Será o fim da duradoura paz entre os pilotos da McLaren?

Vitória de George Russell, ressurgimento da Red Bull e título da McLaren é a manchete principal do GP de Cingapura, que teve como pano de fundo a batida de Norris em Piastri
Lando Norris terminou em 3º depois de superar Piastri com um toque na largada em Cingapura Foto: F1 / Divulgação

George Russell surgiu do nada e conquistou surpreendente vitória na quente noite de Cingapura em uma pista que nem ele soube explicar de onde veio tamanho desempenho da Mercedes desde a classificação, onde também conquistou uma pole position que estava fora das expectativas. O britânico que ainda não teve o seu contrato renovado com a Mercedes para o próximo ano, dominou a corrida sem dar chances aos adversários. Max Verstappen tentou estratégia diferente ao largar com pneus macios, mas Russell se defendeu bem com os pneus médios e se tornou o sexto piloto diferente a vencer nos últimos seis GPs de Cingapura que pelo segundo ano seguido não teve a intervenção do Safety Car. Cingapura tem o histórico de em 14 dos seus 16 Grandes Prêmios terem ocorrido interrupções por bandeira amarela. Apenas para ilustrar o cenário, sem efeito estatístico, Bernd Maylander, piloto oficial do carro de segurança, é o terceiro nome da lista de pilotos que mais liderou voltas no Circuito de Marina Bay. 

Max Verstappen terminou em 2º com a Red Bull seguido pela dupla da McLaren com Lando Norris em 3º e Oscar Piastri em 4º. A Red Bull confirmou a evolução de seu carro numa pista em que seu desempenho era uma grande incógnita. E Verstappen que dizia estar apenas se divertindo corrida a corrida sem pensar em campeonato, agora já fala em lutar enquanto houver chances matemáticas de título. Talvez uma forma de tentar desestabilizar emocionalmente a dupla da McLaren que saiu estremecida justamente no dia de festa da equipe inglesa que conquistou o 10º título Mundial de Construtores com seis corridas de antecedência, igualando o recorde de precocidade da Red Bull que obteve o feito em 2023. Este é o segundo título consecutivo da McLaren que não vencia dois campeonatos seguidos desde 1990.

A McLaren superou a Williams e está atrás apenas da Ferrari que já venceu 16 campeonatos de construtores, o último deles já no distante ano de 2008.

Mas apesar das comemorações, enquanto escrevo essa coluna, muita conversa já deve ter rolado entre o chefe da equipe, Andrea Stella, com seus pilotos depois do toque que Lando Norris deu em Oscar Piastri na Curva 3 após a largada. O ambiente que era de paz entre os dois, deu lugar a um climão. Piastri reclamou pelo rádio que “aquilo não era trabalho de equipe”, e ouviu do engenheiro um sonoro “foque na corrida e no que você tem que fazer”.

PIASTRI JÁ ENTENDEU QUE PODE HAVER PREFERÊNCIAS POR NORRIS

Oscar Piastri evitou comentar o ocorrido na largada do GP de Cingapura, mas era visível sua insatisfação. Duas corridas atrás, ele recebeu ordem para ceder a 2ª posição para Lando Norris por conta do erro de um mecânico que resultou num pit stop ruim do rival. Piastri obedeceu, mas indagou se “pit stop lento fazia parte do acordo”. O acordo era para que Piastri, então 3º colocado, trocasse primeiro seus pneus, e caso ganhasse a posição de Norris (2º) em condições normais, ela seria devolvida. Há um acordo entre as equipes da F1 de que, quem está na frente do companheiro, tem a preferência para trocar primeiro os pneus. A McLaren entendeu que Piastri precisava se defender de Charles Leclerc (Ferrari) que vinha em 4º, e por isso ordenou que o australiano fizesse o pit stop antes de Norris. O que não estava no acordo era a troca de posições por falha da equipe.

Piastri é o líder do campeonato e nas últimas três corridas viu o principal adversário descontar pontos importantes na disputa do título. A diferença que já foi de 31 pontos agora está em 22, restando 6 corridas e três Sprints pela frente num total de 174 pontos em jogo. É aí que Verstappen, mesmo 63 pontos atrás do líder, vai tentar desestabilizar o clima entre a dupla da McLaren para buscar o pentacampeonato com as poucas chances que tem.

O campeonato está aberto, mas a partir de agora Piastri terá que se impor mais, ainda que para isso tenha que atropelar as regras internas da equipe.