Não é de hoje que em São Sebastião do Paraíso algumas pessoas empunham a bandeira pela instalação na cidade de um posto de coleta de sangue. Por anos, a resposta é a mesma de que o município está próximo a localidades em que já existe este atendimento e que são desnecessários investimentos caros para atender a demanda. É comum familiares e amigos de algum paciente solicitar ajuda de doadores para suprir necessidades de quem precisa receber o líquido precioso da vida e esbarra nos limites e desafios do serviço.
O caso que veio à tona na semana passada quando uma jovem (Mariana Muniz) de São Sebastião do Paraíso e que faz tratamento no Hospital Regional do Câncer em Passos, passou a necessitar de doações de qualquer tipo de sangue para os procedimentos que irá se submeter. Familiares e amigos se mobilizaram e recorreram as redes sociais para obterem mais adeptos e se uniram em campanha para ter a adesão de doadores. A mobilização envolveu e sensibilizou dirigentes da ACca (Associação de Combate ao Câncer) que disponibilizou um ônibus para levar doadores ao posto do Hemominas em Passos.
Várias pessoas se disponibilizaram e engajaram na campanha de doação se sensibilizando com a causa. No entanto, conforme comunicado divulgado, no dia agendado para a coleta o número de vagas disponibilizado foi menor do que a quantidade de doadores. Inicialmente a informação era de que haveria 44 vagas e posteriormente o volume caiu para apenas 10, para a coleta agendada para a sexta-feira, 27 de julho. No entanto, poderão ser disponibilizadas novas datas para que outros doadores possam contribuir.
O vereador Lisandro Monteiro reagiu quanto a situação para o que chamou de “vergonha de Paraíso”. Ele relatou a situação vivenciada no Hemocentro em Passos “Outra vergonha de Paraíso é a situação do hemocentro. Hoje fomos doar sangue em Passos e encontramos no mínimo 10 pessoas aqui da cidade, que foram lá para ajudar, doando”, aponta. Lisandro defendeu a instalação de um posto de coleta em Paraíso. “Precisamos ter um hemocentro aqui para não ter que deslocar toda vez que é necessário fazer uma doação, inclusive para pessoas da nossa própria cidade”, afirma.
O assunto já foi pauta de intensos debates entre os responsáveis da saúde do município, prefeitos, deputados e outras lideranças. As reivindicações e cobranças neste sentido são de mais de 20 anos quando deixou-se de fazer a coleta na Santa Casa de Misericórdia. Conforme matéria em anexo o Hemominas se defende e justifica sua posição de manter postos de coleta em locais estratégicos.
Hemominas afirma que unidades existem em locais estratégicos
A resposta do Hemominas sobre a não existência de um posto de coleta de sangue em São Sebastião do Paraíso foi apresentada ainda no ano passado atendendo a indagações do Município. Uma correspondência assinada por Viviane Guerra, diretora técnica, da Gerência de Captação e Cadastro informa que a Fundação Hemominas possui 21 unidades distribuídas, estrategicamente, pelo estado de Minas Gerais. O órgão possui critérios para atendimento descentralizado à população.
De acordo com o comunicado, a Fundação Hemominas adota o sistema regionalizado para atendimento da demanda de Hemoterapia e Hematologia no Estado de Minas Gerais. “Considerando o alto custo dos procedimentos, sua implementação e manutenção, o que implica em equipamentos específicos, pessoal especializado e estrutura física adaptada aos padrões previstos nas normas específicas da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)” são adotados critérios de regionalização para implantação de unidades. A medida leva em consideração aspectos como índice populacional, capacidade de atendimento e complexidade da rede hospitalar municipal e regional e, ainda, distância do município da Unidade instalada da Hemominas, entre outros.
Diz ainda que a Hemoterapia, por estar entre os procedimentos considerados de alta complexidade, é planejada em nível macrorregional, o que engloba regiões e microrregiões a serem atendidas, formando uma rede de cooperação integrada que garante os benefícios da atividade a todos os municípios. Justifica ainda que “a instalação de uma unidade hemoterápica em cada município representa um alto ônus para os cofres públicos Municipais e Estadual, considerando toda a complexidade”.
Conforme com o anunciado, São Sebastião do Paraíso está situado numa macrorregião onde se encontram três unidades de atendimento sendo o Hemonúcleo de Passos, a Unidade de Coleta de Poços de Caldas e o Hemocentro de Pouso Alegre. “Essas três unidades, em conjunto, têm capacidade e infraestrutura capazes de suprir as necessidades da região, não justificando a implantação de outra Unidade”, informa Viviane.
A diretora citou ainda que “o contrato estabelecido entre a Agência Transfusional do município (Santa Casa) e a Hemominas prevê que os cidadãos sejam mobilizados, conscientizados para efetuarem a doação de sangue em reposição aos hemocomponentes fornecidos pela Hemominas”. O envolvimento do poder público municipal é essencial para dar condições aos cidadãos paraisenses de irem até a Hemominas para efetuar a doação de sangue. Caravanas podem ser agendadas diretamente no Serviço de Captação de Doadores do Hemonúcleo de Passos pelos telefones (35) 3211-4802/4808.