O comediante Amácio Mazzaropi, campeão de bilheterias no cinema por algumas décadas, ainda hoje tem lugar assegurado em programações de tevê pela singeleza de seus filmes. Apresentava-se em teatros e circos encantando plateias com seu humor caboclo, e cantando com sua inconfundível interpretação.
No início da década de 1970 ele se apresentou em um grande circo armado no “Largo” que depois foi promovido a Praça Santo Antônio, onde costumeiramente era espaço em São Sebastião do Paraíso para abrigar a arte circense.
O Circo Norte-Americano, esse era o nome estampado na fachada, tinha pequeno conjunto para atuar na trilha musical durante os espetáculos. Chegou a Paraíso sem baterista, e alguém acabou me indicando. Procurado, não titubeei, estava pronto para em quatro noites e duas matinês “perseguir”, sem nenhum ensaio, um saxofonista, responsável pelo grupo, e um guitarrista.
Mazzaropi, se apresentou na noite de domingo. E do palco levaram minha bateria para o picadeiro, onde fiz o ritmo, e um acordeonista a harmonia para que ele cantasse, entremeado a alguns “causos” e piadas, amplificados por cornetas metálicas.
Hoje, com tanta tecnologia disponível, fico a pensar o quanto deve ter ficado vazio Mazzaropi tão somente com seu gogó, uma sanfona e bateria acústica, sem amplificação. O que fez a diferença foi seu talento, colocando a plateia para rir até doer a barriga, no grande circo lotado, aplaudindo um dos maiores artistas populares de nosso país, cena que ainda trago nas retinas.
Nunca imaginei, teria o prazer de ritmar valsinhas, xotes e outros andamentos para figura tão ilustre, que de sobra, ao final de sua apresentação recomendou-me passar pelo Restaurante Achei, que ficava em subsolo na Praça Comendador José Honório, onde foi jantar, e entregou-me cachê por meu trabalho. Diga-se de passagem, superior ao que recebi do circo.
por Nelson Duarte - Jornal A Semente da APC