Gislene Duarte Alves, ou melhor, a professora Gisa, é uma mulher conhecida pelo alto astral e por sua paixão pelo esporte. Corintiana roxa, a educadora que completa “bodas de prata” na profissão, não esconde o amor que sempre teve pela sua carreira e é sempre lembrada com muito carinho pelos seus, principalmente por seus bordões: “a-ma-re-lo” e “viva o Corinthians”. De uma família muito grande, Gisa é filha de José Aparecido Alves (Zé da Franca) e Valdinei Maria Duarte Alves, irmã de Rosecler, Sirlene, Rosilene, Fernando, Marcos, Elaine e Éder. Ela é mãe das estudantes de pedagogia Graciely Alves Maia e Gabriela Alves Maia, de 25 e 21 anos. Gisa comemora também 25 anos de carreira e é com muito carinho que ela conta um pouco da sua história.
Jornal do Sudoeste: Como foi ter uma família tão grande na infância?
Gislene Duarte Alves: Uma alegria. Recordo-me que nossos amigos iam todos para minha casa para brincar. Parte da minha infância eu passei na Delfim Moreira, próximo à Praça da Matriz e, aos sete anos nos mudamos para o Mocoquinha, onde resido até hoje. Na escola eu gostava muito de festa, tanto que quando estudei no Noraldino Lima, sempre ganhava os prêmios de quem dançava melhor nas festas juninas. Sempre gostei muito de festejar e de estar em movimento.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua formação acadêmica?
Gislene Duarte Alves: Estudei no Noraldino Lima até o quarto ano do Ensino Fundamental, depois no Paraisense e posterior a isso, fiz a Escola Técnica de Comércio, e quando me formei comecei minha faculdade, na Escola Superior de Educação Física de Muzambinho. Eu tinha que viajar para estudar e na sexta, dormia por lá, mas não chegava a descansar, não foi uma fase fácil.
Jornal do Sudoeste: Por que você optou for fazer Educação Física?
Gislene Duarte Alves: Eu fui atleta e já joguei basquete, vôlei e handebol na minha adolescência, por este motivo optei por fazer Educação Física; gostava muito das práticas esportivas. Quem me descobriu foi a professora Edsonina Queiroz, nas aulas de Educação Física. Eu comecei como goleira de handebol e joguei as outras modalidades também. Minha mãe também me orientou muito sobre o que estudar, disse para eu fazer Educação Física por eu gostar muito de esporte.
Jornal do Sudoeste: E como foi depois de formada?
Gislene Duarte Alves: Minha primeira experiência foi substituindo o professor José Eriberto, no Paraisense, quando ele foi candidato a vereador em 1990. Depois disso fui para o Ana Cândida, onde atuei por muitos anos. Após, cheguei a atuar em quase todas as escolas de São Sebastião do Paraíso. Hoje dou aula na Escola Benedito Ferreira Calafiori e Paula Frassinetti e também trabalho como monitora de lazer e massagista na Pousada Água Azul. Como professora, uma experiência interessante que eu tive foi atuando em São Tomás de Aquino, em 2016, onde fui muito bem recebida e fiz grandes amigos.
Jornal do Sudoeste: É um desafio muito grande ser professora?
Gislene Duarte Alves: Sim, mas para mim nem tanto, porque eu trabalho em duas escolas onde quase não há problemas de indisciplina, mas já trabalhei muito em projetos e nós acabamos sendo muito importantes na formação desses jovens, principalmente a Educação Física, porque quando há um conflito, é naquele momento que o aluno coloca tudo para fora, é naquele momento que o aluno quer resolver o problema com outro, e nós acabamos sendo importantes nesta mediação. E também gosto de trabalhar de uma maneira diferente, com a participação de todos os estudantes. É um desafio grande, mas quando nós fazemos algo que amamos, nós trabalhamos brincando.
Jornal do Sudoeste: O que mais a marcou nesses 25 anos de atuação?
Gislene Duarte Alves: Algo que me marcou muito é que eu tenho um ex-aluno que hoje é um grande amigo meu e, inclusive, trabalha aqui no Ditão conosco, como professor de Artes, é o Caio. Ele desenvolve um projeto na escola que já tem seis anos e começou nas minhas aulas de Educação Física. Isso é muito importante e até brinco que ele é meu pupilo, é um ex-aluno que hoje é um grande amigo e eu que o incentivei na época em que quase ninguém gostava de teatro. Hoje ele desenvolve esse trabalho com teatro na escola é muito reconhecido, tanto pela própria escola quanto pelos pais dos alunos. Outra coisa marcante são meus bordões, que uso para chamar atenção, o “a-ma-re-lo” e o “vai Corinthians”. Muito dos meus ex-alunos que encontro me cumprimentam desta maneira.
Jornal do Sudoeste: Como você tem encarado todas essas reformas políticas envolvendo a educação?
Gislene Duarte Alves: Nós temos a obrigação de esclarecer algumas coisas, e passamos por uma transição difícil para os professores, porque nós somos uma classe que luta há mais de 70 anos por direito e estamos vendo esses direitos irem por água abaixo e isso é muito triste. Somos uma classe que nunca foi tão reconhecida, mas tivemos alguns avanços que não gostaríamos de perder.
Jornal do Sudoeste: Hoje existe uma diversidade muito grande nas escolas, como você encara isso?
Duarte Alves: Sempre houve muito preconceito e é um assunto muito delicado. Você tem que abordar essas questões de uma forma que não ofenda e nem prejudique ninguém, mas o mínimo que nós temos que ter é respeito, tanto com os profissionais quanto com os nossos alunos. Mas a diversidade está aí e as pessoas têm que respeitar as diferenças. Eu costumo dizer que quem não terá preconceito é quem passou por uma educação sem ele. Mas não é o que vemos e isso, infelizmente, ainda é algo muito forte e temos que trabalhar de uma maneira bem natural. Porém, não podemos deixar de trabalhar as diferenças e mostrar que todos têm o direito de ser o quiser.
Jornal do Sudoeste: Quais suas expectativas para futuro e o balanço que você faz desses 49 anos?
Gislene Duarte Alves: Sobre expectativas para futuro, ainda estamos meio inseguros com essas muitas reformas que têm sido feitas e eu estou numa fase de transição, completando 25 anos de atuação e espero não ser prejudicada profissionalmente. O balanço que faço da minha vida é que sou uma pessoa muito feliz e faço o que eu gosto tran-quilamente. Optei pelo certo e foram 49 anos bem vividos e com muita felicidade. Eu me sinto realizada em todos os aspectos, social, familiar e viva o Corinthians (risos)!