A Casa Santa Terezinha, é um dos mais tradicionais estabelecimentos comerciais em São Sebastião do Paraíso. Fundada há mais de cem anos por Benjamim Gonzales no Largo (hoje Praça) São José, esquina com a rua Pinto Ribeiro, é referência para algumas gerações de paraisenses, e até mesmo de pessoas de outras cidades na região. Roberto Campos do Amaral a adquiriu no início de 1972, portanto, há quarenta e nove anos.
Fundada por Benjamim Gonzales, tempos depois foi vendida para Joaquim Bulgari, posteriormente para Francisco Salgado, e na sequência, para Sebastião Soares e Antônio Cardoso.
Roberto Amaral conta que um dia auxiliava Antônio Cardoso na colocação de preços em algumas mercadorias, e ele lhe sugeriu que comprasse o estabelecimento. Ao chegar em casa, Roberto comentou o ocorrido com sua irmã Sirene Amaral, que gostou da ideia. “O senhor Antônio Cardoso me propôs uma condição: eu daria uma entrada, e o restante seria pago, sem juros, em um ano. Fizemos o balanço do estoque e apuramos valor. Mas eu não tinha o dinheiro, e Sirene conseguiu um empréstimo para mim no Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge). O gerente da agência era Nadin Silva. No final do ano a dívida total estava quitada”, conta Roberto Amaral.
A Casa Santa Terezinha sempre teve variado estoque em utilidades domésticas, artigos de papelaria, ferragens, ferramentas, fogos de artifício. Era onde se encontrava discos 78 rotações, álbuns de orquestras e cantores na época áurea do rádio, que vinham com o selo da Casa Santa Terezinha.
Roberto recorda-se que em sua infância havia duas lojas especializadas na venda de brinquedos em São Sebastião do Paraíso: a Casa Estrela, de José Garcia Escobar, e a Casa Santa Terezinha.
Outra peculiaridade quando o proprietário era o senhor Joaquim Bulgari, é que a Casa Santa Terezinha comprava frangos e galinhas, e as vendia para comprador em São Paulo, remessas feitas em engradados de madeira, através da Estrada de Ferro Mogiana. “O primeiro caminhão Scania adquirido em Paraíso, foi comprado pelo senhor Joaquim Bulgari para transportar galinhas para a capital paulista, e saía lotado, dirigido por Pedro Nicolau”, lembra.
Com o passar dos anos, após reforma feita nas instalações, alguns produtos foram suprimidos, e Roberto passou a comercializar toda a linha de vidros e molduras, além de utilidades domésticas em alumínios. Temos vidros antigos, desenhos que hoje em dia não mais são fabricados. Costumo reservar em estoque para casos de reposição, explica.
Antes de ter sua própria empresa, Roberto Amaral trabalhou por doze anos na Casa Sillos, com o senhor José Sillos Júnior (Cazuza), e Espir Attie. Na Casa Santa Terezinha, nesses quase cinquenta anos de atividades, mais que um número incontável de clientes, fez muitos amigos. Aliás, lá costumeiramente nos fins de tarde, era local de encontro entre um grupo de amigos, comerciantes e profissionais liberais estabelecidos na mesma Praça São José, dentre outros que, sem falta, “iam marcar o ponto”, para um bom dedo de prosa.
E é saudoso que Roberto Amaral se lembra de Dr. Jacinto Guimarães, Cassiano alfaiate, Alfeu Cezarino, Didino, Palmélio, Nelsinho dentista, Pedro Del Bel, Walter Ozelin, Marquinhos (pasteleiro), e de tantos outros, de saudosa memória, que protagonizaram muitas histórias.
A Casa Santa Terezinha é, de longa data, associada à ACISSP.