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Nova América de beneficiadora à multioperacional na área de café

Por: Nelson Duarte | Categoria: Cidades | 23-05-2021 07:22 | 2319
Aliomar Fernandes Sobrinho, gerente-geral da Nova América
Aliomar Fernandes Sobrinho, gerente-geral da Nova América Foto: Nelson Duarte

O empresário Rui Nogueira Porto Júnior em 1980 implantou em São Sebastião do Paraíso a Nova América Armazéns Gerais Ltda., empresa que tem se expandido, e abriu um leque em sua área de atuação, sendo referência quando se fala em café. É o que senhor Rui denominava de “multioperacional”, pois além dos armazéns gerais, exporta, conta com sua corretora Nogueira Porto, e é braço de uma cooperativa, a Coperlam – Cooperativa Agropecuária da Região Sudoeste Mineira e Alta Mogiana.

A Nova América está no ramo de café há mais de 40 anos. Fruto da visão futurista do empresário Rui Nogueira Porto Júnior, ela foi criada em 1977 em Campinas. A opção de dedicar-se a esse segmento certamente teve influência familiar. Seu pai tinha máquina de beneficiar café, e com um tio, no distrito de Nova América, Estado de São Paulo, ele iniciou na área de corretagem do produto. Trabalhou em uma cooperativa de cafeicultores em Campinas até montar sua própria empresa.

Em busca de expansão, adquiriu um apartamento onde foi montado um escritório na rua XV de Novembro, em Santos, praça tida como referência na comercialização de café. O próximo passo foi estar presente junto ao cafeicultor, na região produtora.

Rui Porto sabia da qualidade de cafés finos da região da Alta Mogiana e do Sudoeste Mineiro, e quis conhecer São Sebastião do Paraíso. “Conheceu a cidade e gostou. Levou em conta a localização estratégica, próxima a grandes centros que facilita a logística, divisa com São Paulo, e à época havia também o transporte ferroviário. E em 1980 a Nova América foi instalada em Paraíso”.

Quem relata é Aliomar Fernandes Sobrinho, gerente-geral da Nova América, que tem uma história de trabalho construída na empresa onde iniciou ainda em Campinas, como office boy, em 1982. A convite de Rui Porto veio para São Sebastião do Paraíso, aos 16 anos, em 1987. “Topei a missão, e acabei gostando mais daqui, que de minha terra natal”, disse.

O início da Nova América em Paraíso foi beneficiando café em coco para produtores. “Era uma tradição na cidade. Senhor Rui era empreendedor, pensava no futuro, e com sua experiência contribuiu para melhorar a qualidade de cafés que recebia, proporcionando maior ganho a produtores. A empresa foi gradativamente crescendo, vendo como funcionava, adquirindo gosto, as instalações se ampliaram o volume de café recebido aumentou, e se tornou uma referência”, lembra.

Aliomar destaca que o crescimento da Nova América se deve à postura correta adotada por Rui Porto na sua forma de agir, que sempre transmitiu segurança para quem entregava seu café para armazenagem e comercialização, bem como às empresas com as quais mantinha, e são mantidos negócios. Atribui também, a uma equipe comprometida com a empresa, que vem ganhando degraus em seu caminho. “Atuamos em todos os ramos, de ponta a ponta, desde o produtor até o café na xícara”, destaca.

Dotada de equipamentos e instalações de primeira linha, capacidade de recebimento de 340 mil sacas, preparo de cinco mil, embarque de 10 mil e desembarque de 10 mil sacas por dia, a Nova América conta com 47 colaboradores. No ano passado recebeu 286 mil sacas para armazenagem, e embora a atual safra não seja tão boa em termos de quantidade, por conta de menor carga nas lavouras devido à bienalidade do café, e efeitos de seca prolongada, Aliomar admite que mesmo assim, a empresa irá receber igual ou maior volume que em 2020. A explicação é que produtores de outros municípios, até mais distantes, têm depositado na Nova América.

Em boa parte a explicação se deve ao fato de São Sebastião do Paraíso ter se firmado como polo produtor e de comercialização de cafés finos, bandeira que ganhou novo impulso com o concurso que passou a ser realizado anualmente, e a credibilidade com a criação do “selo que assegura qualidade”, conhecida em todo o mundo, observa Aliomar.

Ele enfatiza o crescente volume de exportações, o que tem motivado a vinda de outras empresas para o município. “Outras mais vão se instalar aqui, e isso agrega muito para os cafés e cafeicultores de Paraíso, ajuda demais na composição de preços. A concorrência sadia faz com que as pessoas se mexam”, afirma Aliomar.

“A Nova América sente-se feliz em ter contribuído para com esse desenvolvimento, por sempre efetuar entregas de cafés de qualidade. Nossos armazéns são bons, nunca tivemos avarias em mercadorias”.

O empresário Rui Porto faleceu em 2013. Sua esposa Maria Eugênia Ramalho Porto assumiu a direção da empresa juntamente com seu sobrinho Alfredo Ramalho. “Em Campinas ela tem empreendimentos na área de hotelaria e estabelecimento de ensino, não atuava com café. Veio, assumiu o legado e a missão que Senhor Rui nos passou, querendo a continuidade da empresa. Adaptou-se a Paraíso, e o que é mais importante, além de dar continuidade está investindo, é uma empreendedora”, explica Aliomar.

O gerente da Nova América lembra que Rui Porto sempre foi muito próximo da Associação Comercial e Industrial, e amigo pessoal de seu presidente, Ailton Sillos. “Havia muita afinidade entre eles, trocavam ideias visando fortalecer o meio empresarial paraisense, os dois se entendiam muito bem. A ACISSP é uma referência em Minas, seu presidente é grande administrador”, disse.

De office boy a gerente geral da empresa, Aliomar se especializou como provador, classificador, e também na áreas de comercialização e tributária. “Tudo aprendi com senhor Rui, na Nova América, uma faculdade não apenas para mim, mas para todos que por aqui passaram e hoje estão em empresas nacionais e multinacionais. Ele conseguia ensinar a quem estava ao seu lado. Tinha visão futurista, enxergava bem adiante, e sempre pensou mais em seus semelhantes que nele próprio”, diz Aliomar.

“Quando o café entra na veia, é difícil de sair. O brilho do olhar é diferente. É a alquimia em você descobrir a bebida que seu cliente gosta”, conclui o gerente-geral da Nova América Armazéns Gerais.