Interlagos foi um espetáculo dentro e fora da pista
Não faltou ação, diversão e público no GP de São Paulo, a melhor corrida do ano até aqui. E a organização tem muito do que se orgulhar e comemorar do evento que levou 303,6 mil pessoas ao autódromo no final de semana
Interlagos é daquelas pistas que faça chuva ou faça sol, é
garantia de boas corridas. Desta vez os alertas de temporais não se
concretizaram, e a chuva não fez a menor falta para que que corrida fosse uma
das mais movimentadas do ano. O espetacular autódromo paulistano quando não
decide o campeonato (cinco já foram decididos aqui de 2005 a 2009 e 2012 desde
que a corrida foi transferida para o final do calendário) costuma encaminhar
quem deverá ser o campeão. E este, ao que tudo indica, será Lando Norris. O
britânico da McLaren deu passo importante na busca pelo seu primeiro título na
F1 ao deixar o Brasil com o máximo de pontos possíveis somados em um final de
semana de corrida sprint (33). Ele fez as pole positions para a sprint e para a
corrida principal, e venceu as duas. De quebra, viu seus principais adversários
enfrentarem problemas, com o vice-líder Oscar Piastri, abandonar a minicorrida
e terminar apenas em 5º no domingo, e Max Verstappen que teve uma péssima
classificação no sábado e terminou em 3º na corrida principal, o que fez com que
a diferença subisse de 36 para 49 pontos, restando três corridas para o término
do campeonato.
Mas a atuação de Verstappen valeu o ingresso das mais de 300
mil pessoas que passaram pelas catracas de Interlagos durante o final de
semana. O público total foi de 303.627 pessoas, novo recorde da F1 no Brasil,
um aumento de 4,1% em relação a 2024. O holandês terminou a sprint apenas em
4º, cheio de problemas de estabilidade com seu Red Bull, e por conta disso teve
uma de suas piores classificações desde que estreou na F1 em 2015, sem sequer
avançar para o segundo bloco da classificação (Q2), ficando apenas em 16º no
grid. Foi aí que a equipe decidiu virar a chave e mudar tudo no carro de
Verstappen (motor, assoalho e configurações aerodinâmicas) que largou dos boxes
e teve uma tarde espetacular. Foi um dia de Senna, diga-se, para ilustrar bem a
atuação do holandês que terminou no pódio.
Ainda no começo da corrida ele teve um pneu furado quando já
havia iniciado uma forte recuperação, perdeu posições e na sequência fez várias
ultrapassagens, entre elas a mais bonita de todas e candidata a melhor do ano
sobre George Russell, por fora na primeira perna do S do Senna, para assumir a
terceira posição em que terminou colado no não menos brilhante Kimi Antonelli
que chegou em 2º. Sobre o jovem piloto da Mercedes, de apenas 19 anos, vale o
registro do bom desempenho em todas as atividades do final de semana, sempre em
2º lugar no treino livre, classificações para as duas corridas e da mesma forma 2º em ambas.
Já Gabriel Bortoleto não teve a estreia que sonhou para
Interlagos depois de 8 anos que um brasileiro não corria em casa. Ele sofreu um
grave acidente na última volta da sprint quando disputava a 10ª posição, e com
o seu carro totalmente destruído, não houve tempo de a equipe recuperá-lo para
a classificação. Bortoleto largou do final do grid, fez duas belas
ultrapassagens, mas se enroscou com Lance Stroll e ficou na barreira de pneus
sem sequer completar uma volta. Todo erro que Gabriel não cometeu em sua temporada
de estreia, aconteceu aqui, mas isso faz parte do aprendizado e certamente o
fará mais forte.
Fora da pista, o GP de São Paulo recebeu elogios pela
interpretação do Hino Nacional ao ritmo de bossa nova cantado por Thiaguinho, a
Esquadrilha da Fumaça coloriu o céu de Interlagos antes da largada, mas o
público e os pilotos se divertiram mesmo com os carrinhos motorizados que a
organização do GP entregou a cada equipe para o desfile dos pilotos,
substituindo a apresentação sem graça de anos anteriores quando eles desfilavam
na carroceria de um caminhão. E virou competição quando os pilotos foram
informados de que quem chegasse primeiro sentaria no banco do motorista, e o
outro ficaria no banco do carona.
O balanço do GP de São Paulo foi altamente positivo, com impacto econômico de R$ 2,3 bilhões na cidade de São Paulo. É disparado o maior evento esportivo anual do país e que gerou 23,7 mil empregos, alta de 17,3% em relação ao ano passado. Tudo isso justifica os R$ 500 milhões que a prefeitura investiu em melhorias em Interlagos, que de acordo com os estudos dos indicadores do Índice de Alavancagem Econômica (IAE), para cada R 1,00 investido no GP de São Paulo, R$ 7,14 em média retornam à economia local. Então, que venha a edição de 2026 cujos ingressos já foram colocados à venda e o primeiro lote esgotou em poucos minutos.


