AZEITES

Serra da Mantiqueira registra colheita antecipada e safra de azeites de qualidade

Por: Redação | Categoria: Agricultura | 20-01-2021 00:01 | 940
Impulsionada por oscilações climáticas, colheita na Mantiqueira já está em andamento. Segundo especialistas, primeiros azeites produzidos apresentam alto índice de qualidade
Impulsionada por oscilações climáticas, colheita na Mantiqueira já está em andamento. Segundo especialistas, primeiros azeites produzidos apresentam alto índice de qualidade Foto: Reprodução

(Maria da Fé - 18/1) Os produtores de azeite da Serra da Mantiqueira, região que abriga municípios do Sul de Minas Gerais e do Norte de São Paulo, já estão em ritmo acelerado no mês de janeiro. A colheita de azeitonas e extração de azeites na região, previstas para fevereiro, já começou em grande parte das propriedades. Segundo especialistas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), o motivo da safra adiantada está nas oscilações climáticas de 2020.

Durante o último ano, o comportamento do clima na Mantiqueira foi diferente. De acordo com o pesquisador da EPAMIG, Luiz Fernando de Oliveira, logo no mês de maio, em pleno outono, o frio intenso já havia chegado. A região, repleta de oliveiras, experimentou dias consecutivos com temperaturas muito baixas, próximas ou abaixo de 0°C. 

“O frio intenso e antecipado estimulou a florada das oliveiras, pois a planta precisa de acúmulo de horas de frio para a indução floral. Só assim é possível a formação e a maturação dos frutos, que tende a ocorrer na primavera”, explica Luiz Fernando. 

O comportamento climático atípico adentrou a primavera e favoreceu a maturação precoce das azeitonas. Ainda de acordo com Luiz Fernando, entre os meses de setembro e outubro as estações meteorológicas locais registraram dias consecutivos com temperaturas próximas a 30°C. O frio rigoroso combinado ao calor intenso proporcionou colheitas inéditas na Mantiqueira em novembro e dezembro, bem como adiantou em um mês as colheitas em 2021.

As principais cultivares de azeitonas colhidas na região são a Arbequina, cultivar espanhola que se adaptou bem ao solo local; a Grappolo 541, desenvolvida pela EPAMIG e de origem italiana; e a Koroneiki, de origem grega. O período de colheita deve se estender até o mês de março. A expectativa dos pesquisadores da EPAMIG é que a safra de 2021 supere a produção de 2020, ano que marcou a produção de 50 mil litros de azeite.

Azeite com ‘terroir’ de qualidade 
O pesquisador da EPAMIG, Pedro Moura, conta que a fórmula para se obter um azeite de qualidade inclui boas cultivares de azeitonas e extrações realizadas logo após as colheitas. 

“Após ser colhido, se o fruto demorar a ir para a extração, ele começa a sofrer um processo de fermentação. Isso ocasiona defeitos no azeite que será produzido com esse fruto. O ideal é que as azeitonas sejam colhidas e processadas rapidamente para evitar a perda de qualidade dos azeites”, destaca Pedro Moura.

O azeitólogo e consultor, Marcelo Scofono, que acompanha a evolução dos azeites da Mantiqueira desde a primeira extração realizada pela EPAMIG em 2008, esteve em Maria da Fé (MG) e provou os azeites recém produzidos no sul de Minas. Segundo ele, a produção da safra de 2021 está excepcional e, em termos de sabor, não perde em nada para os grandes azeites do mundo.

“Estive em duas propriedades e provei os azeites extraídos em novembro, por meio de um fenômeno interessante de antecipação de colheita, e em janeiro. Na minha opinião, os azeites da região estão cada vez mais complexos nas suas características sensoriais, o que é muito bom. Como azeitólogo e provador de concursos, eu posso dizer que essa complexidade sensorial é uma característica buscada pelos especialistas. Há muitos azeites dessa região que já são premiados e esse potencial sensorial é exclusivo”, pontua Marcelo Scofono.

O estudioso dos azeites há quase 15 anos é também o delegado do Brasil no Salão Internacional do Azeite Extravirgem, evento que ocorre em Andaluzia, Espanha. Nos encontros com especialistas e apreciadores do mundo inteiro, Scofono garante que o “terroir” da Mantiqueira é cada vez mais apreciado internacionalmente, sobretudo por paladares mediterrâneos. 

“Nos azeites com a marca do território da Mantiqueira [“terroir”], encontramos cada vez mais diversidade e complexidade sensorial. Eu insisto em usar esses termos. São azeites com características frutadas verdes leves e médias. Neles a gente encontra notas que vão fazer com que esses azeites possam ser usados em uma salada, em uma carne grelhada e até mesmo em pratos mais condimentados. Sem falar da harmonização com os doces mineiros”, destaca o azeitólogo.

Os interessados em adquirir azeites da Serra da Manti-queira devem entrar em contato com a Associação dos Olivicultores do Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive) pelo email assoolive@gmail. com ou procurar pelos produtos em lojas especializadas. A EPAMIG é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
(por Imprensa EPAMIG)