Red Bull não assume os próprios erros e continua implacável com seus pilotos

Liam Lawson é a mais nova vítima da conduta impiedosa dos comandantes da Red Bull para com os jovens pilotos que ela forma e depois chuta sem pudor
Yuki Tsunoda tem agora a missão de fazer melhor o que Perez e Lawson não conseguiram, para não ser a próxima vítima dos mandatários da Red Bull Foto: crédito: Red Bull

Bastaram dois finais de semana de corridas para a conhecida falta de paciência de Christian Horner e Helmut Marko, os comandantes da Red Bull, degolarem o jovem Liam Lawson. A equipe anunciou na última quinta-feira que o neozelandês de 23 anos, que erroneamente foi contratado no final do ano passado para substituir o mexicano Sergio Perez, será substituído pelo japonês Yuki Tsunoda já na próxima parada da F1, no Japão.

Digo erroneamente porque foi uma escolha mal feita da Red Bull ao escalar um piloto com a pouca experiência de apenas onze corridas que Lawson tinha para guiar um carro difícil de pilotar como o RB21, e sob a pressão de estar ao lado de Max Verstappen que faz mágica com o carro ruim. A Red Bull tinha a opção de escolher Tsunoda, muito mais experiente e com quase 100 Grandes Prêmios no currículo, mas na época Christian Horner deixou nas entrelinhas que não confiava na capacidade do piloto japonês da equipe satélite, Racing Bulls.

O mais vexatório nesse imbróglio todo nem é a pífia atuação de Lawson nas duas corridas disputadas até aqui - na Austrália largou de 18º e bateu durante a corrida, e na China largou de último na Sprint e na corrida do domingo sem dar sinais de evolução -, mas sim a Red Bull não assumir o próprio erro com a escolha que fez para ocupar o lugar de Sergio Perez que foi demitido no final do ano por conta dos maus resultados.

Tsunoda teria sido a escolha mais sensata para aquele momento e agora o pobre japonês acaba de ser jogado na cova dos leões sem nunca ter tido contato com o carro da Red Bull e com a pressão de talvez ser a próxima vítima das mazelas de Horner e Marko.

Pelo menos as próximas corridas nos darão parâmetros de uma vez por toda se o problema da Red Bull é mesmo piloto, ou o carro, projetado muito mais para o estilo de pilotagem de Max Verstappen do que qualquer outro piloto em que só Verstappen consegue fazê-lo andar. Que o digam Daniil Kyviat, Pierre Gasly, Alex Albon, todos chutados para fora da equipe antes que tivessem tempo necessário para entregar resultados.

A curta e infeliz passagem de Lawson pela Red Bull só não é maior que a desastrosa experiência de Luca Badoer com a Ferrari em 2009 quando foi chamado para substituir Felipe Massa que se recuperava de um grave acidente na Hungria, e foi dispensado depois de duas corridas por conta do fracasso. Nos registros da F1, pior que Lawson e Badoer, aconteceu com o japonês Yuji Ide que correu quatro GPs em 2006 pela Super Aguri e precisou ser dispensado por absoluta incapacidade técnica de pilotar um F1, ao ponto de sua superlicença ser cassada pela FIA. Lawson, contudo, seguirá sua carreira de onde saiu, na Racing Bull, no lugar de Tsunoda, mas com a pressão de ter que juntar os cacos e recomeçar tudo de novo.

Enquanto isso, Oscar Piastri venceu o GP da China e a McLaren chegou à marca de 50 dobradinhas na F1 com Lando Norris, líder do campeonato, que terminou em 2º. George Russell completou o pódio em 3º com a Mercedes na corrida em que a grande perdedora foi a Ferrari que teve os dois carros desclassificados após a vistoria técnica. O de Charles Leclerc por estar 1kg abaixo do peso mínimo, e o de Lewis Hamilton por apresentar desgaste de 0,5mm acima do permitido na prancha que regula a altura entre o assoalho do carro e o solo. A desclassificação da corrida do domingo, porém, não apaga o brilho da primeira grande conquista de Hamilton com a Ferrari ao fazer a pole e vencer a primeira corrida Sprint do ano, no sábado.