O pódio mais esperado da F1 e a demissão mais inesperada

Nico Hulkenberg finalmente deixou para trás a incômoda estatística de piloto com o maior número de corridas sem nunca ter conseguido um pódio, enquanto para Christian Horner, a casa caiu
Christian Horner(D) com Verstappen(E) e Helmut Marko ao fundo. Triângulo de vitórias e conflitos Foto: Divulgação

“Este era o pódio mais esperado da história da F1. Você arrasou. Fantástico trabalho”. A mensagem foi do diretor esportivo da Sauber, Jonathan Wheatley, para Nico Hulkenberg no rádio durante a volta de desaceleração. Passaram-se 15 anos desde a sua estreia na F1 para finalmente, depois de 239 corridas, Nico Hulkenberg conquistar o seu primeiro pódio. E ele veio em uma excepcional atuação no caótico GP da Inglaterra intercalado por chuva e sol em Silverstone. Uma pilotagem irretocável do piloto alemão da Sauber que em condições traiçoeiras de aderência, sequer colocou uma roda fora da pista.

Hulkenberg largou de 19º e foi escalando o pelotão até ficar entre os primeiros. Tudo bem que ele ganhou algumas posições quando George Russell, Charles Leclerc, Gabriel Bortoleto, e Oliver Bearman arriscaram em vão uma estratégia ousada que não deu certo ao colocar pneus de pista seca quando o asfalto ainda estava molhado, no complemento da volta de apresentação. Mas nada tira os méritos da pilotagem de Hulkenberg que acertou em todas as estratégias de pneus e soube segurar os ataques de Lewis Hamilton com a Ferrari para se manter em 3º. Nico Hulkenberg estreou na Williams em 2010 como companheiro de Rubens Barrichello, mas até aqui só tinha uma pole position como destaque, conquistada em Interlagos no mesmo ano, em condições adversas como as de domingo em Silverstone. E apenas três 4º lugares como melhores resultados em corridas. Desde 2017 que Nico carregava a incômoda estatística de piloto com o maior número de corridas sem nunca ter subido ao pódio na F1 quando superou o número de corridas disputadas de outro alemão, Adrian Sutil, que encerrou a carreira com 128 GPs sem nunca ter obtido um pódio. 

RED BULL DEMITE CHRISTIAN HORNER COM EFEITO IMEDIATO

O mundo acordou com a explosão de uma bomba na F1, três dias após o GP da Inglaterra, com a inesperada demissão com efeito imediato, do chefe da Red Bull, Christian Horner. É verdade que a batata vinha assando nas mãos de Horner já algum tempo, mas a demissão neste momento estava fora dos radares, sem nenhum indício.

Horner é o mais longevo chefe de equipe de F1. Ele ingressou na Red Bull em 2005 quando o bilionário Dietrich Mateschitz, fundador da gigante das bebidas energéticas que dá nome à equipe, criou a Red Bull Racing. Sob o comando de Horner, que na época tinha apenas 34 anos (hoje com 51), o mais jovem a chefiar uma equipe, a Red Bull venceu 124 corridas e conquistou 6 títulos de Construtores e 8 de Pilotos (4 de Vettel e 4 de Verstappen).

Mas a posição de Horner começou a balançar no final de 2022 com a morte de Mateschitz, quando o ego subiu e deu início a uma disputa pelo poder entre ele e o consultor com poder de decisão, Helmut Marko, que era o braço direito do fundador da equipe, e apoiado pela ala austríaca detentora de 49% das ações da Red Bull. Horner contava com o apoio da ala tailandesa, dona de 51% da empresa, e foi o que lhe manteve no cargo no passado quando veio à tona o escândalo de assédio sexual contra uma funcionária da equipe que o denunciou. O caso foi a brecha para que o pai de Max Verstappen, Jos Verstappen, comprasse briga com Horner.

Os Verstappen, pai e filho, sempre foram aliados de Helmut Marko. Para complicar, a Red Bull começou a perder peças importantes de seu staff técnico, principalmente o projetista Adrian Newey, que foi para a Aston Martin, e Jonathan Wheatley que se debandou para a Sauber. Some se a isso a queda de rendimento dos carros no ano passado e principalmente nesta temporada, em que nenhum outro piloto consegue pilotá-lo, exceto Verstap-pen, e os rumores cada vez mais fortes de que o holandês possa deixar a Red Bull para correr na Mercedes, mesmo tendo contrato até o final de 2028, resultou na demissão de Horner.

A pergunta que não quer calar é se a demissão de Horner foi estratégica para segurar Verstappen, já que a saída de Horner para 2026 era um desejo do pai do piloto, ou se foi imposição do próprio Verstappen para seguir na equipe?

Enquanto isso, Laurent Mekies, chefe da Racing Bulls, equipe satélite da Red Bull, assume o cargo que era de Christian Horner, e Alan Permane, diretor de corridas, passa a ser o novo chefe da Racing Bull.