Ausente dos palcos há praticamente 50 anos, o cantor, compositor, advogado Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, que adotou nome artístico de Geraldo Vandré se apresentou em memorável show no dia 22 de março no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa (PB), sua terra natal.
Autor de extensa obra se notabilizou com “Para não dizer que não falei de Flores”, ou “Caminhando e cantando”, como se tornou conhecida, com a qual participou do III Festival Internacional da Canção promovido pela TV Globo, em 1968. Tida como resistência estudantil, é tida como “hino” contra o regime militar. Foi censurada, e não podia ser executada em emissoras de rádio e tevê, e mesmo em apresentações públicas.
Por conta do AI 5, Vandré precisou exilar-se. Consta que, a princípio, foi acolhido por Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (viúva de Guimarães Rosa), em sua fazenda. Depois foi para o Chile, Argélia, dentre outros países, para retornar ao Brasil em 1973. Na década de 70, Vandré era visto discretamente caminhando, não cantando, por São Sebastião do Paraíso, sem, no entanto, ser reconhecido por grande parte da população. Hospedava-se na residência do casal João Batista da Silveira, Maria Alba Bambozzi. João Batista, funcionário do Banco do Brasil, fundador do diretório do PT em Paraíso, do jornal “Alternativo”, intelectual, incentivador de arte e cultura.
João Batista e Geraldo Vandré se tornaram amigos, e trocavam correspondência por algum tempo. “Eu mesma cheguei a fazer uma blusa de lã para ele, que se agradou de uma que eu tecia na máquina”, nos contou Maria Alba.
Vandré é compositor de “Porta Estandarte”, “Aroeira”, “Disparada”, interpretada por Jair Rodrigues no Festival da Canção da TV Record em 1966, dentre outras.
por Nelson Duarte Jornal A Semente da APC