Aprovado em 1º turno projeto do governador para privatização da Copasa
Votação ocorreu em meio a críticas da oposição e protestos das galerias. Texto aprovado prevê estabilidade de 18 meses para empregados.
Após críticas de deputados da oposição e protestos vindos das galerias, o Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, em Reunião Extraordinária na manhã desta terça-feira (2), o Projeto de Lei (PL) 4.380/25, do governador Romeu Zema (Novo), que autoriza a privatização da Copasa.
A
proposição, aprovada de forma preliminar (1º turno), autoriza ao Governo de
Minas iniciar o processo de desestatização da Copasa, permitindo que o Estado
deixe de ser o controlador da companhia por meio de venda de ações ou aumento
de capital que dilua sua participação. A futura empresa deverá adotar o modelo
de corporation, no qual nenhum acionista sozinho concentra grande
poder decisório.
Foi acatado
no Plenário o texto (substitutivo nº 3), sugerido pela Comissão de Fiscalização
Financeira e Orçamentária (FFO), o qual incorpora mudanças feitas por
outras comissões e inclui a previsão de que, encerrado o prazo de estabilidade
assegurada aos trabalhadores da empresa, o Poder Executivo poderá adotar
medidas para a lotação deles em outras empresas públicas ou sociedades de
economia mista controladas pelo Estado.
Essa estabilidade
para empregados, definida em 18 meses após a privatização, não constava do
projeto original, e foi uma das mudanças inseridas ao longo da tramitação na
ALMG para os empregados constantes no quadro permanente da Copasa.
Presentes 68
parlamentares no momento da votação, o projeto foi aprovado em 1º turno com 50
votos favoráveis e 17 contrários. Pela sua natureza, o projeto exige quórum
especial, de 48 votos favoráveis, para aprovação.
Os recursos
financeiros obtidos com a desestatização serão exclusivamente utilizados para a
amortização da dívida ou para o cumprimento das demais obrigações do
Estado no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos
Estados (Propag), ressalvada a destinação de parte desses recursos para
fundo estadual de saneamento básico a ser criado por lei.
Emendas de
parlamentares foram rejeitadas pelo Plenário, seguindo parecer pela rejeição
dado na véspera pela FFO.
O texto aprovado nesta terça (2) retornará à FFO antes da
votação final, em 2º turno, e considera como desestatização a implementação de
uma das seguintes modalidades operacionais: alienação total ou parcial de
participação societária que resulte em perda ou transferência do controle
acionário do Estado. Aumento de capital, mediante a subscrição de novas ações,
com renúncia ou cessão, total ou parcial, dos direitos de subscrição, mediante
oferta pública de distribuição de valores mobiliários, de forma a acarretar a
perda do controle acionário do Estado
Em qualquer
das modalidades adotadas, aquele que adquirir a Copasa se obriga a atender às
metas de universalização da prestação dos serviços de abastecimento de
água e de esgotamento sanitário em todos os municípios do Estado atendidos
pela companhia, considerando a inclusão de áreas rurais e núcleos urbanos
informais consolidados, nos termos do Marco Legal do Saneamento, a Lei Federal 14.026,
de 2020.
Deverá
também adotar a aplicação da tarifa social de que trata a Lei Federal 14.898,
de 2024, e redução
tarifária, considerando, preferencialmente, a população mais vulnerável.
Outra
obrigação é a prestação de serviços de qualidade da água, mediante uma série de
ações, entre elas a busca constante de mecanismos de atendimento em épocas de
estiagem e de seca, promovendo a gestão sustentável dos recursos hídricos do
Estado e a mitigação dos impactos ambientais gerados por eventos climáticos
extremos; e a criação de instrumentos ágeis de contestação das contas pelos
consumidores.
Como votado
até aqui, fica a Copasa autorizada a adotar as ações e medidas necessárias para
realizar a operação de incorporação da sua subsidiária Copanor, a
Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais.
Obstrução
e defesa dividem pronunciamentos
Ainda na
fase inicial da reunião, o deputado Professor
Cleiton (PV) defendeu uma reflexão dos colegas contra a privatização,
citando matéria veiculada no jornal o Estado de São Paulo nesta terça (2),
abordando “como a privatização da Sabesp foi de trunfo a dor de cabeça para o
governador Tarcísio”, de São Paulo.
Ele também manifestou preocupação com os direitos dos servidores da empresa aposentados ou em vias de se aposentarem, diante de dívida que a Copasa teria com a Fundação Libertas, de previdência complementar.
Privatização da Copasa pode ser votada em definitivo dentro de até duas semanas
Estimativa
foi feita pelo presidente da ALMG, deputado Tadeu Leite, em entrevista a
jornalistas nesta terça-feira (2).
FOTO: Luiz Santana 
O presidente
Tadeu Leite destacou os aperfeiçoamentos feitos pela ALMG no projeto de lei.
Em
entrevista coletiva logo após a reunião extraordinária de Plenário na manhã
desta terça-feira (2), o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
(ALMG), deputado Tadeu Leite (MDB), disse que o Projeto de Lei (PL) 4.380/25, que autoriza a privatização da Copasa, pode ser votado
em 2º turno em uma ou duas semanas.
Tadeu Leite
destacou o aperfeiçoamento do texto ao longo de sua tramitação no Legislativo:
“Todos os projetos encaminhados pelo governo vão sendo aperfeiçoados, ao longo
do tempo, graças a emendas das deputadas e dos deputados, tanto de base quanto
de oposição. A Copasa é exemplo disso”.
“Nós precisamos
entregar serviços que cheguem à população. Mais de 50% das pessoas em Minas
Gerais ainda não têm esgoto tratado ou coletado. Então, esse é um dado ao qual
precisamos estar atentos, assim como a discussão de tarifas justas para
toda a população”, continuou o presidente da ALMG.
O texto
aprovado pela ALMG prevê metas de universalização dos serviços de abastecimento
de água e de esgotamento; tarifa social; estabilidade de 18 meses para os
atuais trabalhadores da Copasa após a privatização, e a obrigação de o
Executivo enviar um projeto para a criação do Fundo Estadual de Saneamento
Básico em até 180 dias após a privatização.
O presidente
da ALMG lembrou ainda que o projeto integra o Programa de Pleno Pagamento de
Dívidas dos Estados (Propag). “Nós temos uma oportunidade, que é o Propag, que
talvez não tenhamos mais em um futuro próximo. Então, precisamos gastar todos os
nossos esforços para resolver essa questão da dívida de Minas”, afirmou.
O projeto de lei de privatização da Copasa será analisado, em 2º turno, pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) e, posteriormente, pelo Plenário, também em 2º turno. Se for aprovado, ele segue para sanção do governador do Estado. (Ascom ALMG)


