A paraisense Glauce Mara Soares é graduada em Letras (Literatura Plena). Lecionou durante oito anos, a princípio no Ginásio Estadual Paraisense, depois, a convite do professor Alípio Mumic Filho na Escola Estadual Professor Benedito Ferreira Calafiori (Ditão), quando Mumic Filho assumiu a direção daquele estabelecimento.
Depois de residir por um ano no exterior, de volta à terra natal em agosto de 1991 ela adquiriu o Boticário. Trabalhava durante o dia na loja, e à noite lecionava. Diz ter se sentido lisonjeada com o convite do professor Alípio, mas o Boticário tinha uma programação que incluía reuniões em Belo Horizonte, Curi-tiba, além de eventos que precisava estar presente. Hoje em dia, reuniões passaram ser virtuais. “O ponto mais importante é que fui me apaixonando pelo Boticário, aconteceu algo interessante: pude viven-ciar em uma empresa aqueles valores que eu acreditava”, disse, explicando o que a levou a deixar de lecionar.
“Identifiquei-me, passei gostar do que estava fazendo. Algo excitante, trabalhar com perfumaria, era um mundo novo para mim”.
Assim, há praticamente trinta anos, Glauce que é filha do tradicional comerciante Sebastião Honório Soares e Aurora Radaelli Soares, deixou de lecionar para iniciar sua caminhada empresarial. “Vou completar trinta anos de Boticário em agosto. Quando olho para trás, sinto que minha vida foi muito norteada por esta empresa. Acho que se mesclam o profissional com o empresarial e o pessoal da gente, porque o que você vivencia na sua vida pessoal é que retrata na profissional. Então você tem que repassar estes valores para sua equipe e esse é meu grande trunfo. Fazer também o cliente perceber toda essa vivência, carinho e amor pelo produto que oferecemos, colocamos na praça, pela empresa que representamos. Isso para mim é meu principal capital”, pontua.
A primeira loja Boticário em Paraíso foi à Rua Dr. Placidino Brigagão, pequeno cômodo anexo à residência do senhor Renato Pimenta, quase na confluência com a rua Soares Neto. Estilo bem artesanal, com móveis cana da Índia. “Ficamos lá por alguns meses, porque o Boticário já exigia a padronização das lojas. Começamos procurar outro local para efetuar a mudança, e no dia 4 de novembro de 1991 inauguramos a loja modelo Classic, no prédio do Hotel Cosini. Instalações bonitas, com espelhos, balcões, estilo tradicional europeu. Permanecemos lá até 1998, e em 4 de novembro daquele ano inauguramos a loja interativa na rua Pimenta de Pádua, proximidades da Zip Calçados Banco do Brasil”.
Glauce explica ter sido outro momento do Boticário, que inovou, retirou balcões da loja “e passamos trabalhar bem tete à tete com o cliente, proporcionando experimentação, a possibilidade de tocar nos produtos que estava comprando. Podia experimentar texturas de creme, flagrâncias de perfumes. Havia na vitrine um provador grande. O grande objetivo daquele estilo de loja foi mesmo a interação do cliente com o produto”.
O Boticário, conforme explica, “é inovador em tudo o que faz e quando a ideia é lançada, de início às vezes assustamos. Foi o que ocorreu quando implantaram lojas sem os tradicionais balcões. Procuramos absorver todo o know how que nos foi passado e concluímos que são experiências fantásticas”.
A cada seis, sete anos, o Boticário inova no estilo de suas lojas. Alguns franqueados permanecem mais tempo, mas quando sai modelo novo meu consultor sabe que sou uma das primeiras a aderir e proceder a mudança, e “entro na fila”, diz Glauce Soares.
Ela salienta que há uma sequência para atendimento. Quando o modelo é aprovado já são estabelecidos fornecedores de móveis, vitrines, iluminação, marketing, há as empresas para desenvolverem, cada uma em sua área.
Existe cronograma para não sobrecarregar fornecedores porque substituições são feitas em todo o Brasil. Enumeram as lojas que são fechadas para reforma e há um programa no qual a data da inauguração é marcada.
Em 2007 o Boticário mudou-se da rua Pimenta de Pádua para o calçadão na Praça Comendador José Honório, já em novo modelo. Inte-rativa, mais elaborada, que propicia uma jornada sensorial para o cliente.
“Deu muito certo, foi retirado o balcão, e houve aproximação do cliente ao produto para que se sinta à vontade no interior da loja. É um self-service onde foi criada uma “jornada” de maneira que o cliente se sente convidado a conhecer toda a loja. A disposição do móvel é feita para isso. O cliente circula a loja, e esse é também o modelo adotado na filial na rua Pimenta de Pádua, inaugurada em 2011", explica Glauce Soares.
“A cada modelo, nova loja, temos que nos reinventar, e aí é que digo a importância da equipe que é incansável”, complementa.
Por mais fizéssemos trabalho de acolhimento ao cliente e o Boticário seja bastante democrático, não eram todos que entravam à loja. Nós os franqueados, temos vivência no dia a dia, e em convenções passamos isso para nossos direcionadores que compilaram informações e tomaram decisões acertadas, dentre elas a criação do sistema de venda direta.
Vendas então passaram a ser feitas por vendedoras indo até o cliente em sua residência, no local de trabalho, porque conforme foi identificado, muitos também não tinham tempo de vir à loja. Posteriormente esse sistema passou abranger municípios vizinhos.
Para normatizar, o Boticário adotou uma setorização, levando em conta a proximidade da loja física com outros municípios. Além de Paraíso a empresa de Glauce Soares atende pelo venda direta, São Tomás de Aquino e Jacuí.
Ela enfatiza que o Boticário trata com carinho seus franqueados, investidores que acreditam na marca. Somos um elo e há reciprocidade, troca de trabalho, respeito, confiança muito grande, afirma.
Quanto aos vendedores diretos, existe escalonamento, plano de cargos e benefícios em reconhecimento ao trabalho, fidelidade e exclusividade.
“É a equipe que está a meu lado que carrega isso comigo. Sem este pessoal e o cliente que é nosso objetivo, não estaria onde estou hoje. Sou só gratidão, por estarem comigo, e se apaixonarem pelo Boticário, como são” diz.
Glauce acrescenta que “isso lhe dá forças para sua vida pessoal, e vontade de melhorar cada dia mais”. Para mim é o maior desafio do empreendedorismo, conseguirmos trabalhar com a força humana, salienta.
Filiada à Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços há muitos anos, Glauce afirma “ver a ACISSP como a própria vida do empresariado. Um ponto de apoio, de encontro, e temos a sorte de ter Dr. Ailton Silos como presidente. Sempre pronto, disponível, lutando por interesses do comércio paraisense”.
Glauce cita a atuação da ACISSP “nas campanhas boas, verdadeiras, visando incentivar o consumidor paraisense comprar no comércio local. Dr. Ailton é um incentivador, para mim o maior empresário de Paraíso, um espelho para nós, grande empreendedor, idealista de coração. O empreendedor de fato, tem esta característica”, afirma.
Com a chegada da pandemia, o Boticário que sempre se esmera em tecnologia, tem utilizado todas as ferramentas possíveis para efetuar vendas online, em sintonia com o que o mercado pode oferecer no momento, conclui a empresária Glauce Mara Soares.