Rancho Pega Nada, março de 1988. Às margens serenas da represa de Furnas, o cenário parecia ter sido preparado pela própria natureza para um acontecimento que ficaria na memória da música sertaneja e também na história do Jornal do Sudoeste. Naquele final de semana prolongado de Carnaval de 1988, o rancho “Pega Nada” transformou-se em palco de um reencontro há muito esperado: Tibagi e Miltinho, dupla consagrada nos anos 1960, voltavam a se abraçar e cantar, após anos de afastamento.

O clima era de pura emoção. Mais que uma simples reunião de amigos, o encontro foi uma celebração da arte, da amizade e da saudade. Os dois artistas rememoraram tempos gloriosos, sucessos que embalaram gerações e histórias que atravessaram fronteiras. A música voltou a unir o que o tempo havia separado.

A reunião só foi possível graças à iniciativa e ao espírito agregador do empresário Wagner Perticarrari, o Vané, um paulista bem-sucedido no ramo automobilístico, mas que nunca deixou de lado sua paixão pela música sertaneja. Amigo de longa data de Miltinho, foi ele quem soube que Tibagi vivia em São Sebastião do Paraíso, onde apresentava um programa nas manhãs da Rádio Difusora. Sensível à importância daquele reencontro, Vané não mediu esforços para concretizá-lo — e contou com o apoio e a intermediação do Jornal do Sudoeste, que acompanhou e registrou cada instante com o olhar atento de quem reconhece a força da cultura e da memória.

Tibagi ganhou um novo amigo, e a retífica do motor de seu carro que já estava “queimando óleo quarenta”.

O resultado foi um fim de semana inesquecível. O rancho “Pega Nada” se encheu de acordes e de vozes amigas. Entre os convidados, nomes de Ribeirão Preto, de São Sebastião do Paraíso e de outras cidades se uniram num ambiente de confraternização, música e nostalgia. Músicos paraisenses Presidente e Senador também participaram, reforçando o elo afetivo entre o município e os protagonistas daquela história.

Anos depois, o reencontro de Tibagi & Miltinho teve continuidade em São Sebastião do Paraíso, quando ambos receberam uma homenagem pública na Praça dos Imigrantes, diante da Prefeitura Municipal — outro momento de emoção que reforçou os laços entre a cidade, seus artistas e o Jornal do Sudoeste, sempre presente nas passagens marcantes da vida local.

Memória viva

O registro desse episódio é parte da trajetória que o Jornal do Sudoeste vem construindo há quatro décadas.

Desde 1985, o jornal tem sido testemunha e narrador dos grandes acontecimentos que moldam a história de São Sebastião do Paraíso e da região.

O reencontro de Tibagi e Miltinho, em 1988, é um exemplo do compromisso permanente do Jornal do Sudoeste com a preservação da memória, com a valorização da arte e da cultura, e com o reconhecimento daqueles que ajudam a contar — em verso, prosa e canção — a história do povo paraisense.

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