A Polícia Militar registrou um fato ocorrido por volta de meia-noite da última quinta-feira, quando foi acionada por populares denunciando um incêndio numa residência da Rua Ângelo Bertoni, no nº 77-A, em Guaxupé. No local foi encontrado o corpo de Izabele Teles Benvindo, de 2 anos, todo carbonizado sobre uma cama.
A residência estava parcialmente incendiada e no quarto onde estava a menina havia um botijão de gás, já danificado, o que causou o incêndio, segundo a perícia técnica. Ao coletar informações pela vizinhança, ficou constatado que o pai da menina, Daniel Oliveira Benvindo, 22, foi visto pulando o portão da casa, aparentemente muito desesperado, e tomou rumo ignorado. O fogo foi apagado por policiais militares, que retiraram o corpo de Izabele do local e iniciaram um rastreamento com o objetivo de encontrar Daniel.
O rapaz foi abordado ainda naquela madrugada, pela PM, na rodovia entre Guaxupé e Tapiratiba, tendo confessado a autoria do crime contra a própria filha.
Daniel informou, ainda, que havia roubado a bicicleta que estava em seu poder e revelou ter entregue um diário à amiga Fabiana Aparecida Ferreira, com quem conversou antes de cometer o crime.
Em contato com Adriana, que mora próximo à casa de Daniel, a polícia constatou que o rapaz procurou a amiga por volta de 21:00 h., acompanhado pela filha, mas aparentava estar tranqüilo. Só que ele retornou à residência de Adriana, horas depois, e lhe entregou o diário, onde relatou boa parte de sua vida, inclusive que sua esposa, Priscila, havia lhe traído e ele não se conformava com o fato. Este diário continha seis fotografias de Izabele, entre outras informações.
Segundo Fabiana, Da-niel estava em prantos ao lhe entregar o diário e mencionou que partiria para Tapiratiba (SP), onde pretendia chegar de bicicleta. Apesar de não ter mencionado nada de estranho, ele pediu que Adriana lesse o conteúdo do diário somente no dia seguinte.
Autor não aparentava sintomas de violência
O aposentado Luiz Roberto de Moraes, 48, é vizinho de Daniel e admitiu ter se assustado com um barulho no momento em que se preparava para dormir, por volta de 00:30 h. De imediato, ele correu para a rua a fim de descobrir o que estava acontecendo. Neste momento, Luiz teria visto Daniel pular o portão de sua casa, percebendo também o fumaça que vinha da residência.
Desta forma, Luiz se dirigiu para a casa de Daniel, acompanhado por outros vizinhos e, juntos, arrombaram a janela do quarto onde estava Izabele, tendo encontrado o corpo da menina já carbonizado. "Ela estava com os bracinhos duros e o corpo todo perfurado", conta ele.
Luiz conta que Daniel vivia naquela casa com a mãe, Eliete, além de Priscila, a mãe de Izabele. Mas nos últimos tempos o rapaz estava sozinho com a filha e mantinha bom relacionamento com a vizinhança.
Muito comovido, o aposentado também revelou que Daniel e Priscila estavam separados há algum tempo e que isto, de certa forma, perturbava Daniel. "Ele nunca nos falou sobre qualquer vingança, mas ela lhes abandonou e...", disse Luiz.
Diário evidencia a revolta de Daniel
Daniel Oliveira Benvindo nasceu em São Paulo, é filho do casal Alcino Oliveira Benvindo e Eliete Ventura da Silva, e em seu diário o jovem declara-se revoltado pela falta de apoio dos familiares. Segundo ele, quando era pequeno foi abandonado pela mãe e passou a morar com a avó, em São Paulo, mas também teria sido deixado pela avó, quando começou a praticar pequenos furtos, tento sido preso em São Paulo.
Ao retornar para Guaxupé, há alguns anos, o rapaz teria conhecido Priscila, por quem se apaixonou e com quem teve a filha Izabele. Daniel também denuncia uma suposta traição da amásia, o que lhe estaria perturbando muito nos últimos tempos.
Outro assassinato
O delegado José Tadeu Batistucci acredita que Daniel pretendia assassinar também a amásia, Priscila, já que a jovem mora em Tapiratiba, para onde Daniel estaria indo, segundo ele mesmo disse à amiga Fabiana.
Ao ser interrogado, o autor negou-se a prestar quaisquer informações, além da confissão. Ele também não pôde assinar seu depoimento em virtude das queimaduras nas mãos e nos braços. Daniel encontra-se recolhido na cadeia pública de Guaxupé, à disposição da Justiça.
Guarda de Izabele
Segundo informações extra-oficiais, além da suposta traição de Priscila, Daniel teria se desesperado também por tomar conhecimento de que perderia a guarda de Izabele, que seria entregue à mãe.
Mas, esta informação não foi confirmada, já que até o encerramento desta matéria, às 13:00 h., da última quinta-feira, o Conselho Tutelar não havia sido encontrado nos telefones de contato: 3551-5415 e 9943-1112.