O empresário José Bertozzi, nascido em Itaquera zona leste de São Paulo, descendente de italianos, teve longa convivência com japoneses que eram maioria onde foi criado. Seu pai, Adriano Bertozzi era fruticultor, e dele vieram os primeiros ensinamentos, o gosto pela atividade na qual José Bertozzi se especializou. É o maior produtor de figo verde no País (quatrocentos toneladas por ano), e a fazenda no município de São Sebastião do Paraíso foi o embrião de onde nasceu a Tozzi Indústria e Comércio de Alimentos, que completa vinte anos de atividade em novembro e tem lugar de destaque em seu segmento em nível nacional.
Em São Paulo José Bertozzi produzia e comercializava adubo orgânico. “Vendi muito material orgânico para os senhores Luiz Tonin e Rodolfo Marinzeck, e surgiu a oportunidade de conhecer São Sebastião do Paraíso. Gostei de ver a cafeicultura, criei um vínculo com a cidade e pensei numa opção futura para residir com minha família, o que de fato aconteceu em 1985”, explica.
A loja e a propriedade em Itaquera foram mantidas, e José Bertozzi adquiriu uma fazenda em Paraíso. Ele destaca o trabalho de integrantes da família Milanezzi na implantação da fruticultura no município paraisense. “Os Milanezzi foram pioneiros, já plantavam figo aqui, e eu acabei plantando alguns hectares com pêssegos e o resultado foi muito bom, produzindo bastante. Eu saía às quatro da manhã para Ribeirão para entregar pêssegos no Ceasa. Só que surgiram problemas com vendas, pois algumas fábricas às vezes diziam que naquela semana não iriam comprar”, conta.
Havia perda de produtos que não serviam para mercado, e sugeri para diretores da Cooparaiso fosse montada uma agroindústria, e foi decidido seria em Jacuí, que era um polo Eu tinha minha plantação. Fui convidado a participar de reunião e surgiu a ideia do pêssego. Estavam reunidos em torno de 50 produtores, alguns dizendo que iriam plantar cinco alqueires, outros dez alqueires . “Meu Deus, como vou explicar para eles que um hectare de pêssego já não é fácil de ser cuidado. Sugeri que plantassem em torno de 500 pés cada um para irem aprendendo lidar com figo, para depois ir crescendo”, lembra Bertozzi.
O clima em Jacuí é bom e propício à fruticultura, e figos passaram a ser embalados em latas, semicozidos para indústria. E assim, gerenciado pela Cooparaiso, não tinha nada a ver comigo, começaram esse processo de industrialização que se fez por alguns anos e venderam muito figo da região. Mas com o tempo a fábrica parou. E me chamaram com a ideia de formar uma equipe de produtores para tocar a indústria.
Éramos 14 sócios, sendo quatro de Paraíso, e fui colocado como gerente, juntamente com um rapaz de Jacuí, e o Reginaldo que era funcionário da Epamig ajudava a administrar a fábrica. Não havia dinheiro, e encontrávamos dificuldade para vender, explica José Bertozzi.
“Eu vendia frutas para um moço de Porto Ferreira, Marcos José da Silva, que comprava, enviava para Ribeirão Preto para ser feito o doce e ele vendia com a marca dele. Ele adquiriu uma confiança em mim e disse que tinha interesse em ser sócio na fábrica em Jacuí, mas com a condição que queria adquirir 40% da empresa, a indústria produzisse apenas para ele, e que eu comprasse 20% da empresa. Os outros sócios não concordaram”.
Meu interesse era vender minhas frutas que sobravam da Ceasa. Participei da indústria uns três ou quatro anos. Os sócios que eram de Paraíso saíram, ficando somente o pessoal de Jacuí. Até chateado por ter saído da sociedade, quando passávamos aqui em minha propriedade o Marcos (de Porto Ferreira) me propôs, montar a indústria em minha fazenda. E questionou quanto eu poderia gastar. Em uma semana decidimos que ele entraria com máquinas que tinha, e eu com a estrutura. Começamos com o capital de R$ 150 mil cada um. Mas quando fomos comprar frutas não tínhamos capital”, recorda-se José Bertozzi.
