Maestro Verstappen venceu nas ruas de Baku em dia de deslize da McLaren
Azerbaijão não entregou a corrida que prometia, mas reservou boas histórias para ser contada, entre elas o inesperado pódio de Carlos Sainz com a Williams

O caos em que se instalou durante a definição do grid de largada para o GP do Azerbaijão devido às fortes rajadas de vento de cerca de 80 km/h, provocou vários acidentes que resultaram num recorde de seis interrupções com bandeiras vermelhas que durou nada menos que 1h58min para conhecer o pole position, tempo muito maior que 1h33min que Max Verstappen precisou para completar as 51 voltas da corrida. Por conta de toda a confusão do sábado, com vários carros largando fora de suas posições habituais, esperava-se uma corrida maluca no domingo, o que não aconteceu.
Foi monótono o GP do Azerbaijão, 17ª etapa do Mundial que
teve a vitória de ponta a ponta de Max Verstappen que comandou a corrida como
um maestro e registrou o seu 6º Grand Slam (2º consecutivo), que é largar da
pole position, fazer a volta mais rápida e liderar todas as 51 voltas,
igualando a marca de Lewis Hamilton, e atrás apenas de Jim Clark, recordista
nesse quesito que em 8 oportunidade nos anos 1960 fez a pole, a volta mais
rápida e venceu liderando todas as voltas. Em duas corridas, Verstappen reduziu
40 pontos a desvantagem que tinha - de 109 para 69 pontos - do líder do
campeonato, Oscar Piastri, que teve um final de semana para jogar no lixo.
Restam sete corridas pela frente e as chances de Verstappen existem, mas ele
precisará de um milagre para conquistar o 5º título Mundial de F1.
Piastri ainda mantém boa margem de 25 pontos para o
companheiro de McLaren, Lando Norris, que não conseguiu capitalizar em cima dos
raros erros do australiano que bateu durante o terceiro bloco da classificação
(Q3), e ficou apenas com a 9ª posição do grid, além de queimar a largada e
bater na primeira volta, causando o único Safety Car da corrida. Foi o primeiro
abandono de Piastri desde o GP de Las Vegas de 2023, encerrando a longa
sequência de 42 corridas consecutivas na zona de pontos. Azar ou sorte, se
assim pode dizer, Piastri foi flagrado pelas imagens de TV assistindo a corrida
pela tela de um celular enquanto via seu principal oponente na disputa pelo título,
Lando Norris, descontar apenas 6 dos 31 pontos de vantagem que tinha. Saiu no
lucro para Piastri o fato de Norris ter chegado apenas na 7ª posição numa
corrida em que a McLaren poderia ter conquistado o título de Construtores por
antecipação não fosse os vários problemas que seus pilotos enfrentaram nas ruas
de Baku.
Semana passada escrevi na coluna sobre a Williams que vem
numa grata ascensão, e o GP do Azerbaijão foi a cereja do bolo para a equipe
que passou os últimos anos nas últimas colocações do campeonato. A soma de
todos os pontos marcados de 2018 a 2024 não passou de 84, e agora já são 109 só
nesta temporada! Carlos Sainz terminou em 3º depois de ter conquistado uma
inesperada 2ª posição no grid de largada. Foi o primeiro pódio real da Williams
desde 2017 obtido lá mesmo no Azerbaijão. Em 2021 George Russell, atualmente na
Mercedes e que terminou a corrida em 2º superando problemas de saúde, havia
sido declarado 2º colocado com a Williams no GP da Bélgica, mas aquela foi uma
corrida que teve somente duas voltas completadas atrás do Safety Car por conta
de muita chuva. E não passou despercebido o fato de Sainz ter alcançado o
primeiro pódio com a Williams antes de Lewis Hamilton com a Ferrari, já que
Sainz foi dispensado pela equipe italiana no final do ano passado para a
chegada do heptacampeão.
Não faltou festa nos boxes da equipe inglesa comandada por
James Vowles, a quem considero o melhor chefe de equipe de F1 da atualidade.
“Tive a sorte de conquistar alguns pódios na minha carreira, mas este é um que
lembrarei para sempre, conquistado por uma equipe que apenas lutava para
sobreviver e agora luta para voltar a esta posição”, disse Vowles.
Gabriel Bortoleto não teve grande destaque no GP do
Azerbaijão pela falta de adaptação de seu carro às características das ruas de
Baku e à ventania do final de semana. Mesmo assim fez corrida sólida e dominou
mais uma vez o experiente companheiro de Sauber, Nico Hulkenberg, o que não
deixa de ser relevante.
DRUGOVICH SERÁ PILOTO
DA FÓRMULA E
Felipe Drugovich, piloto reserva da Aston Martin desde 2022 quando se
tornou campeão da F2, será piloto da equipe Andretti na Fórmula E, o campeonato
Mundial de carros elétricos. O talentoso piloto brasileiro esperou o quanto
pode por uma vaga de titular na F1, mas chegou a hora de mudar os rumos da
carreira. Gosto da frase popular que diz “há vida fora da F1”. Não que o sonho
tenha sido deixado de lado. O mundo gira, mas por hora, a Fórmula E não deixa
de ser uma vitrine atraente.