Fórmula E deu a largada para a 12ª temporada com o E-Prix de São Paulo

O Jornal do Sudoeste acompanhou in loco a abertura do campeonato de carros 100% elétricos no Circuito do Sambódromo, no Anhembi
Foto: Fórmula E / Divulgação
Capotagem do estreante Pepe Marti nas últimas voltas marcou a abertura da Fórmula E em São Paulo

A Fórmula E deu a largada para a 12ª temporada de sua ainda curta existência como categoria de monopostos 100% elétricos, com o E-Prix de São Paulo. Essa foi a quarta vez consecutiva que o campeonato mundial chancelado pela Federação Internacional de Automobilismo veio ao Brasil, e diferente da F1 que corre em Interlagos, a Fórmula E corre no ‘Circuito do Sambódromo do Anhembi’, improvisado no complexo do Anhembi, tendo como a reta de largada e de chegada, a passarela onde desfilam as escolas de samba da capital paulista num total de 2.933 metros de extensão com 11 curvas, composto por três longas retas que expõe os carros a altas velocidades, numa das pistas mais velozes do calendário.

São Paulo é considerada a capital mundial do automobilismo por ser a única cidade no mundo que recebe as três maiores categorias da FIA. Além do Grande Prêmio de F1 e da Fórmula E, ainda tem as 6 Horas de São Paulo do Mundial de Endurance (WEC), que no próximo já tem data marcada para acontecer, no dia 12 de julho, em Interlagos.

A temporada 2025/26 da Fórmula E será composta por 17 corridas, seis delas em formato de rodada dupla, em 11 locais diferentes, com encerramento em 16 de agosto com o E-Prix de Londres. Para quem não está acostumado com a categoria, diferente da F1 onde as corridas são denominadas “Grande Prêmio”, na Formula E usa-se a denominação de “E-Prix”, em referência ao termo ‘elétrico’. Uma das novidades deste ano é a estreia do brasileiro Felipe Drugovich que deixou a condição de piloto reserva da Aston Martin na F1, cargo que ocupava desde a conquista do título da F2 em 2022, para seguir carreira como piloto titular agora defendendo a equipe Andretti. O Brasil conta ainda com Lucas di Grassi, um dos pioneiros que participou ativamente no desenvolvimento dos primeiros carros da categoria e foi campeão Mundial da temporada 2016/17. Di Grassi que também já passou pela F1, compete pela equipe Lola-Yamaha. Vale ressaltar que o primeiro campeão da Fórmula E foi o brasileiro Nelsinho Piquet na temporada 2014/15, que atualmente compete na Stock Car e no TCR South America. 

A Fórmula E está se despedindo de sua terceira geração de carros, chamada GEN3. O modelo deste ano recebe a denominação GEN3 Evo, um carro que mostrou nos testes de pré-temporada ser muito mais rápido que os da temporada passada em cerca de desempenho 2% melhor que o antecessor. O carro acelera de 0 a 100 em apenas 1s86 e chega aos 320 km/h. Estudos mostraram que o modelo chega a ser 30% mais rápido nessa medição que um F1 atual. O modelo possui tração integral nas quatro rodas usados em alguns momentos, como na classificação, na largada das corridas e durante o uso do ‘MODO ATAQUE’, momento em que os pilotos são obrigados a sair do traçado ideal de um determinado ponto da pista para ativar a potência extra. Os pneus são da fabricante sul-coreana Hankook, construídos para ser utilizados sob todas as condições climáticas. Mas o melhor está por vir com a próxima geração de carros denominada GEN4, que já mostrou em estudos ser 50% mais rápido em resposta de aceleração e regeneração de energia em frenagens que os modelos que deram a largada para esta temporada. Mas sua estreia será somente para o final do próximo ano na abertura da temporada 2026/27.

A Fórmula E cumpre o seu propósito de ser a primeira categoria a produzir carros de corrida, assim como também ser o primeiro campeonato mundial de carbono líquido zero, no mundo, respectivamente, e mantém a sua posição de líder como o esporte mais sustentável do planeta.

Algumas vezes fui questionado se essa modalidade é o futuro do automobilismo, e eu sempre digo que ela é o presente. Trata-se de um segmento diferente de corrida, e por mais que a F1 tenha usado a energia como potência (em 2026 os motores serão 50% combustão e 50% energia) a F1 tão cedo não será 100% elétrica como a Fórmula E.  

Uma das particularidades da categoria é basicamente resumir (quase) toda a programação num só dia. Há um treino livre nas sexta-feiras (em São Paulo ele foi cancelado por problemas técnicos de comunicação de rádio dos pilotos com as equipes), mas o restante acontece no sábado com uma sessão de treino livre, a classificação e a corrida. Nas etapas com rodada dupla, a mesma programação de sábado se repete no domingo. Dez equipes e 20 pilotos - 8 deles campeões de campeonatos anteriores - compõem o grid desta temporada. O JORNAL DO SUDOESTE acompanhou in loco a abertura do campeonato que teve a vitória de Jake Dennis, da equipe Andretti, seguido pelo atual campeão da categoria, Oliver Rowland, e de Nick Cassidy.

A corrida foi movimentada do começo ao fim das 30 voltas, e foi marcada por um grave acidente do novato Pepe Marti, que catapultou ao bater na traseira da Porsche de Antonio Felix da Costa, e decolar ao encher a traseira da Jaguar de Nico Müller, capotando duas vezes. Felizmente ninguém se machucou.

Foram 13 trocas de líderes com seis pilotos diferentes liderando a prova, uma das características da Fórmula E.

O brasileiro Felipe Drugovich fez uma boa estreia na nova categoria ao terminar em 5º depois de largar da 17ª posição. Já Lucas Di Grassi largou de último, se envolveu em acidente com Edoardo Mortara e abandonou a prova.

A Fórmula E segue para o México com a próxima etapa no dia 10 de janeiro.