Anemia infecciosa eqüina diagnosticada em Paraíso

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 16-03-2003 00:00 | 642
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O primeiro caso de animal contaminado com o vírus da anemia infecciosa eqüina - AIE, no Sudoeste Mineiro foi constatado no município de São Sebastião do Paraíso. A mula, propriedade de Sidney Ferreira Pinto, foi comprada de um "marreteiro" em Monte Santo de Minas, que por sua vez, afirmou ter adquirido o animal na cidade de Itaituba. "Foi realizado o exame no dia 4 de fevereiro. Na sexta-feira, 7, o resultado, antes mesmo de ser noticiado ao proprietário, foi informado ao Ministério da Agricultura, que repassou o fato ao IMA na segunda-feira, sendo o animal sacrificado naquela noite," comenta o chefe da seccional do Instituto, em Paraíso, Gilberto Figueiredo Santos.
O vírus da anemia infecciosa eqüina- AIE, infecta somente os eqüídeos, isto é, cavalos, jumentos e burros, sendo que está disseminada não só no Brasil, mas em todo o mundo. Até o momento, segundo Gilberto Figueiredo, não há cura nem vacinas eficazes contra a infecção. A transmissão envolve a transferência de sangue de animal enfermo para outro suscetível, principalmente através da picada de mutucas e moscas do estábulo, e ainda, através de instrumentos de montaria, de seringas e agulhas contaminadas.
Os sinais clínicos que indicam contaminação do animal aparecem somente na fase mais crítica da doença. Como o vírus da AIDS, a AIE não afeta a vida normal do infectado e se manifesta somente quando o organismo debilitado sofre com as doenças oportunistas. Se o animal sobrevive à fase aguda, a freqüência dos sintomas diminuem progressivamente. Na maioria dos casos, os animais tornam-se portadores inaparentes. Apenas nos casos crônicos ocorrem sinais mais visíveis, caracterizados por anemia, edema e perda de peso. 
Os prejuízos mais visíveis podem ser notados nos animais doentes, que apresentam baixo rendimento para o trabalho e para o esporte. Como medida de segurança, o proprietário fica proibido de transportar o animal infectado dentro e fora do Estado, ficando os animais doentes ainda, impossibilitados de participar de exposições, feiras, leilões, cavalgadas, rodeios, vaquejadas e demais concentrações de eqüídeos. Contudo, o principal meio de combate à doença é o extermínio dos animais contaminados. "Muitas vezes o criador desconfia que o animal pode estar doente devido à uma demora dos laboratórios em liberar o resultado do exame, e assim, vende o cavalo, jumento ou burro para não ter prejuízo com o extermínio," explica Santos.
"O que é uma atitude equivocada, pois o criador que compra um animal infectado pode ser responsável pelo contágio de vários outros animais, afinal a AIE é epidêmica e não tem cura. Para o controle da doença, a única solução é o sacrifício do eqüino na própria propriedade ou em frigorífico, na presença de um médico veterinário oficial," explica o chefe do IMA em Paraíso.

A Prevenção
Os animais doentes ou portadores inaparentes, que tem o vírus, mas não apresentam sintomas, são a causa principal de perpetuação da infecção nos animais. Para manter sua propriedade livre desse mal, faça exames para AIE em todo o rebanho a cada seis meses e peça para que seus vizinhos façam o mesmo. Antes de comprar um cavalo, um jumento, um burro ou uma prenhez, consulte um médico veterinário e só feche negócios após ter a certeza que o resultado do exame foi negativo. O mais importante é não permitir que seu animal participe de eventos onde não existe fiscalização oficial. 
Gilberto afirma ser importante a ressaltar é a necessidade dos pequenos criadores terem esse cuidado de estar realizando o exame de AIE a cada seis meses. "Muitas vezes, se pensa que só os grandes criadores de animais devem ter essa atenção e não é bem por aí. Todos os criadores devem estar sempre cuidando de seus eqüinos. É onde entra a importância da conscientização. Espero que haja mais sensibilidade dos órgãos competentes.
O ideal seria colocar um profissional com um carro e equipamento básico para fazer a coleta do sangue visando o encaminhamento até Passos, que é onde é analisado e realizado o teste. Para isso, é preciso uma parceria com a vigilância Sanitária," comenta, informando que por enquanto nada foi feito nesse sentido.
Como medida de segurança, Santos diz que os 12 animais que também seriam encaminhados ao estado do Paraná, juntamente com o animal in-fectado, bem como os 11 animais de outro proprietário que vivem na fazenda onde provisoriamente os eqüinos de Sidney Ferreira Pinto aguardavam liberação para serem transportados, foram submetido ao exame, sendo que o resultado de todos foi negativo. "Ainda assim interditamos a propriedade, nenhum animal pode entrar ou sair até que nós tenhamos um segundo registro negativo, que será confirmado ou não amanhã, 17. Se nenhum animal apresentar a doença todos serão liberados, caso um manifeste o vírus, todos ficarão retidos por mais um mês," explica o chefe do IMA, contando que o sacrifício da mula contou com o auxílio da Polícia Militar e da Prefeitura que cedeu a vala onde o animal foi enterrado.
Ressalta ainda a posição adotada pelo proprietário do animal, segundo ele, uma atitude louvável. "Em nenhum momento ele se opôs ao procedimento, pelo contrário, colocou-se a disposição para o que fosse preciso. É isso que falta nos criadores: a consciência de que quanto mais rápido se isolar o meio de contágio, mais fácil será evitar o número de animais doentes," comenta.
"Felizmente para os seres humanos não há nenhum risco. Se bem que em termos de biologia, é difícil afirmar algo com 100% de certeza, porque a vida está sempre evoluindo, mas até hoje, em todo o mundo, não houve registros de um ser humano infectado com a AIE," tranqüiliza.
Gilberto afirma ser impossível tanto para o Ministério da Agricultura como para o IMA disciplinar procedimentos de conduta ética veterinária e estabelecer normas e metas de controle para AIE, sem a participação efetiva de todos os segmentos envolvidos com este problema, ou seja, criadores de cavalos, laboratórios de diagnóstico, veterinários, pequenos proprietários à nível de campo, centros urbanos e Prefeituras Municipais. "Se todos os criadores se conscientizarem da necessidade da realização periódica do exame e tomarem as providências exigidas para evitar a contaminação de outros animais, com certeza poderemos erradicar esse vírus da nossa região," concluiu.