Sobre comportamento do mercado de café, análise das altas ocorridas nos preços e projeções, Gilson Souza, diretor Safras & Negócios, aponta que nos últimos 20 dias houve um movimento interessante.
"Iniciando a virada de quinzena de julho para o início de agosto, tivemos o mercado em ascendência no preço de café. O movimento em Nova York foi causado por três grandes fatos: um deles por questão de uma grande empresa multinacional ter liquidado seus contratos compulsoriamente, e isso fez com que as posições que lá se encontravam na bolsa tiveram que fazer suas recompras. Consequentemente isso impulsionou preços para cima, saindo o mercado de 105 dólares indo até 126 dólares".
Outro fator que proporcionou esta mudança, segundo Gilson Souza, foi que a estiagem no Brasil se prolonga, segundo projeções, até o final de agosto. "Consequentemente isso deixa o mundo preocupado em relação à safra de 2021, até que se confirme a florada que normalmente abre em torno de setembro, e encerra-se em novembro".
O mercado segundo o especialista da Safras & Negócios, ficou incomodado e ainda continua a preocupação. Esperava-se que houvesse chuvas no cinturão cafeeiro de arábica Brasil entre os dias 14 e 16, porém a probabilidade diminuiu, só ocorrerá chuvas na Zona da Mata, que representa somente 15% da produção nacional de arábica, e mesmo assim a chuva prevista limita-se a 10 milímetros, e ainda é pouco para se confirmar a safra 2021, diz Gilson.
Por fim, conforme salienta, "algo que continua muito volátil é a questão do dólar, e são vários os fatores para que oscile, entre os quais, o que mais traz evidência é a pandemia. Você tem movimentos positivos e negativos, mas a cada dia que passa, a cada notícia que sai em relação a Covid em cada lugar do mundo, faz com que a moeda internacionalmente sofra alterações".
Não muito diferente disso, também o Brasil é protagonista nessa situação do câmbio. O governo também sofre algumas baixas, mudanças, impasses em relação ao cenário, ao ambiente político, também o deixa bastante nervoso, em relação a contratos de câmbio e até mesmo a investimentos futuros. Recentemente tivemos mudanças na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, duas importantes peças pediram para sair, e fez com que o dólar oscilasse, chegando à casa de R$ 5,48 próximo de R$ 5,50 encerrando no dia 13 na casa de R$ 5,37 - R$ 5,38. Movimentos do dólar são ligados ao dia-dia, esclarece Gilson Souza.
Outro reflexo que segundo ele ainda se estenderá, é em relação à política norte-americana tendo em vista a proximidade das eleições nos Estados Unidos. Em outubro, possivelmente haverá uma posição clara sobre a tendência de quem irá para a disputa com o atual presidente Donald Trump, e poderá também haver movimentação do dólar em cima disso.
Também entram em cena, China, a Rússia e alguns países da Europa em relação a rusgas, desacordos no setor econômico, e contribuem para que o dólar oscile.
Conforme aponta Gilson Souza, a única coisa positiva que temos em relação a câmbio e deixa o mercado a médio e longo prazos muito otimista, e já começa a apresentar sinais positivos e probabilidade de fechamento de grandes negócios, é que até novembro de 2020 teremos uma vacina ou grande parte do mundo terá acesso a ela. Isso corre de forma bem acelerada, e o mundo volta esboçar um ponto positivo. E tudo tende no último trimestre na questão da pandemia, e poderemos ter uma vida mais tranquila, diferente do desespero que deixou o mundo no primeiro trimestre de 2020.
Quanto às tendências de preço, o diretor da Safras & Negócios enfatiza que o setor continua e vai olhar a pauta safra 2021, ou seja, daqui para frente o movimento é simplesmente em relação à safra 21. O Brasil é o protagonista e o que mais vai decidir, ou seja, o produtor brasileiro hoje tem uma importância muito grande no cenário, e vai dar o tom de preços finais, daqui a se regularizar o mercado, quando oferta e demanda voltarem ao seu fluxo normal.