MEMÓRIA AQUINENSE

Uma História de Ideal

Matéria do Jornal de aniversário Julho 2000
Por: Selma Braia | Categoria: Cidades | 12-12-2019 11:37 | 8121
Enfermeiras Zélia e Araci  e dr. Jose Renato Russo
Enfermeiras Zélia e Araci e dr. Jose Renato Russo Foto: Reprodução

CONTAR a História da construção do Hospital N. S. Sagrado Coração é contar a saga do povo de São Tomás de Aquino na realização de um dos seus mais nobres sonhos, que nasceu numa tarde de setembro, dia 18, do ano de 1949. Em uma convocação patriótica feita pelo Juiz de Direito, Milton Mendes dos Reis, no prédio do Fórum da pequena comunidade.

Representantes de várias classes sociais, desde o mais simples ao mais ilustre, unidos por um sentimento único, comum a todos: o desejo da cidade  possuir seu hospital, atendendo os anseios de seu povo naquele momento de suas vidas. Foi erguido com a argamassa dos corajosos, o telhado dos idealistas, a tinta dos sonhadores, no desejo que ficasse para sempre, sob a proteção das gerações do presente, mas também, as do futuro...

O pedaço de terra, cada tijolo, cada telha, as madeiras, os móveis, os "aparelhos" necessários...  Neste patrimônio físico, o espirito e a essência de seus filhos, dignos, altivos, generosos. Ah! Só mesmo um aquinense para entender a grandeza e importância desta nossa historia.

Naquela tarde de setembro de 1949, Milton Mendes dos Reis disse que confiava no espírito patriótico e caritativo das pessoas da cidade. E Sebastião Teófilo de Carvalho, fez a doação do terreno e mais vinte mil tijolos. Aquino Antônio de Carvalho com a participação de 30 milheiros de tijolos. Uma lista para doações em dinheiro foi apresentada e inaugurando-a, assinaram Jairo de Lima, Abud Messias, Sebastião Pimenta de Pádua, Salim Abrão e Irmãos, Avelino José Rodrigues, José Messias. Naquele momento conseguiram a quantia de 50.000 mil cruzeiros.

No dia 28 de outubro de 1949 na sala de visitas da residência do Sr. Salim Abrão foi formada a comissão de obras: Presidente: Aquino Antônio de Carvalho, Vice-Presidente: Joaquim Pedro da Silveira, Secretário: Jairo de Lima, Tesoureiro: Salim Abrão. Foi participado pelo Juiz Milton Mendes dos Reis, que a família do Sr. José Alves de Figueiredo por intermédio do Sr. Joaquim Gonçalves Nogueira, a doação de mais um terreno que somadas à doação anterior, do Sr. Sebastião Teófilo, formaria o patrimônio do Hospital a ser construído. Receberam também a oferta do Sr. Antônio Garcia Santana de um aparelho de rádio de importante marca americana para que fizessem uma rifa.

Na reunião da comissão de obras que aconteceu no dia 8 de junho de 1951, Dr. Milton Mendes dos Reis, enalteceu o esforço de todos, salientando a dedicação de Salim Abrão nos andamentos da obra. Foi evidenciada a colaboração preciosa dos aquinenses com donativos, festas, quermesses e rifas, e ajuda também da prefeitura. Neste dia foi sugerido que as comissões saíssem pelas fazendas, residências angariando novos donativos. Padre Omero Campanelli, disse que iria iniciar um trabalho junto aos seus paroquianos em favor do hospital realizando uma quermesse.

São Tomás recebe a visita do Bispo de Guaxupé, 18 de outubro de 1953. O Hospital estava ainda em construção. Mesmo assim Dom Inácio João Dal Monte foi homenageado em uma das enfermarias do prédio. - O Hospital ficou "lotado" pelo povo da cidade, políticos, convidados ilustres. De Franca veio o jornalista Tufhi Jorge redator do jornal "O Francano", para "cobrir" o evento. O projeto para inauguração estava previsto para o início de 1954. O Bispo D. Inácio fez promessa com relação a indicar "Irmãs de Caridade" para direção interna do Hospital .

A primeira mesa administrativa ficou assim constituída: Provedor: Joaquim Pedro da Silveira, Vice-provedor: Aquino Antônio de Carvalho, 1º Tesoureiro Salim Abrão, 2º Tesoureiro: Sebastião Pimenta de Pádua, 1º Secretario: Vicente Russo, 2º Secretario: Jairo de Lima. Diretor Clínico: Dr.º José Viana Bittar. Membro nato da mesa: Padre Homero Campanelli, Conselho Fiscal: Clarindo do Couto Rosa, Estevam Morais Resende, Antônio Teófilo Filho, Sebastião Teófilo Carvalho, José Figueiredo, Abud Messias, Messias Humberto Santana.

Ninguém vive do passado. O progresso se constrói vivendo o presente, mas vislumbrando o futuro... Plantamos as sementes para outros que virão ocupar nosso espaço, colham os frutos. No entanto povo que não tem memória é um povo triste, pobre, sem referências, que não preserva sua cultura, não tem história... Quer queiram, quer não, São Tomás de Aquino oferece aos seus filhos uma história singela, mas muito bonita de garra, coragem, de sua própria cultura e tradições. Um legado sincero daqueles que já não se encontram definitivamente entre nós, e que amavam esse chão, essa terra tão querida.

Hoje, para muitos, o Hospital não tem mais a importância do passado, como casa de saúde. São Tomás abraça novos projetos, novos caminhos com apoio governamental nessa área, haja vista a recente inauguração do Pronto Atendimento "Arlindo Porto", que vem trazer novas perspectivas de atendimento à população, e merece aplausos. É louvável a iniciativa de sua implantação. No entanto, há de se reconhecer e ser ressaltado a importância do Hospital N.S. do Sagrado Coração no contexto aquinense, e, como tal, aqueles que lutaram para torná-lo realidade.
Por Selma Braia

Enfermeiras Zélia e Araci  e dr. Jose Renato Russo