POLE POSITION

A vez dos coadjuvantes

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 12-06-2021 14:39 | 961
A cena que rodou o mundo, de Verstappen chutando o pneu estourado que lhe tirou a vitória, nas ruas de Baku
A cena que rodou o mundo, de Verstappen chutando o pneu estourado que lhe tirou a vitória, nas ruas de Baku Foto: Getty Images

Duas batidas, zero ponto, mas ainda líder do campeonato. O final de semana foi complicado para Max Verstappen, no Azerbaijão, onde ele desembarcou como favorito à vitória, em Baku.

A Red Bull liderou os treinos livres da sexta-feira, e os números indicavam que havia sobra para a classificação e para a corrida. Mas no sábado, pela manhã, Verstappen bateu na curva 15. Pouco depois perdeu a pole para Leclerc e ainda foi superado por Hamilton.

Porém, não demorou para o holandês se colocar na liderança da corrida e ficar por lá até ser surpreendido pelo estouro do pneu traseiro esquerdo há quatro voltas da bandeirada. 

Verstappen atirou o volante do carro, chutou o pneu furado, socou o ar e estava deitado na cama do Centro Médico quando soube pelo celular, que Hamilton havia se dado mal na relargada, e também não pontuou. Mais aliviado com o infortúnio do adversário, e por continuar líder do campeonato, Verstappen apareceu para acompanhar a cerimônia do pódio e cumprimentar o companheiro, Sergio Pérez, pela vitória.

A classificação do campeonato passou pelo efeito gangorra nas últimas voltas do GP do Azerbaijão. Se vencesse, com Hamilton em 3º, Verstappen abriria 14 pontos de vantagem. Após o abandono, Hamilton poderia reassumir a ponta da tabela e ficar com os mesmos 14 pontos de vantagem se terminasse em 2º. Para sorte do holandês, ficou tudo como estava antes: 105 a 101. Já a Red Bull conseguiu abrir 26 pontos para a Mercedes.

O preâmbulo da ótima corrida, em Baku, é para ilustrar o quadro que está sendo pintado de uma das melhores temporadas da F1 dos últimos anos. A Mercedes não tem o mesmo poder de fogo de temporadas passadas, quando sequer tinha concorrentes, e a Red Bull está muito próxima e em franca evolução. A disputa está caminhando também para o campo psicológico. Hamilton disse que o carro da Red Bull era mais rápido em Baku, no que ouviu de Verstappen que, “se eu tivesse o carro dele (Hamilton), seria dois décimos mais rápido do que ele”. E emendou dizendo que “no geral nossos erros são menores”, numa clara alfinetada no pit stop lento da Mercedes no carro do inglês, e no erro do próprio Hamilton que acionou por engano um botão que distribui a carga dos freios, e passou reto na curva 1. 

Uma coisa está clara nesta temporada: de agora em diante, tanto Verstappen, quanto Hamilton, vão ter que contar com a ajuda de seus companheiros de equipe. 

No Azerbaijão, Sergio Pérez vinha desempenhando um papel importante enquanto Verstappen liderava, e depois do abandono do holandês, assumiu a responsabilidade de levar o carro da Red Bull até uma vitória merecida para o mexicano que teve um começo de campeonato complicado até começar a compreender, lá mesmo no Azerbaijão, o comportamento do modelo RB16B.

O mesmo não se pode dizer de Valtteri Bottas que não vem tendo uma boa temporada, e teve um péssimo final de semana nas ruas de Baku, quando largou apenas em 10º e terminou em 12º.

A Red Bull está tirando a Mercedes da zona de conforto. A equipe passou os últimos anos sem ser incomodada, e o que Bottas entregava dava para o gasto. A história agora é diferente, e o finlandês que está na marca do pênalti, terá que se desdobrar se quiser continuar onde está no próximo ano.  

No Azerbaijão, Hamilton se viu sozinho, contra a forte dupla da Red Bull.