Estatísticas da Organização das Nações Unidas - ONU divulgada no início do ano, demonstram que a cada 5 minutos, uma mulher é espancada e na maioria das vezes, dentro do próprio lar. O fato mostra o nível elevado de violência contra a mulher, uma realidade também registrada em São Sebastião do Paraíso. Conforme relata a escrivã da Delegacia de Crimes Contra a Mulher, Alessandra Soares Tubaldini, cerca de 7 casos são atendidos por dia. Três são reincidência.
O índice de violência contra a mulher estimulou o presidente da República a criar a Secretaria da Mulher, com a finalidade de dar orientação e assistência visando reduzir os casos de agressão física e moral. Segundo Alessandra Tubaldini, o silêncio e a omissão, são fatores que geram a impunidade e podem representar uma realidade numérica além da registrada oficialmente. "É comum a queixa, alegando maus tratos, espancamento, enfim agressão que atinge não só as mulheres por parte dos maridos, como também as mães. Ora tem filhos agredindo mãe e ora os pais agredindo filhos menores", afirma a escrivã. No seu entendimento, a desigualdade é o fator principal que motiva a violência.
Preocupação constante
As agressões mais comuns são causadas pelo alcoolismo e varia entre constrangimento moral ao abuso sexual. "Casal que briga muito, costuma repetir a violência contra os filhos", constata a escrivã. "Muitas vezes o fato é observado geralmente pelos professores que notam os sintomas físicos, alteração no comportamento e queda no rendimento de aprendizado", acrescentou.
Variedade da agressão
As agressões sofridas pelas mulheres variam de grau e gênero e intensidade na forma de chutes, socos, tapas, sufoca-mento e acabam causando traumas que as vítimas carregam como uma marca indelével na vida. "É comum o agressor, além da intimidação física e moral, ameaçar ou agredir de fato com arma branca ou de fogo", constata Alessandra. Nas ocorrências, grande parte das vítimas quando chegam a ir à Delegacia, apresentam um estado deplorável, com hematomas na face, dentes quebrados, fraturas, cortes, escoriações e algumas sofrem até queimaduras.
O inimigo está próximo
Um levantamento realizado pela Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher, mostra que a agressão quase sempre é praticada pelo marido ou companheiro (amásio). A punição para o inimigo, que está muito mais próximo do que se imagina é leve e o agressor fica isento de registro e antecedente criminal. As justificativas do agressor são evasivas e mostram descontrole, causados por aspectos e fatores psicológicos e social. "Falta educação, trabalho, dinheiro, moradia, enfim, condições para uma vida digna" enumera a escrivã.
Outro ponto revelado é a vítima procurar a Delegacia da Mulher muito tempo depois de ser agredida ou quando há reincidência do fato. "O importante é que quando vai embora, está consciente dos seus direitos e sabe que em algum lugar tem apoio e principalmente sigilo", acrescentou.
Orientação
Uma das soluções para acabar com o tormento feminino é poder usar uma forma de rigor contra quem agride. Alessandra diz que o trabalho da Delegacia da Mulher em Paraíso, destaca-se em oferecer orientação e assistência. "Ocorre da vítima não querer o registro da queixa crime e vem apenas para desabafar" aponta a escrivã. "Independente disto, há um projeto sendo elaborado pela assistente social, Fabiana Cássia Felipe, cujo objetivo é criar um grupo de apoio às mulheres vítimas de agressão", explicou.
"Há por nossa parte um tentativa de reconduzir o entendimento entre o casal. Quando não conseguimos, a alternativa é encaminhar ao Juiz", contou Alessandra. "Neste ponto, é natural a mulher, optar pela separação definitiva, muitas vezes não aceita pelo cônjuge", concluiu.