Integrantes do Conselho Interventor e também da Comissão Interventora da Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso reuniram-se na noite de quarta-feira, 28, para avaliarem a situação do hospital. Durante o encontro foi debatido com representantes de diversos segmentos da sociedade paraisense a grave situação financeira em que a instituição está situada.
“Nós estamos com esta equipe de trabalho atuando com a maior transparência possível, continuamos na fase de levantamento de informações através de um processo de auditoria para apurar a real situação financeira e o quadro que se apresenta é de calamidade total, que exigirá muita cautela para as decisões necessárias que serão tomadas”, adverte Adriano Rosa do Nascimento, integrante da comissão.
Na reunião estavam presentes, além dos integrantes da comissão interventora, líderes de segmentos da comunidade: o prefeito Walker Américo Oliveira, o secretário municipal de Saúde, Wandílson Aparecido Bícego, representantes de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ampara, Unimed e Associação Comercial e Industrial, Integrantes do corpo clínico da Santa Casa e membros do conselho gestor. “está sendo realizado um levantamento profundo, bem completo para sabermos a real situação para tomarmos as medidas necessárias para reverter este quadro que é de calamidade”, diz Fernando Alvarenga, integrante da comissão do hospital.
De acordo com as primeiras informações, a instituição possui dívidas com salários de funcionários, médicos, fornecedores e bancos. “O hospital está sem recursos e a ponto de fechar. O atendimento está sendo mantido graças ao apoio da Prefeitura, que está fazendo alguns repasses e possibilitando que a Santa Casa consiga manter as suas portas abertas, mesmo diante de uma situação deplorável”, explica Fernando. Ele salienta que todo este quadro foi detectado a partir das análises e levantamentos realizados pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus).
“O mais grave pelo que observamos é que envolve recursos do Governo que está acompanhando este trabalho e tem o apoio do Ministério Público “, acrescenta.
“Nós estamos cumprindo a recomendação da própria Promotoria e o que está sendo feito através da comissão e conselho, é tentar resgatar a credibilidade da instituição, dar continuidade aos trabalhos em prol da Santa Casa, que é o único hospital da cidade e que todos precisam dele”, comenta.
No entanto, Walkinho ressalta ser necessário que o hospital funcione com transparência. “É preciso que ele esteja atuando de forma saudável para atender bem e ser bem gerido, o que não estava ocorrendo conforme os primeiros levantamentos”.
Salienta que esta é uma oportunidade ímpar de se ter um grupo contribuindo para que a Santa Casa possa continuar ativa. “Precisamos que ela permaneça funcionando e atuante, atendendo a sociedade paraisense e a comunidade regional, onde está localizada”, acrescenta.
O prefeito frisa que todas as pessoas que foram chamadas a somar esforços em prol do hospital, manifestaram apoio e querem participar ativamente. “Uma das condições que foi deixada bem clara para que este trabalho de reerguimento da Santa Casa aconteça, é de que ocorra transparência e demonstração clara do que está sendo feito”, completa. “Não me furto de fazer a minha parte e em contribuir da melhor forma possível”, acentua o prefeito.
A intervenção administrativa na Santa Casa ocorreu no dia 16 de dezembro, através de recomendação da 5ª Promotoria do Ministério Público da Comarca de São Sebastião do Paraíso. Entre as irregularidades encontradas constam dívidas superiores a R$ 20 milhões. O parecer do MP levou em consideração relatório de auditoria feito pelo Ministério da Saúde, realizada pelo auditor João Batista da Silva.
Por meio de decreto municipal, o prefeito requisitou bens e serviços e interveio no hospital. Em nota, a Prefeitura se manifestou sobre assunto justificando o posicionamento que foi tomado. “Entendemos que tal recomendação do Ministério Público visa uma ação consciente e consistente para o enfrentamento da grave situação vivenciada pelo Hospital, de forma a recuperar e assegurar aos usuários do SUS a qualidade e agilidade na prestação de serviços médicos e hospitalares pelo serviço público de saúde, tanto em São Sebastião do Paraíso, como também em toda a região de referência do Hospital”, diz trecho do comunicado oficial.
Comissão Interventora: Adriano Rosa Nascimento (interventor), Fernando Alvarenga (vice interventor), Luiz Gonzaga Pessoni (secretário), João Eugênio (1º tesoureiro), Maria Hortência de Souza (2º tesoureiro), Marcos César Carvalho (advogado).
Conselho Interventor: Geraldo Alvarenga, Luiz Antônio Tonin, Marcos Pádua (diretor Clínico Santa Casa), Flávio Diogo (diretor Clínico Hospital Regional do Coração), Paulo Roberto de Oliveira (UTI Neo), Arthur Augusto Vilela (Ampara), Matheus Colombarolli (Unimed), Mauro Zanin, Luiz AlbertoPimenta, Antonio Carlos Pelúcio (Ordem dos Advogados do Brasil), Ailton Rocha de Sillos (Associação Comercial e Industrial), Renato Ferraz (Med Imagem), Paulo Henrique Delfante e Renato Rossi.
(por Roberto Nogueira)