198 ANOS PARAÍSO

Nem mesmo de avião

Por: Nelson Duarte | Categoria: Cidades | 25-10-2019 16:14 | 531
Foto: Reprodução

Quando vejo o selecionado brasileiro de futebol hoje em dia tão perrengue, lembro-me de partidas memoráveis assistidas no Estádio Comendador João Alves, da Associação Atlética Paraisense, e no alto da Mocoquinha, no campo do Operário Esporte Clube, o Estádio Dr. Joaquim Ferreira Gonçalves, o “1.º de Maio”. Jogava-se futebol com maestria e arte, brindando as torcidas que deixavam os estádios “de casa cheia”, em nada lembrados nas correrias e fricotes que hoje em dia se vê. E naqueles idos, a disputa era acirrada entre as duas equipes paraisenses, que de sobra recebiam outras de renome regional e até nacional.

Em meio ao futebol arte havia também o lado hilário, e não foram poucos, como em partida amistosa entre a Associação Atlética Paraisense e o Uberaba Esporte Clube, nos início da década de 60, do século passado. Logo no início houve falta praticada por jogador da equipe do Triângulo Mineiro em atacante da “Mais Querida”. Foi o bastante para o zagueiro de nome Lima, da Paraisense, ir tirar satisfações, e ato contínuo o goleiro Armando, do Uberaba, vir em defesa de seu companheiro.

O tempo literalmente esquentou, iniciando trocas de sopapos, e correria por todos os lados. Atiradores do Tiro de Guerra estavam ao redor do gramado, chamados que foram para ajudar na garantia da ordem. Mas em alguns deles o lado torcedor falou mais alto, e em vez de apaziguarem, acabaram dando tabefes, a torto e a direito.

Ferreirinha morava em uma casa que havia no Estádio. Além de zelador era ponta esquerda, jogava em equipes amadoras. Parece que estava adivinhando que ia haver algum “mal entendido” naquele domingo. Na geral, próximo à boca do túnel para o vestiário, vi que desde o início da partida ele, inexplicavelmente, estava com uma vassoura piaçava. E no corre-corre, quando passou por ele o camisa cinco do Uberaba, Ferreirinha atrapalhou-lhe o penteado “blackpower” com uma vassourada. Ficou somente com o cabo em mãos, e o jogador com um galo na cabeça.

No vestiário, vi e ouvi o volante do Uberaba jurar que nem mais de avião passaria por Paraíso.

por Nelson Duarte - Jornal A Semente da APC