Montada, a indústria passou a funcionar em 2001. A alternativa foi começar comprando poucas frutas, e prestar serviço para terceiros, porque eu conhecia proprietários de algumas e indústrias, e também fui apresentado ao pessoal da Predileta pelo senhor Luiz Tonin. Fomos crescendo e especializando em figos, e atualmente dominamos esse setor, de vez que praticamente todas as grandes empresas que embalam figos usam nossos serviços, salienta.
Depois de uns três anos de sociedade, Bertozzi viu a necessidade de ter marca própria dos produtos em Minas Gerais e vender no varejo. Mas a ideia não foi compartilhada pelo sócio que continuava com suas representações e vendas para o Estado de São Paulo, e propôs que venderia sua parte.
“Foi estabelecido o valor que era alto para a época, mas meu filho José Bertozzi Jr já havia se formado em Agronomia, e eu o convidei a participar da empresa. Eu tinha as frutas, a indústria estava em funcionamento. Fizemos a negociação, e passamos criar nossa própria marca”.
O Júnior assumiu a parte comercial, foi a outros países em busca de novas alternativas. Depois minha filha Regina se integrou à sociedade e o crescimento foi acontecendo. São meus sócios na fazenda e na indústria. Foi a maneira que encontrei para o crescimento da empresa, e um passo acertadíssimo, enfatiza José Bertozzi.
Regina Célia Bertozzi Zanin, formada em Odontologia, exerceu a profissão por alguns anos até assumir o setor administrativo financeiro da Tozzi Indústria e Comércio de Alimentos, que tem experimentado grande crescimento.
Em área construída de aproximadamente sete mil metros quadrados, contando com 120 funcionários (além de outros 30 na fazenda), são enlatadas anualmente quatrocentas toneladas de figo, produção própria, além do que é adquirido de outros produtores, quando necessário. “Somos os maiores produtores de figo verde do país”, diz José Bertozzi, ao explicar que a Tozzi gera também 800 empregos indiretos.
Dentre os 140 produtos de sua linha de produção, que inclui figo, pêssego, abacaxi, ameixa, cereja, champignon, entre outros, o carro-chefe tem sido azeitonas, industrializadas sem a adição de produto químico. Nossa produção é distribuída por redes atacadistas e chega ao consumidor através de prateleiras em seis mil pontos de venda no país. “Somos responsáveis por esta logística de distribuição, e isso ajudou a crescer a marca Tozzi”, enfatiza José Bertozzi.
Além de adquirir matéria prima no Brasil, a Tozzi tem fornecedores em outros sete países, e no processo de industrialização estabeleceu parcerias, prestando serviços para aproximadamente vinte empresas, e contando com serviços de parceiros também.
“Foi a decisão mais acertada em minha vida, deixar meus negócios em São Paulo e vir para Paraíso. Regina estava com 11 anos e Júnior com 8. É um sentimento que não tenho como explicar. Por dez anos, depois de minha vinda, mantive a loja e minha propriedade em São Paulo, não dependia financeiramente de minha atividade aqui em Minas. Fui muito bem recebido, e aqui centralizei meus empreendimentos”, disse o empresário José Bertozzi.
A sua experiência exitosa como fruticultor que teve os primeiros ensinamentos com o senhor Adriano Bertozzi, seu pai, tem sido passada adiante, e serviu de inspiração e modelo para alavancar a fruticultura no município paraisense. Comecei pouco depois dos Milanezzi aqui em Paraíso, encontramos dificuldades principalmente por falta de mão de obra especializada. Aprender, orientar, mexer com fruta não é fácil, é uma cultura específica, que não existia e cresceu muito no município, diz Bertozzi.
A vinda dos filhos Júnior e Regina deu novo impulso à empresa que em novembro completa vinte anos. José Bertozzi também enfatiza a importante participação da senhora Odete Relvas Bertozzi, sua esposa, sempre presente e participativa em todo o processo de crescimento.
“Sou muito grato a equipe de colaboradores pela dedicação ao longo desses anos, e alguns já estão conosco de longa data”, conclui José Bertozzi.