadra estava lotada, ingressos esgotados
antecipadamente, foi a melhor sensação do mundo”, lembra.
O título
encerra uma temporada de 15 gols da brasileira na liga de elite, disputada por
12 equipes. “É o campeonato português de futsal, são 12 equipes na primeira
divisão, é um campeonato mais importante do país, fiz 15 nessa competição”,
resume. Além de inédito para o clube minhoto, o feito ganha peso extra por ter
deixado o tradicional Benfica pelo caminho: “Foram as competições que bateram
na trave contra o Benfica, mas terminamos com chave de ouro.”
A série
decisiva retratou o contraste entre a goleada final e o sufoco do jogo anterior
em Vila do Conde. “Jogamos a final contra o Santa Luzia, apesar de ter ficado 8
a 0 no terceiro jogo, mas isso não dita o que foi a final, no segundo jogo na
casa delas saímos perdendo de 3 a 0 e viramos no fim do jogo”, explica Janaína.
Para a
atleta formada na escolinha de futsal da Prefeitura de São Sebastião do
Paraíso, erguer a taça nacional em menos de um ano de Europa parecia distante.
“Jamais, sempre tive o sonho de sair do Brasil e vir para a Europa, mais
especificamente para Portugal e acabou que vim e ainda conquistei o campeonato
do país.” A conquista, diz ela, “foi de extrema importância, meu primeiro
título nacional, um título que o clube ainda não tinha, mas que sempre sonhou,
foi um feito enorme”.
O
percurso exigiu resiliência. “Com certeza, toda adaptação é difícil, estar
longe não é fácil, mas aos poucos fui achando o meu espaço e hoje posso dizer
que foi a melhor escolha que fiz”, admite. Hoje, a sensação é de casa: “Estou
totalmente adaptada, já me sinto quase uma portuguesa, fui muito abraçada pelo
clube e cidade.”
No apito
final, a memória correu até Paraíso. “Da minha família, estar um ano longe
deles é com certeza a coisa mais difícil para mim.” Ainda assim, ela celebra o
significado simbólico do troféu: “É mais um sonho realizado, uma menina que faz
o que ama, abençoada, que enfrenta qualquer coisa pelo que mais quer.”
Com
contrato renovado, Janaína mira novos horizontes. “Vou continuar em Portugal
por mais um ano, quero conquistar mais títulos, sei que tem Copa do Mundo de
futsal feminino em novembro e quero estar lá”, conclui a atleta paraisense, que
agora volta para a cidade natal, onde vai aproveitar as férias ao lado da
família e dos amigos.
O INÍCIO DE TUDO
A
trajetória de Janaína é daquelas que parecem roteiro de filme esportivo. Filha
de Valdir e Marilei Godoi, a jovem começou a demonstrar afinidade com a bola
ainda na infância, em peladas de rua e torneios escolares. Aos oito anos,
chamou a atenção do professor Adalberto Alves, o Betinho, na escolinha
municipal de futsal. Ele percebeu algo diferente na garota, que nem mesmo tinha
categoria sub-11 feminina para jogar, e ainda assim treinava com adversárias
sub-13 e sub-15.
Foi com
esse talento precoce que ela chegou ao Barateiro Futsal, de Brusque (SC),
considerado um dos maiores clubes do País, onde despontavam jogadoras de
renome, como a ala Amandinha, eleita várias vezes a melhor do mundo.
Depois, a chance de jogar no São José a colocou novamente em evidência, com boas atuações e muitos gols. Fazendo uma excelente temporada, com muitos gols, a jovem chamou a atenção dos portugueses do Nun’Alvares em junho de 2024, que fizeram uma proposta ao clube joseense levaram Janaína para brilhas nas quadras europeias.