É comum, hodiernamente, a divulgação nas redes sociais e demais mídias, de casos envolvendo a relação entre os médicos e os pacientes. Muita das vezes, constatamos que os cidadãos tecem críticas a tais profissionais, acusando-os da prática de “erro médico”, tanto pela ação, quanto pela omissão.
De fato, em certos casos, não se pode negar a ocorrência de tais erros, contudo, não podemos banalizar tal situação.
Percebemos com bastante clareza, que grande parte da população, confunde a atuação do profissional médico com o próprio sistema de saúde pública. Quase sempre, a indignação do paciente é referente à falta de medicamentos e exames, falta de leitos em hospitais e má conservação de suas instalações, o que inviabiliza um tratamento adequado. Diante disso, o médico fica de mãos atadas e por estar na linha de frente, absorve as críticas do sistema.
O que questionamos, dentro do sistema de saúde pública, é o seguinte: 1. O ambiente de trabalho dos médicos é bom? 2. Há estrutura para que se realize o melhor atendimento ao cidadão? 3. A jornada de trabalho é adequada? Há garantias de direitos trabalhistas?
Respondemos: 1. Os médicos trabalham em ambientes insalubres, sujeitos a contaminação de agentes biológicos, absorvendo as críticas de um sistema falho e ineficiente; 2. Com certeza, não. Isso pela falta de leitos disponíveis, equipamentos e medicamentos, impossibilitando a realização de exames e de um tratamento adequado; 3. A jornada de trabalho é demasiadamente exaustiva, 24h/36h/48h/72h, ininterrup-tas; 4. Os médicos, na maioria das vezes, são contratos por meio de abertura de pessoa jurídica, não havendo-lhes garantia de sequer 1 direito trabalhista.
Além disso, devem conviver com a morte, assistido a perde de vários pacientes ao dia, sendo que culturalmente, temos grande dificuldade de lhe dar com tal situação.
Portanto, diante da perspectiva que os médicos são seres humanos e que sofrem como todos nós, quem velará pela saúde desses profissionais? É certo que todos os fatores expostos podem desencadear altos níveis de stress, levando-os a situação extrema de “burnout”.
Propomos então, o resgate do respeito a tais profissionais. Podemos fazê-lo através da melhoria do sistema público de saúde, dando a eles melhores condições de trabalho, e também, garantindo-lhes todos os direitos dos trabalhadores insculpidos no art. 7º da Constituição da República.
Concluímos, se não há garantia de saúde para os médicos, não há garantia de saúde para todos nós.
Tulio Marcio Colombarolli – Advogado
Pós-Graduando em Direito da Saúde colombarollitulio@gmail.com