REPASSES

Em crise hospitais esperam por repasses em atraso do governo

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Cidades | 03-07-2019 18:00 | 667
Foto: Reprodução

As dificuldades enfrentadas pelos hospitais do Sul de Minas devido à falta do Estado e do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) foram debatidas na Audiência Pública, da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O evento ocorreu na sexta-feira (28/6), no Theatro Capitólio, em Varginha, e reuniu deputados, autoridades locais e dirigentes das instituições. Representantes da Santa Casa e do Hospital Gedor Silveira, de São Sebastião do Paraíso participaram da reunião.

Foram vários os depoimentos realizados pelos dirigentes e representantes dos hospitais relatando a situação de calamidade e as dificuldades enfrentadas para se manterem com as portas abertas. Atraso de repasses pelo Estado e defasagem da tabela do SUS foram os principais problemas mencionados à Comissão de Saúde.

Conselheiro do Hospital Regional de Varginha, Cléber Paiva, que assumiu o cargo há quatro meses, relatou sua surpresa quando se deparou com as contas da unidade. “O governo está em atraso conosco em R$ 5 milhões. Nossas dívidas são de R$ 1 milhão, sendo que R$ 550 mil são só de juros de empréstimos consignados”, relatou.

Diversos gestores de hospitais apontaram suas situações, inclusive as instituições de São Sebastião do Paraíso. O gestor de negócios Attilio Mazzuchi e a coordenadora de marketing Susana Souza representaram o Hospital Gedor Silveira. Mostraram a importância da instituição que não possui fins lucrativos. Atualmente ela atende a quatro regionais de saúde – Passos, Alfenas, Varginha e Pouso Alegre – num total de 152 municípios com uma população de 2,5 milhões de pessoas.

A Santa Casa de Misericórdia de Paraíso estava representada pelo coordenador comercial Guilherme Machado e pela gerente administrativa Fabiana Alvarenga. Eles apresentaram um histórico do hospital, destacaram os problemas enfrentados e que com a nova diretoria a entidade está se tornando viável. No entanto, ressaltaram que os atrasos nos repasses do Estado, que aconteceu no governo anterior, estão dificultando o atendimento aos pacientes. Fabiana ainda enalteceu o trabalho do deputado Arantes.

Em abril deste ano dirigentes da Santa Casa em companhia do deputado Arantes se reuniram com o secretário de Estado da Saúde, Eduardo Amaral Pereira da Silva, e também com o subsecretário, Marcílio Dias Magalhães quando foi reivindicado o pagamento de R$ 9,3 milhões de débitos do Estado com a instituição.

“Estamos sendo sufocados pelo governo do Estado, devido à gestão desastrosa do ex-governador, e se não haver uma solução rápida nos próximos meses infelizmente alguns serviços serão gravemente prejudicados, como por exemplo, a Casa da Gestante, que desenvolve um trabalho belíssimo com as mães que tem seus bebês internados e não tem onde ficar” declarou à época, o então interventor Adriano Rosa do Nascimento.

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Pimenta (PDT), lembrou que a situação dos hospitais em Minas é precária há muitos anos, por causa das dificuldades financeiras do Estado. “O governo deve mais de R$ 3 bilhões aos hospitais mineiros. Outros recursos (repasses retidos) foram devolvidos, mas a saúde ainda não foi contemplada, o que traz muita dor aos pacientes que dependem exclusivamente do SUS”, salientou.

“Com essa tabela do SUS a conta nunca vai fechar, temos que pressionar para que os valores sejam revistos. Mas tenho muita esperança de dias melhores, o Governo Zema é sério, tem gente boa, competente e diferente do governo anterior, que não pagava os hospitais e eles estão regularizando os repasses e vão tirar Minas do buraco e juntos vamos poder dar um melhor atendimento na saúde para nosso povo”, afirmou o deputado Antonio Carlos Arantes.

Expectativa
Marcílio Magalhães, subsecretário de Políticas e Ações de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, confirmou que, desde 2014, o governo não repassa recursos para os municípios direcionados à atenção primária. “Em janeiro, a dívida com os hospitais estava em R$ 1,2 bilhão. As unidades estão cheias porque os pacientes não receberam a devida atenção primária. Ficamos mais de 20 meses sem pagar os fornecedores de medicamentos. O resultado disso é que, mesmo com a judicialização, não consigo atender nenhum paciente”, ressaltou Marcílio.

Magalhães relatou, ainda, que há a previsão, para as próximas três semanas, de repasse da Secretaria da Fazenda de R$ 85 milhões, que serão destinados a todos os municípios mineiros para gasto imediato com urgência e emergência, especialmente nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), na Rede Cegonha, nos serviços especializados e no programa Pro-Hosp.

“Podem vir mais recursos, se a negociação fiscal com o governo federal sair. Não tem milagre, não tem outro caminho. Precisamos fazer o que dá com o que tem, com planejamento”, ponderou o representante do Executivo.