A questão envolvendo os moradores em situação de rua, em São Sebastião do Paraíso voltou a ser tema de debate entre representantes da Prefeitura nesta semana. O assunto já foi pauta de reportagens do Jornal do Sudoeste, também motivou debates no Legislativo e continua sendo desafio para a comunidade. Do encontro entre secretários da administração municipal surgiu a proposta de se reunir outros órgãos de classe para um trabalho conjunto, no sentido de encontrar solução para o problema que é crescente no município.
Os apelos para que o poder público dê mais atenção aos moradores em situação de rua, tornou-se gritante nas redes sociais, principalmente nas épocas do inverno rigoroso quando na cidade foram registradas temperaturas muito baixas próximas a zero grau. Muitos foram os apelos para que a municipalidade tomasse providência recolhendo estas pessoas em abrigo. O vereador Sérgio Aparecido Gomes, manifestou-se defendendo que locais como a Arena João Mambrini e ginásios esportivos fossem abertos durante as noites geladas e colocados à disposição de quem estava sem teto. Mobilizações outras surgiram no sentido de fazer um "sopão" distribuído a quem não tinha condições de se alimentar.
O surgimento de barracas de moradores em situação de rua que começaram a surgir pela cidade também motivou reportagem do Jornal do Sudoeste. Na época o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Marcelo São Julião, manifestou-se dizendo que um trabalho de acolhimento às pessoas sem teto estava sendo realizado, com ações junto aos atendidos e suas respectivas famílias. Vários locais foram visitados e encaminhamentos foram feitos, inclusive com doação de passagens para aqueles que são de outras cidades e manifestaram interesse em retornarem às suas cidades de origem.
O assunto também repercutiu na Câmara Municipal onde vereadores fizeram pronunciamentos alertando para a necessidade de mais providências para a questão. Dos debates no Legislativo surgiram pedidos de encaminhamento de ofícios à Guarda Municipal, Polícia Militar e Secretaria de Desenvolvimento Social. O presidente da Câmara, Lisandro Monteiro, afirmou que a questão afeta os comércios das regiões onde estas pessoas se concentram.
Nesta semana os secretários, Marcelo São Julião (Desenvolvimento Social) e Miguel Félix de Souza (Segurança Pública, Trânsito e Transportes) juntamente com suas equipes de trabalho se reuniram com o objetivo de debater possíveis soluções para o caso dos moradores em situação de rua. Marcelo reafirmou que visitas a familiares e abordagens sociais têm sido realizadas em praças e poderão ser intensificadas a fim de minimizar alguns problemas que foram relatados na reunião. Foi apontado que maioria dos casos é por dependência química e muitos dos moradores são da própria cidade, saem de suas casas para viver na rua por motivos diversos e encontram auxílio junto à população, igrejas e instituições.
Locais como a Praça João Pio de Figueiredo, Praça da Abadia e a Praça da Saudade são alguns dos principais locais de concentração destes moradores na cidade. Quem passa pela Praça Antônio Rodrigues, depara com a presença de pelo menos dois homens que dormem ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, todas as noites. A ação social conseguiu encaminhar outro morador de rua que havia se estabelecido na Praça dos Ferroviários, na entrada do bairro São Judas. O homem já havia construído na Praça Pública uma espécie de barraco onde vivia em companhia de seu cachorro. Após o encaminhamento, a casa em condições precárias foi destruída e o material retirado.
Na reunião entre as secretarias surgiu a proposta para o desenvolvimento de um trabalho amplo envolvendo outros setores da comunidade para tentar resolver a situação. A iniciativa pretende envolver a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o Ministério Público, hospitais, Centros de Referência da Assistência Social (Cras), Centros de Atenção Psicossocial (Caps), entre outros segmentos. O objetivo é elaborar um plano de ação e uma política pública a ser adotada no município.
Uma das questões comentadas na reunião é que muitas das propostas esbarram na lei que é limitada. A legislação, ou mesmo as ações não podem obrigar a pessoa a fazer tratamento ou a voltar para casa ou a ir para outra cidade. A Secretaria de Desenvolvimento Social está elaborando uma campanha educativa voltada para a população, orientando a não dar esmolas e encaminhar estes moradores em situação de rua para alguma instituição que faça o acolhimento a estas pessoas. O grupo de trabalho voltará a se reunir no dia 2 de outubro, às 9h, para continuar a discussão do assunto.